Ainda não são 9 horas de sexta-feira e já o placard colocado junto à portaria do Hospital de Santo André (HSA), em Leiria, informa que os quatro parques de estacionamento estão com a lotação completa. Junto às cancelas vão-se acumulando carros em espera.
Só para entrar no parque três, o maior, há mais de 20 viaturas a aguardar. “Não é um dia mau”, dizem alguns utentes. É que, explicam, nos piores dias a fila chega até à entrada do parque 2, como aconteceu na segunda- -feira seguinte, quer ao início da manhã, quer ao princípio da tarde.
O problema não é novo, mas tem vindo a agudizar-se com o alargamento da área de influência do hospital e com o aumento da actividade assistencial, registada nos últimos anos ao nível, por exemplo, das consultas externas ou do hospital de dia.
O Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) reconhece o problema e até já tem uma solução em vista: a construção de um silo, com a colocação de uma placa por cima do parque poente (número 3), que permitirá criar mais 220 lugares.
A obra foi incluída no concurso público para a nova concessão do estacionamento, procedimento que está a decorrer, não havendo, para já, data para a sua concretização. Enquanto isso, a paciência dos utentes vai sendo testada, com esperas, mais ou menos longas, para conseguir um lugar.
“Um pandemónio”
“Há dias que é um desespero. Um pandemónio”, desabafa Carla Rei, da [LER_MAIS] Marinha Grande, que o JORNAL DE LEIRIA encontrou, no passado dia 7, na fila para aceder ao parque 3. Conta que já tinha esperado cerca de meia hora. Enquanto isso, o sogro, que “anda de muletas”, aguardava sozinho na zona da consulta externa. “Todos os meses venho ao hospital, pelo menos, duas vezes. Perco imenso tempo. Eu e os outros. Já era tempo de se fazer um parque subterrâneo ou colocar mais um piso nos existentes”, defende.
O “sacrifício” pelo qual Carla Rei passa duas vezes por mês é sentido quase todos os dias por Susana Fatela e Fátima Martins, funcionárias do hospital, que, quando entram no turno das 9:30 horas, chegam “uma hora antes”. “Há muitos dias em que, às 9 horas, as filas já chegam à entrada [do hospital]”, relatam as funcionárias, contando que, devido à situação, os atrasos dos utentes às consultas ou exames são “frequentes”, “sobretudo, às segundas, terças e quartas-feiras”.
Para Susana Fatela e Fátima Martins, a solução passa pela construção de mais um piso no parque poente. “Se aumenta o número de consultas, é óbvio que aumenta a necessidade de estacionamento, porque para muitas pessoas é complicado vir de transportes públicos”, alegam.
Não é o caso de Sónia Pereira, que reside na Marinha Grande e que costuma recorrer ao autocarro para se deslocar ao hospital, como aconteceu no dia em falou com o JORNAL DE LEIRIA, também porque, alega, não tem carro. “Tinha um exame às 9:45 horas e vim no autocarro das 8:15 horas até à rodoviária. Depois, vim a pé”, conta a mulher, reconhecendo, contudo, que esta não é uma solução fácil para muitos utentes.
“Vir de autocarro é complicado, porque há poucas ligações e os horários não são os mais ajustados”, atesta Adriano Sousa, de Alcobaça, que, normalmente opta por estacionar no terreno existente junto à rotunda das Olhalvas e que funciona como parque. Naquela sexta-feira, como chegou antes das 9 horas, ainda tentou a sorte dentro do hospital, mas, como as filas “já chegavam à porta”, acabou por sair e foi aparcar naquele terreno, que é privado.
Concurso inclui silo
Reconhecendo o problema, o CA do CHL adianta que, no âmbito do concurso público para a nova concessão do estacionamento, foi incluída a construção de um silo, com capacidade para cerca de 220 automóveis, cujos custos serão suportados pela entidade concessionária dos parques. Questionado sobre quando avançará a obra, o CA não se compromete com uma data. “O concurso público está a decorrer, não sendo possível nesta fase saber quando se estima a concretização da obra”, refere a resposta enviada ao JORNAL DE LEIRIA.
Naquele esclarecimento, os representantes do CHL adiantam ainda que, no âmbito do procedimento concursal, “está prevista a construção de um parque de estacionamento provisório, a construir em terreno existente nas imediações do HSA, e que funcionará durante o período de construção do silo de estacionamento e implantação da totalidade da concessão.
A administração refere ainda a existência do Mobilis, que passa no recinto do hospital e cuja utilização por utentes e profissionais do CHL “se pretende intensificar”.