É o mais antigo estabelecimento de ensino superior do distrito. Criada formalmente em 1979 como escola autónoma, iniciou as suas actividades lectivas em 1985 e, em Abril de 1987, foi integrada no Politécnico de Leiria. Começou por funcionar no Convento de Santo Estêvão, mas a necessidade de crescer fê-la mudar para a actual localização, cujo edifício tornou-se pequeno para o nível que a ESECS já atingiu e o caminho que quer percorrer.
“Se tivéssemos o dobro da área ainda seria pequena hoje. Com o triplo do espaço atrever-me-ia a dizer que não seria de mais para o conjunto de actividades que desenvolvemos”, constata Sandrina Milhano, directora da ESECS. A responsável admite que a falta de espaço é um “constrangimento”.
“Neste momento, temos oito propostas de cursos para avançar, que têm alguma dificuldade em concretizar-se, tendo em conta o facto de não termos mais espaço nem condições para albergar mais estudantes, mais colaboradores, mais docentes e não docentes e a quantidade de investigadores e bolseiros que desenvolvem a sua actividade”, sublinha.
O terreno onde está actualmente a ESECS foi cedido pela prisão-escola de Leiria e é precisamente com esta instituição que está para ser assinado um novo acordo com vista à construção de um novo campus.
Na sessão solene da abertura do ano lectivo, Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, reconheceu a falta de condições da ESECS e anunciou a construção de uma nova escola nos terrenos da prisão-escola, criando-se um “único campus académico”.
Em contrapartida, a instituição assume a requalificação dos pavilhões ali situados. “Esta necessidade de melhorar as condições dos funcionários, dos estudantes e dos investigadores é algo que há pouco mais de dois anos constitui a missão essencial e central desta equipa directiva. Estamos muito satisfeitos por o senhor presidente ter tornado público que a construção de novas instalações para esta escola é um projecto essencial nos próximos anos”, afirma Sandrina Milhano, salientando que o objectivo é criar um espaço “aberto, inclusivo e eco-sustentável”.
[LER_MAIS]A falta de espaço tem obrigado a ESECS a procurar soluções noutros locais. “Apesar de funcionarmos em três turnos, com aulas ao sábado, já há muito que não temos espaço para todo o conjunto de actividades que desenvolvemos.”
Escola para professores
A matriz original da ESECS é vocacionada para a formação de professores do ensino básico e de educadores de infância, mas foi-se alargando a outras ofertas de formação na área das Ciências Sociais, nomeadamente Relações Humanas e Comunicação Organizacional, Comunicação Social e Educação Multimédia, Serviço Social, Educação Social, Animação Cultural, Desporto e Bem-Estar e Tradução e Interpretação em Português- Chinês/Chinês-Português.
Os números
10
178
“Têm sido 40 anos de transformação da região e do País. No caso da ESECS, têm sido 40 anos de enriquecimento, de criação de centros de investigação, de serviços e de novos cursos. Nascemos com a vocação para a formação de educadores e professores, que depois enriquecemos com outras áreas de formação, o que levou à alteração da designação de Escola Superior de Educação para Escola Superior de Educação e Ciências Sociais”, explica.
A licenciatura em Tradução e Interpretação em Português-Chinês/ Chinês-Português é uma marca do Politécnico de Leiria. Criado há mais de uma década, mantém uma procura elevada e uma empregabilidade de 100%.
“Foi um ponto de partida para aquilo que constitui o nicho especial desta escola que é a relação mais aprofundada com os países da República Popular da China e com a Região Autónoma Administrativa de Macau. Neste momento, temos cursos e trabalhos de investigação com mais sete instituições da China.”
A ESECS criou também o curso de Língua Portuguesa Aplicada, com alguns destes parceiros da China, destinando-se exclusivamente a estudantes internacionais “interessados pela língua e cultura portuguesas”.
Para o futuro estão pensados um “conjunto de cursos para dar resposta às necessidades da região e do País” e outros para profissões que ainda não se sabe bem o seu nome.
Investigação a crescer
Três centros de investigação desenvolvem trabalhos na área da educação e inovação (CI&Dei), das ciências sociais (CICS.Nova) e da qualidade de vida (CIEQV). “A área do desporto representa cerca de 10% da actividade desta escola, quer em termos de ensino quer em termos de investigação, e é uma área que responde a algumas das problemáticas da sociedade associadas à promoção da qualidade de vida e do bem-estar.”
Foi nesse sentido que, este ano, foi lançado o mestrado em Prescrição do Exercício Físico e Promoção da Saúde, que “vai ao encontro das necessidades da sociedade, de uma nova área de investigação em Portugal e da capacidade da ESECS em procurar dar resposta a estas premissas”.
Partilhar o conhecimento e colocá-lo ao serviço da sociedade é uma das responsabilidades assumidas pela instituição. “Acima de tudo, a escola deve ter um papel fundamental na transformação da sociedade e, por isso, tem de estar atenta aos seus desafios, identificando aquilo que são as necessidades globais e tentando responder e intervir, numa perspectiva pró-activa que é aquilo que o conhecimento também nos permite fazer”, frisa Sandrina Milhano.
O Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) é uma referência em todo o País nas ferramentas de integração e apoio à deficiência. Com mais de 12 anos de existência, o espaço foi criado no âmbito de um projecto de investigação e manteve-se até hoje com um “serviço vocacionado para as comunidades”.
“Recebemos mensalmente mais de uma centena de pessoas da comunidade, com diferentes características, e que encontram no CRID algumas estratégias que lhes permitem lidar com o dia-a-dia através da tecnologia. O CRID vai ao encontro daquilo que são os valores do Politécnico e da escola: a equidade e a inclusão.”
A formação ao longo da vida é outra das actividades “muito fortes desta escola”. “Assinámos um protocolo no âmbito da formação contínua e ao longo da vida com os centros de formação dos agrupamentos de escolas de Leiria e do Oeste, cobrindo assim todo o distrito.”
Sandrina Milhano constata que “o ensino superior contribui de uma forma muito clara para o desenvolvimento regional nas suas várias facetas”. Por isso, um dos objectivos é “desenvolver ainda mais o potencial de partilha de conhecimentos”.
“Há uma actividade muito forte que desenvolvemos e que tem a ver com a realização de conferências, congressos, seminários e que trazem à ESECS e a Leiria milhares de pessoas. Com novas instalações e mais cursos poderíamos potenciar ainda mais aquilo que hoje em dia se designa de turismo científico. Por isso, gostaríamos de ter estruturas maiores que nos permitissem duplicar a actividade que temos em termos científicos, a relação com a comunidade e a resposta às necessidades globais do território”, remata.