A pneumonia comum mata pelo menos 16 pessoas por dia em Portugal e na Europa morrem por mês, em média, mais de 11 mil pessoas, segundo dados divulgados no final do mês passado.
Numa altura em que um novo coronavírus matou por pneumonia na China mais de 1700 pessoas, dados publicados nacional e internacionalmente mostram que há mais de 400 mortes por pneumonia em Portugal todos os meses, em média, na população adulta, refere a agência Lusa.
O conjunto das doenças respiratórias em Portugal provoca cerca de 40 mortes por dia, sendo que quase metade das 13 mil mortes anuais é causada por pneumonia. O mais recente relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, apontava para mais de 14 mil mortes por doenças respiratórias em Portugal.
No panorama europeu, Portugal surge como um dos países onde mais se morre por pneumonia, doença que na Europa mata cerca de 140 mil pessoas, segundo dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
As doenças respiratórias são, desde 2015, a terceira causa de morte em Portugal, logo após o cancro, sendo responsáveis por 19% de todas as mortes ocorridas. Estima-se que, em 2020 no mundo, as doenças respiratórias sejam responsáveis por cerca de 12 milhões de mortes.
Também a gripe é uma doença que provoca mortalidade, tendo levado à morte de cerca de 3.000 pessoas em Portugal só na época gripal de 2018/2019, segundo dados oficiais do Instituto [LER_MAIS]Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Amália Pereira, membro do grupo de actuação do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) em caso de coronavírus, e coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos, explica que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) “estima que a cada ano até 40 mil pessoas na União Europeia, Reino Unido, Noruega, Islândia e Liechtenstein morrem prematuramente devido a causas associadas à gripe, mas embora haja poucos dados disponíveis descobertas preliminares indicam que é menos fatal que o coronavírus SARS (síndrome respiratória aguda grave).
Desde que o Covid-19 se tornou conhecido, a população está alarmada com a transmissão deste vírus. Amália Pereira afirma que “existem incertezas consideráveis na avaliação do risco, devido à falta de análises epidemiológicas detalhadas”.
Contudo, “face aos dados disponíveis, não há motivo para alarmismos”.
Lembrando que o Covid-19 é “uma nova cepa de coronavírus”, a médica constata que os “surtos de novas infecções por vírus entre as pessoas sempre preocuparam a saúde pública, especialmente quando há pouco conhecimento sobre as características do vírus, como ele se espalha entre as pessoas, qual a gravidade das infecções resultantes e como tratá-las”.
“Como em outras doenças respiratórias, a infecção pelo Covid-19 pode causar sintomas leves, incluindo coriza [inflamação da mucosa nasal, acompanhada eventualmente de espirros, secreção e obstrução nasal], garganta inflamada, tosse e febre e dificuldade respiratória.
Ou mais grave, nomeadamente pneumonia. Mais raramente, a doença pode ser fatal. Pessoas idosas e com condições médicas pré-existentes crónicas parecem ser mais vulneráveis a ficar mais gravemente doentes com o vírus”, esclarece a também adjunta da direcção clínica do CHL. Segundo Amália Pereira, o risco de infecção pelo Covid-19 para a população na Europa é “muito baixo”.
Mas,”o risco desta mesma população viajar/residir em áreas com transmissão comunitária presumida é alto”, segundo o ECDC. A especialista admite que ainda não existem “informações epidemiológicas suficientes para determinar com que facilidade e sustentabilidade esse vírus se espalha entre as pessoas”.
“O vírus parece ser transmitido por contacto directo com as gotículas respiratórias que as pessoas espirram, tossem ou expiram, ou através das mãos por contacto com as secreções. Portanto, a etiqueta respiratória e a lavagem frequente das mãos tal como para a gripe sazonal é a principal medida profiláctica para impedir o mecanismo de transmissão da doença”, aconselha, explicando que se deve espirrar ou tossir para o cotovelo flexionado ou usar um lenço de papel, descartando-o para um caixote fechado.
“A lavagem das mãos deve ser feita com água e sabão durante 20-40 segundos ou com soluções alcoólicas próprias com 60-85% álcool.” Amália Pereira salienta ainda que a OMS (Organização Mundial de Saúde) e o ECDC “não preconizam o uso de máscaras médicas na comunidade aconselhando o seu uso racional”.
As máscaras só devem ser usadas se tiver sintomas respiratórios (tosse ou espirro), suspeitar de infecção com sintomas leves ou se estiver cuidando de alguém com suspeita de infecção por Covid-2019.