Potencial de desenvolvimento, reputação positiva do ponto de vista da competitividade, níveis de rentabilidade “historicamente interessantes” e know-how são alguns dos motivos que ajudam a explicar o interesse de investidores externos ao sector, explanou José Carlos Gomes sábado passado, num dos painéis do X Congresso da Indústria de Moldes.
O gestor da GLN, empresa da Maceira que foi adquirida pela Gestmin em 2017, afirmou que a entrada de um novo accionista traz “desafios muito grandes”. Quem chega tem de compreender as particularidades da actividade e do contexto. Por outro lado, e porque normalmente as empresas de moldes têm uma gestão muito personalizada nos seus fundadores, quem compra “tem de gerir este processo com cuidado”.
Ligar as visões de quem está e de quem entra na empresa, lidar com a ortodoxia de processos (“sempre fiz desta maneira, por que hei-de fazer diferente agora?”) e implementar uma gestão de recursos humanos ajustada são outros dos desafios, apontou o orador, que lembrou que há novos investidores a mostrar interesse no sector.
[LER_MAIS] Para José Carlos Gomes, a médio prazo a tendência será de concentração na indústria de moldes, onde predominam ainda as pequenas e médias empresas. Até porque quem investe quer escala, já que “compreender o sector é moroso”. Por outro lado, em organizações maiores há mais capacidade de investimento e de correr riscos.
Do lado da plateia, Henrique Neto lembrou que a indústria de moldes “não é tão rentável como por vezes se pensa”. Além disso, historicamente reinveste os lucros para se manter competitiva, pelo que o objectivo de retirada de dividendos que move os investidores poderá não ser óbvio.
Rui Tocha, director-geral do Centimfe, lembrou que a entrada de fundos nas empresas de moldes “traz alguns fantasmas”, porque às vezes não se sabe quem está por trás deles. Não poderá isso acarretar riscos, se os investidores tiverem outros interesses, contrários aos do sector dos moldes?
O gestor da GLN entende que não. “Não estou a ver alguém a deixar entrar um parceiro sem saber quem é. E mesmo que tal aconteça, isso só terá riscos para a empresa, não para o sector”.