António Santos, que o País melhor reconhece como homem-estátua, e que já correu boa parte do mundo com as suas performances, estará em breve de volta à região, para levar a literatura à rua. De acordo com Inês Silva, vereadora da Cultura da Câmara de Alcobaça, estão a ser estabelecidos contactos com os programadores do festival para que, em Outubro, várias figuras relacionadas com o mundo dos livros saiam à rua no âmbito do Books & Movies.
“Será com muito gosto que vamos acolher esta iniciativa”, que transformará uma mão cheia de personagens da literatura em estátuas vivas na cidade, salienta Inês Silva. António Santos é natural de Pisões, em Leiria, mas é conhecido em diferentes latitudes, onde tem dado a conhecer a sua arte da quietude.
Nasceu dia 1 de Agosto de 1962 numa família de operários e camponeses. Na juventude foi para a Universidade de Coimbra com o propósito de estudar Matemática. Mudou de curso, para Geografia, e viria a mudar de estudos uma vez mais, para Geologia, um curso que, por muito pouco, não chegou a completar.
Foi-lhe entretanto diagnosticada neurodermite e, por recomendação médica, rumou para França onde começou a praticar meditação. Acabaria por ser esta doença a grande responsável pelo seu primeiro contacto com a quietude. Em 1987, arriscou-se a fazer a sua primeira performance de estátua viva, que era uma grande novidade, já que nada do género se tinha visto assim na rua. Só no teatro e no cinem. E quando em 1988 viu a sua arte inscrita pela primeira vez no Guiness Book percebeu de imediato [LER_MAIS]que seria esta a sua carreira profissional.
Para o homem estátua abraçar esta arte implica gostar muito. Só assim é possível estar tanto tempo quieto, o que tem o seu lado artístico, mas também exige um enorme esforço físico. Entre 1988 e 2000, o público habituou-se à presença de António Santos nalgumas das ruas pedonais mais emblemáticas da cidade de Lisboa.
Depois disso, cansado da azáfama da capital, António trocou Lisboa por Troviscais, no litoral alentejano, onde viveu dez anos. Mas ali, no Sul, era demasiado grande a distância da capital e do aeroporto, sobretudo quando as viagens internacionais faziam, e ainda fazem, parte da sua rotina. Decidiu então mudar-se para Mafra, onde diz viver estrategicamente perto de tudo, e num meio rural que tanta falta lhe faz.
Feitas as contas, o artista já trabalhou em mais de 70 países. Cada vez mais, além das performances, António Santos tem apostado na organização de festivais e na formação. Esse alternar permite-lhe recuperar energias para uma actividade que, apesar da quietude, é muito esgotante.