O desejo de “conhecer melhor o mundo” fez com que, desde cedo, Diana Saturnino quisesse ser cientista. Natural de Alcobaça, licenciou-se em meteorologia, oceanografia e geofísica, mas acabou por enveredar pelo geomagnetismo, a área da ciência que se dedica ao estudo do campo magnético da Terra. É, desde 2018, investigadora no Laboratório de Planetologia e Geodinâmica (LPG) da Universidade de Nantes, em França, onde trabalha dados de satélite recolhidos pela missão Swarm da Agência Espacial Europeia (ESA).
Diana Saturnino explica que esta é uma missão “destinada ao estudo do campo magnético terrestre”, sendo composta por três satélites que fazem medidas “em simultâneo, entre 400 a 500 quilómetros de altitude”. O trabalho da investigadora consiste na “recolha, tratamento e análise” dessas medidas, utilizadas para “construir modelos matemáticos que explicam a evolução do campo magnético”, ajudando “a perceber como ele se gera no interior da Terra, como tem evoluído e como poderá evoluir no futuro”, mas também contribuindo para “conferir e/ou testar a veracidade cientifica dos modelos/teorias” da geofísica sobre esta matéria.
Segundo a investigadora, esses modelos matemáticos, concebidos a partir dos dados recolhidos pelos satélites da missão Swarm, são usados não só “por grupos de investigação que, por qualquer motivo precisam de conhecer as característica do campo num certo local (no espaço e no tempo)”, mas também para a navegação em navios e aviões.
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“uma ideia” de querer cientista e de “conhecer melhor o mundo”. Na hora de escolher o curso, a primeira opção foi a licenciatura em meteorologia, oceanografia e geofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que concluiu em 2010.
“Na altura, estava interessada em estudar meteorologia, mais especificamente os tornados e tempestades. Sempre tive um interesse pelas ciências físicas e o estudo dos fenómenos terrestres como os sismos ou os vulcões”, recorda. No entanto, durante o curso acabou por “tomar o gosto” pelo geomagnetismo, confirmado depois com o mestrado em ciências geofísicas e pela oportunidade de fazer doutoramento nesta área, já no LPG da Universidade de Nantes.
Se a área do doutoramento foi uma opção natural, já a escolha do laboratório resultou “um pouco do acaso”. “A minha orientadora de tese de mestrado, a professora Alexandra Pais, da Universidade de Coimbra, teve conhecimento que existia um contracto aberto para doutoramento na área do geomagnetismo nesse laboratório de investigação, com o qual ela tinha colaborações. Candidatei-me ao lugar e fui escolhida”, conta Diana Saturnino. Em 2012, mudou-se para Nantes, “sem nunca antes ter posto os pés em França, nem saber falar francês”, mas com a garantia de um vínculo laboral.
“Em França, um doutorando assina um contrato de trabalho como outro qualquer, fazendo mesmo os descontos para a reforma”, frisa a investigadora que, entre 2016 e 2018, fez o pós-doutoramento na Tecnical University of Denmark (DTU), em Copenhaga, Dinamarca, regressando depois como investigadora ao LPG.