A necessidade de “existir uma maior visibilidade e integração” da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros e Intersexo) na cidade está na génese do movimento LGBTI Leiria, que fará a sua apresentação pública esta sexta-feira, dia 15, numa festa a realizar na discoteca Stereogun.
João Cartaxo e Thainá Braz, porta- vozes da organização, explicam que “embora existam dois espaços nocturnos LGBTI” em Leiria, “não há uma associação ou entidade que faça total apoio ou monitorização de dificuldades” da comunidade. “Leiria, estando no centro de Portugal, ainda está bastante aquém em matéria de aceitação da comunidade LGBTI. Ainda existe descriminação em contexto de trabalho, nas escolas/universidades e até mesmo em casa”, afirmam, alegando que “há muitas/muitos LGBTI que têm dificuldade” em assumiremse, “em casa e para a sociedade, por terem medo do preconceito e por não conhecerem pessoas que passam pelo mesmo”.
Os representantes do LGBTI Leiria frisam que “muito desse preconceito não é visível”, sendo “apenas sentido pela vítima no seu ambiente, seja ele em contexto de trabalho, amigos/amigas, família ou na escola/universidade”. E, se nas grandes cidades, como Lisboa e Porto, existem entidades que apoiam essas pessoas e a comunidade, o mesmo não se passa em meios mais pequenos, onde faltam esse tipo de associações, notam João Cartaxo e Thainá Braz.
“Nas cidades mais pequenas como o caso de Leiria, existe comunidade [LGBTI], mas, na maioria dos casos, oculta. Como habitualmente falamos ‘está no armário’. Uma razão para isto acontecer é o preconceito e o medo da exposição, causada pela pouca representatividade e visibilidade. Por estas e por outras razões é tão importante haver associações, entidades ou espaços definidos como LGBTI ou LGBTI friendly”, defendem os porta-vozes do movimento.
Quando o preconceito começa em casa
João Cartaxo e Thainá Braz sublinham que, muitas vezes, o preconceito e a falta de aceitação começa em casa e em quem está mais perto, a família, e estende-se depois a outros contextos da vida social. “Muitas mães/pais, irmãs/irmãos, avós não conseguem aceitar a orientação sexual ou a identidade de género do familiar. No local de trabalho existe o impedimento ao emprego, logo na entrevista de trabalho. Na escola, ao ser completamente excluídos da comunidade estudantil e em alguns casos pela própria escola, onde na maioria dos casos não cumpre as normas criadas pelo recente lei sobre identidade de género”, sustentam.
A festa de apresentação ao público do movimento LGBTI, na discoteca Stereogun, contará com actuações da DJ Mariana Carvalho, de Drag Queen Lane e de Drag King Santos. Será, explica a organização, também uma forma de a comunidade LGBTI mostrar “a sua cultura e arte”, à semelhança do que se pretende com outros eventos a realizar. Futuramente, o movimento tenciona promover tertúlias, debates e “outras formas de apoio à comunidade” e “eventos públicos por toda a cidade, como piqueniques, sessões de cinema, etc”. Iniciativas que, segundo João Cartaxo e Thainá Braz, servirão para “combater fobias, eliminar o preconceito e unir a comunidade LGBTI com a cidade”.