Completam-se hoje dois anos que foi conhecida a proposta vencedora do concurso de ideias para o Centro de Actividades Municipal de Leiria (pavilhão multiusos), da autoria do arquitecto Pedro Cordeiro. Dois anos volvidos, ainda não se vislumbra a abertura do concurso internacional para a empreitada e, muito menos, o início da obra.
Este parece, aliás, ser um assunto tabu para o actual presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, que herdou o processo de Raul Castro, o grande impulsionador do projecto. Quando questionado sobre o ‘dossier multiusos’, seja nas reuniões de executivo ou nas sessões da Assembleia Municipal, Gonçalo Lopes tem sido parco em declarações.
O mesmo aconteceu na resposta dada ao pedido de esclarecimentos feito pelo JORNAL DE LEIRIA sobre o ponto da situação do projecto. “O processo encontra-se em análise”, foi a resposta dada pelo Município, que acrescentou ainda que “falta analisar cuidadosamente, em múltiplas vertentes, as complexas especificidades de um projecto desta natureza, tendo em conta a sua dimensão e impacto, quer na vertente técnica e estimativa de custo”.
Sem resposta ficaram as perguntas se na fase de concepção do projecto houve alterações ao caderno de encargos do concurso e se, face ao dilatar no tempo do processo, há o risco de caducidade dos pareceres já dados pelas várias entidades.
A Câmara também não respondeu se a estimativa de custos da obra se mantém nos 12 milhões [LER_MAIS]de euros. Este é, aliás, um ponto que, desde o início, mereceu muitas dúvidas da parte dos vereadores da oposição, que não acreditam ser possível fazer uma obra desta natureza por menos de 1000 euros o metro quadrado, sendo que a proposta apontava para 600 euros.
“Se o custo real for superior a 15 milhões de euros, qual será a decisão da Câmara?”, questionou Fernando Costa (PSD), em Fevereiro de 2018, no dia em que foi conhecido o resultado do concurso de ideias. “Se ultrapassar em 5%, pode aceitar- se. Se for além disso, terá de ir abaixo”, respondeu o então presidente da Câmara, Raul Castro, desconhecendo- se a posição de Gonçalo Lopes.
Na última sessão da AM, foi aprovada uma revisão orçamental para introdução do saldo de gerência registado pelo Município no último ano, que contempla um reforço de 1,5 milhões de euros da verba inscrita em orçamento para o Centro de Actividades Municipal, que era de 303 mil euros.
Na ocasião, Pereira de Melo, da bancada do PSD, questionou Gonçalo Lopes se pretende, de facto, construir o pavilhão, até agora “perfeitamente transparente”. “Se o multiusos não avança, o PSD tem de ficar satisfeito. Se não o defende, porque está preocupado em avançar com a obra?”, respondeu o presidente da Câmara.
Este reforço surge depois de na apresentação feita durante a sessão de abertura do Ano Municipal, em Janeiro deste ano, não ter sido feita qualquer referência ao multiusos.