Desde dia 18 de Maio foram vários os restaurantes da região que decidiram reabrir portas. Ao JORNAL DE LEIRIA os proprietários explicaram que os clientes estão a regressar aos poucos, que as regras decorrentes da pandemia estão a ser cumpridas, e que falta agora esperar que o público recupere, gradualmente, confiança para desconfinar também nos espaços de restauração.
Fátima Neves, proprietária do restaurante A Grelha, de Leiria, diz que o negócio está a correr bem, dentro daquilo que era o esperado. “Temos muito poucos clientes ainda e o regresso vai ser lento”, estima a empresária. Tal como impõem as novas directrizes, “agora só ocupamos metade dos lugares, higienizamos os locais muito mais vezes ao dia, mantemos todos os funcionários de máscara ou viseira, passámos a compor a mesa apenas quando os clientes chegam e, por nossa iniciativa, fizemos testes à covid-19 a todos os funcionários que já regressaram ao trabalho”, especifica Fátima Neves, para quem tudo isto “não é excesso de zelo”.
“São as medidas indicadas. Só assim resulta”, acredita a proprietária deste restaurante, que já foi visitado pela delegada de saúde pública e verificou que “está tudo bem”. “Nunca foi tão seguro como agora comer num restaurante”, salienta a empresária.
Também em Leiria, O Casarão reabriu dia 19 de Maio com o público a aparecer timidamente, relata o gerente, Dinis Rodrigues. Ao fimse-semana nota-se maior movimento, “que não é, mesmo assim, o movimento habitual”, ressalva o responsável. É preciso aguardar que as pessoas readquiram confiança, considera Dinis Rodrigues. “Além disso, há pessoas que estão em layoff, pessoas que estão ainda em teletrabalho e tudo isso se reflecte”, observa. A proibição das refeições em grandes grupos também tem impacto forte num restaurante onde os eventos têm peso, acrescenta o gerente.
Uma das opções dos últimos dias têm sido as refeições servidas no exterior. Tem sido uma alternativa com adesão, relata Dinis Rodrigues.
Até agora O Casarão não recebeu nenhum tipo de fiscalização. Mas está a seguir à risca as orientações das empresas que lhe prestam consultoria de apoio à implementação de sistemas HACCP. “Os custos para servir uma pessoa são actualmente consideravelmente maiores”, compara o gerente, lembrando, por exemplo, a grande quantidade de acções de higienização agora necessárias.
Quer o Casarão quer o Manjar dos Sabores e o Meeting, [LER_MAIS]geridos por Nuno Pereira, obtiveram o selo Clean and Safe, do Turismo de Portugal, uma insígnia que implica o cumprimento de todas as regras impostas pela Direcção-Geral de Saúde. “Reduz-se a capacidade a 50%, afastam-se as mesas dois metros, fazem- -se mais desinfecções, usa-se máscara, aumenta-se a formação dos colaboradores e nada é deixado ao acaso”, salienta o responsável.
“As pessoas tiveram redução de vencimento, outras perderam o emprego e não voltam a tomar refeições fora de um momento para o outro, quando durante tanto tempo lhes foi incutida a necessidade de confinamento”, reconhece Nuno Pereira, para quem é muito importante que os restaurantes “vendam” agora esta imagem de segurança. Auditados por entidades externas, os seus espaços ainda não foram fiscalizados. Mas o gerente defende que “a fiscalização é um mal necessário”, e que todos os estabelecimentos do sector têm de se reger actualmente pelas mesmas normas.
Público ainda preocupado, mas mais relaxado
Visitado pela delegada de Saúde Pública de Leiria no primeiro dia de regresso ao trabalho, a 19 de Maio, o restaurante Ao Largo, no centro de Leiria, recebeu alguns conselhos sobre a nova forma de trabalhar durante a pandemia e, refere Joana Areia, gerente, foi com satisfação que verificaram que tudo está a correr bem. Comparativamente aos meses que antecederam a pandemia, o movimento actual é diferente, reconhece Joana Areia.
No entanto, constata a gerente, é com entusiasmo que verifica que,dia após dia, há mais gente que volta ao restaurante. “Continuam a preferir o espaço exterior. Por vezes a esplanada está cheia e o interior vazio”, salienta a responsável. No entanto, Joana Areia está animada com a atitude dos clientes. “Desinfectam-se, usam máscara, continuam preocupados, mas mostram-se um pouco mais relaxados. Estão a sair sem que a covid-19 domine as suas vidas”, relata Joana Areia. “São pequenos sinais de esperança”, salienta.