São já quase três meses sem provas de trail. É uma área onde os atletas não terão tido dificuldade em continuar a treinar, já que as serras, os montes e os vales nunca foram locais de grandes concentrações.
Mas quem realmente gosta deste mundo sente inevitavelmente falta daquela adrenalina que, no fundo, é o que os motiva a tão grandes esforços.
As concentrações continuam vedadas pela Direcção-Geral da Saúde, é bem verdade, mas a empresa de cronometragem e organização de eventos desportivos Recorde Pessoal, juntamente com a Associação Distrital de Atletismo de Leiria, decidiu criar um evento para todos aqueles que têm treinado, cumprido os planos, mas que sentem uma enorme falta de um desafio.
Rui Ferreira, da organização, tinha, há pouco tempo, levado a cabo uma prova de ciclismo na plataforma Zwift, disputada sobre rolos, que foi “um sucesso”.
“Como o pessoal do atletismo não está tão habituado a ter material como passadeiras em casa, pensei que seria interessante colocá-los a correr na serra.” E foi assim que nasceu o Desafio Virtual Vertical, uma prova gratuita em que apenas será necessário o registo do atleta.
A prova, que se pretende de nível nacional, não terá classificações nem vencedores, mas três patamares que os atletas tentarão chegar.
Não havendo concentração de pessoas, cada um correrá onde e quando quiser, mas para chegar ao primeiro patamar terá de atingir 5 mil metros de desnível positivo acumulado ao longo em cinco semanas, entre as 00:01 horas de domingo, 31 de Maio, e as 23:59 de 5 de Julho.
O segundo patamar estará nos 8 mil metros e o terceiro nos 12 mil metros, “um nível já bastante interessante e que não será fácil de atingir”, afirma Miguel Saraiva, responsável pela secção de trail da Associação Distrital de Atletismo de Leiria.
“Tem todo o interesse, numa fase destas, fazer algo que promova o exercício físico na vertente do trail e permita o reiniciar das actividades nos clubes. [LER_MAIS]Os atletas não estiveram parados, mas o Desafio Virtual Vertical servirá para voltarem a associar-se”, explica o ultra-atleta, que vai aceitar o desafio, mas sem alterar minimamente a preparação normal. Os treinos servirão para acumular o desnível positivo. “Acredito que é esse o objectivo, mas há pessoas que gostam de competição.”
Ora, cada atleta que consiga chegar a um patamar terá direito a uma medalha consoante o nível de desafio alcançado. Poderá realizar o desafio em qualquer parte do Mundo e quando quiser. Não há track nem local de encontro.
Todos os atletas inscritos, que poderão utilizar qualquer uma das aplicções disponíveis no mercado, deverão fazer chegar à organização todos os seus treinos por e-mail, com o respectivo track. “É, acima de tudo, um desafio que o atleta faz a si próprio. O pessoal do trail desafia-se com a dureza e acredito que vai ter uma boa aceitação”, conclui Rui Ferreira.