Começou a funcionar nas instalações do antigo Liceu Rodrigues Lobo, onde actualmente estão instaladas algumas secções do tribunal de Leiria. “Na altura da instalação desta escola, o interior do edifício pouco mais era do que um montão de escombros, restos desoladores de obras aí iniciadas, mas não terminadas”, refere a página da escola D. Dinis, agora agrupamento, citando palavras do director à época.
O edifício tinha apenas oito salas de aula, dois laboratórios, duas salas de trabalhos manuais e um pequeno ginásio, tendo de estender-se por uma secção a funcionar no velho seminário e mais tarde, a partir de 1975, por vários pavilhões pré-fabricados que se foram progressivamente instalando junto à margem do rio Lis.
Em 1979, o estabelecimento passou a Escola Preparatória de Leiria, passando depois a Escola C+S de Leiria e Escola C+S D. Dinis. O crescimento da população estudantil obrigou à mudança de instalações, o que se viria a verificar no ano lectivo de 1982/83, onde ficou até hoje.
Até 1994, o espaço era constituído apenas por quatro pavilhões dispersos (três de salas de aulas e um polivalente) e um pavilhão gimnodesportivo. No final desse ano lectivo foi construído um pavilhão pré-fabricado com três salas de aula.
“Hoje, a escola denomina-se Escola Básica dos 2.º e 3.º ciclos D. Dinis, mantendo-se o mesmo patrono em homenagem ao rei que marcou notoriamente a história e cultura da região. É nela que está instalada a sede do Agrupamento de Escolas D. Dinis, criado em 2004.”
Situada no núcleo urbano da cidade, “numa primeira fase, o epíteto de elite era muito usado para caracterizar os seus alunos”, adianta o director Jorge Camponês. “Na verdade, a população escolar reflectia um enquadramento sócio-económico familiar abastado, mas a escola sempre encarou todos os alunos igualitariamente. As mesmas oportunidades para todos, sem distinções”, sublinha.
O director, que foi aluno desta escola, garante que hoje a D. Dinis é, “claramente, multicultural”. “A escola mantém a mesma intenção pedagógica inclusiva e eclética na sua oferta, não obstante a realidade social e económica dos alunos se ter alterado bastante.”
Segundo Jorge Camponês, “existe uma grande diversidade cultural”, com alunos de “inúmeras nacionalidades e de diversas influências culturais”.
“Nesse aspecto, acredito que somos muito mais ricos hoje, pois a multiculturalidade enriquece e fortalece a nossa oferta pedagógica. Torna- nos mais atentos, tolerantes e solidários para com o outro. Sinto um enorme orgulho quando, por exemplo, visito a EB1 Arrabalde, onde observo a salutar convivência entre alunos de tão distantes e diversas proveniências”, destaca.
Jorge Camponês recorda que, apesar da sua deficiência, nunca se sentiu discriminado, mesmo quando era aluno. “Há coisas que se mantêm, nomeadamente o carácter humanista e de inclusão. Sempre fui deficiente motor e nunca senti nenhuma diferença. Os valores são transportados de geração em geração. Os próprios [LER_MAIS] professores recebem os colegas de uma forma que os faz sentir parte do grupo.”
Bora lá envolve alunos
Durante largos anos a EB 2/3 D. Dinis, destacou-se como uma referência no Desporto Escolar. “Detém inúmeros títulos em várias modalidades.” Um outro projecto que é o espelho da escola é o Clube Europeu, que a D. Dinis desenvolve desde a primeira edição.
A direcção que Jorge Camponês dirige lançou este ano um novo desafio aos alunos: Bora lá, a escola é tua. Este projecto desafia os alunos a fazerem a diferença na comunidade. É da responsabilidade dos estudantes a concepção da ideia até à sua execução.
“Podem tratar dos canteiros, pintar salas, organizar palestras e peças de teatro ou promover recolhas solidárias. A escola é de todos e queremos que sejam os alunos a contribuir para a sua melhoria.” Recentemente, a D. Dinis viu também ser aprovada a candidatura ao programa Erasmus – Acção Chave 1.
“Acreditamos que o conhecimento e o intercâmbio com outras realidades educativas e culturais é essencial para a melhoria das aprendizagens.” Mas são muitos os projectos desenvolvidos no agrupamento e que o diferenciam de outras escolas da região.
“A qualidade e abrangência do serviço de educação bilingue de Língua Gestual Portuguesa, cujo trabalho se estende do 1.º ao 3.º CEB, com evidente sucesso na inclusão escolar e social destes alunos. No 1.º CEB desenvolvemos um projecto de música complementar ao currículo para os 1.º e 2.º anos (Arrabalde)”, revela o director.
Ao longo dos 50 anos desde que a escola preparatória foi criada, a mudança para as novas instalações, em 1982, foi um dos marcos mais importantes da sua história.
Jorge Camponês destaca ainda a formação do Agrupamento de Escolas D. Dinis, em 2003, com a integração dos Jardins de Infância da Barosa, Capuchos e Guimarota, e as EB1 Amarela, Arrabalde, Barosa, Branca, Capuchos e Guimarota, assim como a Educação e Formação de Adultos nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e o serviço de educação bilingue de Língua Gestual Portuguesa.
A D. Dinis nunca ocupou um lugar de destaque nos rankings nacionais. Mas os resultados estão sempre acima da média nacional. “Contudo, existe sempre margem para a evolução. Uma educação apenas assente em resultados serve o imediato, nunca o longo termo. Desde sempre que a nossa intenção foi a formação integral dos alunos, como homens e mulheres com carácter humanista, inclusivo, livre, responsável, crítico, cosmopolita, criativo e empreendedor”, frisa Jorge Camponês.
O director aponta o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória como exemplo de quais “aprendizagens essenciais devem ser valorizadas na avaliação dos nossos alunos de hoje” e que “não se cingem, e ainda bem, aos resultados nos exames”.
Aliás, para o docente, um dos principais problemas da educação do século XXI é a “adaptação das escolas e professores a uma nova realidade, designadamente na leccionação de aulas e transmissão de conhecimentos a alunos que, à distância de um ‘click’, têm acesso a toda e qualquer informação (ainda que, muitas vezes errada)”.
Obras precisam-se
Telhados de amianto, isolamento térmico e acústico deficiente, qualidade das salas de aula, balneários, recreios e sanitários são preocupações que têm levado todas as direcções, ao longo dos anos, a enviar relatórios anuais, com fotografias e problemas identificados, à Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares e à Direcção-Geral da Administração Escolar. “Desde 1982 que não há obras profundas na escola sede do agrupamento.”
Ou seja, desde que a escola preparatória se instalou em definitivo na Rua Dr. João Soares, ao lado da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais. Toda a infra-estrutura, constituída por diferentes blocos, mantém-se de origem. As intervenções são pontuais.
O pavilhão foi remodelado, depois de pais e alunos fecharem a escola a cadeado, numa atitude de desespero face à inoperância da tutela perante as fissuras de fibrocimento no telhado e do chão apresentar- se deteriorado.
é o número de utilizadores da biblioteca escolar, nos dois primeiros períodos de2018/2019. Este número supera os 7400 estudantes que passaram por este serviço durante todo o ano lectivo de 2017/18. “Demos um novo colorido à biblioteca e abrimos à hora do almoço, o que tem permitido a vinda de muitos alunos para este espaço. Também existe uma coordenação pedagógica entre a biblioteca e os diferentes departamentos”, explica Jorge Camponês