Esta é a última vez que escrevo no JORNAL DE LEIRIA antes do Extramuralhas 2019, por isso quero aproveitar para "desvendar" a simbologia do seu cartaz. O seu fundo castanho representa a terra, o solo.
Optámos por essa cor porque foi com gente nascida e criada nesta terra, de pés bem assentes neste solo, que foi erigido um dos festivais mais ímpares do país e da Europa.
A faixa vermelha que o atravessa na vertical simboliza a vida, a vitalidade, e pretende revelar que o festival e as pessoas que o concretizam nunca estiveram tão vivos. Nessa faixa vermelha está inscrito um "10" rodeado por quatro barras.
O "10" marca, naturalmente, a décima edição de um festival que chega aos dias de hoje sem qualquer interregno ou hiato, mesmo quando ficou, ainda que circunstancialmente, sem o seu "palco natural" – o Castelo de Leiria.
A pequena barra por debaixo do 10 simboliza o passado, glorioso, pelo menos para nós. As duas pequenas barras contíguas ao algarismo simbolizam o presente. A barra mais comprida na parte superior do número simboliza o futuro que, haja saúde, se anseia ainda de maior longevidade e glória.
Quando começámos esta aventura, sabíamos que [LER_MAIS] tínhamos argumentos suficientes para ser um festival de culto ou de nicho. Há quem desvalorize isso porque há quem meça a dimensão das coisas apenas pelos números e nunca pela substância dos argumentos ou pela qualidade dos intervenientes.
Nós não nos regemos pela lógica dos festivais de massas, senão nunca teríamos feito um evento desta escala num castelo muralhado e limitado a 737 pessoas por dia.
Hoje, no Extramuralhas, embora tenhamos espectáculos de acesso grátis a milhares e milhares de pessoas, mantemos a mesma linha programática do Entremuralhas.
Ou seja, nunca desvirtuámos o nosso objectivo: trazer a Portugal os artistas que mais admiramos e partilhá-los com quem os queira viver/conhecer connosco. E é essa fidelidade à filosofia inicial do projecto que nos continua a granjear tanta admiração.
Só assim é possível continuarmos a "doutrinar"; só assim é possível atrairmos mais e mais fieis à nossa causa: "Há sempre janelas e portas para abrir, há sempre novos caminhos para desbravar, e há sempre gente que só se sacia nessa busca sem cessar".
*Presidente da Fade In