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Home Viver

Da Picha à Venda da Gaita, deixando Amor para trás

admin por admin
Agosto 2, 2019
em Viver
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Da Picha à Venda da Gaita, deixando Amor para trás
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Agora que Agosto está bem instalado, sugerimos uma espécie de caderneta de cromos, para completar por estes dias. 

O desafio, nestas férias, é coleccionar auto-retratos, que agora são conhecidos por esse termo tão português que é a “selfie”, em frente a placas indicativas de localidades com nomes curiosos no distrito. 

Para o ajudar, fica aqui a nossa lista, que está longe de completa, além de delimitada pelas fronteiras do distrito e concelho de Ourém.

Alguns nomes contêm um fundo histórico, outros estarão ligadas à orografia e vegetação, outras, ainda, resultam da apropriação e criação de lendas, a partir de episódios, verdadeiros ou mitológicos que o povo, na sua sabedoria, associou às suas memórias culturais.

É o caso das princesas mouras encantadas e as várias histórias de romance, ligadas a D. Dinis e à rainha Santa Isabel. Para este roteiro, é preciso rumar a norte e encetar um percurso voltado para sul, por algumas das mais curiosas designações de localidades, na região. 

Começamos em Castanheira de Pera, junto à praia de ondas artificiais, no centro da vila e tomamos a estrada para a Derreada e para o Camelo. Procuramos, uns quilómetros mais à frente, uma das duplas mais famosas, entre quem se dedica à caça destes cromos. 

Falamos, como é óbvio da Picha e da Venda da Gaita. Por norma, as “vendas” seriam tabernas ou mercearias ou mesmo um misto de ambas, à beira da estrada e onde se poderia adquirir quase tudo, da farinha e açúcar avulso, à marmelada ao peso e ao toucinho salgado. 

A segunda parte deste nome, poderá estar ligada ao proprietário. O termo “venda” ainda hoje é utilizado no norte do País, para designar a mercearia da aldeia. 

“Também poderiam ser pontos de paragem nas estradas, em séculos passados, quando as viagens era feitas em carroças puxadas por cavalos. A Venda da Gaita, da qual há relatos de viajantes estrangeiros do século XVII que a referem como local de pernoita, é um destes casos”, explica Saul António Gomes, historiador e investigador na Universidade de Coimbra. 

Por vezes, as vendas não seriam mais do que tendas onde os “vendeiros” – outro topónimo – vendiam comida, vinho ou água aos cansados viajantes. Outras seriam locais de paragem, com estalagem e mudas de cavalos, como a que existiu nas Pedreiras (Porto de Mós), na antiga estrada que ligava Lisboa ao Porto. 

“A Cruz da Légua é outro exemplo de uma localidade que adquiriu o seu nome com base num aspecto físico de um local. O termo ‘cruz’ refere-se ao cruzamento e uma légua seria ali medida.” 

Mas voltemos à Picha, povoado que dista menos de um quilómetro da Venda da Gaita. Saul Gomes avança explicações, embora ressalve que, neste caso, não há certezas da origem do nome. 

“Podem ter tido origem na alcunha ou na profissão de alguém daquela zona. Picha e Picheleiro [na fronteira entre Leiria e Marinha Grande] podem referir-se ao artífice que, além de canalizações, era uma espécie de latoeiro, que fabricava pichéis [recipientes para tirar vinho das pipas ou dos tonéis]…” 

Pegar o Touril pelos cornos
Descendo para Ansião, encontramos, quase à borda da estrada, uma Lagoa Parada. Quase no centro da aldeia está um cada vez mais pequeno charco, aprisionado em muros de cimento. 

A tradição divide-se. Uns acreditam que o nome se refere àquela lagoa que já terá sido maior, outros acreditam que a Parada era das tropas portuguesas, para assustar os invasores franceses com o poderia lusitano ali estacionado. 

Continuamos pelo IC8, em direcção a Sul, e pegamos de caras o Touril. Sem grandes esforços de imaginação, não nos demoramos a rabejar a localidade e avançamos uma explicação tauromáquica para a designação deste local situado a dois passos de Abiul, antiga vila no concelho de Pombal, onde – garante a tradição – existe uma das mais antigas praças de touros de Portugal. 

Pouco depois, a passagem por uma outra placa que indica o início da aldeia seguinte engasga-nos e faz-nos pisar o travão a fundo. O nome parece ser uma oportunidade boa de mais para deixar passar. 

Fora da viatura, percebemos que, efectivamente, é um caso de publicidade enganadora. Alguém, de lata de tinta em riste apagou diligentemente o H da palavra Vaginha. Dizem que acontece sempre que a placa é trocada.Fazemos o “boneco” de qualquer modo… é óbvio. 

Topónimos curiosos

Alcobaça
Venda das Raparigas
Pataias
Aljubarrota

Caldas da Rainha
Carvalhal Benfeito
Imaginário

Castanheira de Pera
Camelo
Vacalouras

Leiria
Amor (pronuncia-se à môr)
A-do-Barbas
A-dos-Pretos
Venda dos Pretos
Porto do Carro
Triste-Feia
Casal do Ralha

Ourém
Pedaço Mau
Vilar dos Prazeres
Mulher Morta (e a Mulher Viva)

Óbidos
A-da-Gorda
A-dos Cunhados

Pedrógão Grande
Picha
Venda da Gaita

Muitos nomes de localidades estão ligados a palavras anteriores ainda à ocupação das legiões de Roma ou da presença de gregos e fenícios. 

Vocábulos esquecidos pelo tempo, que se divorciaram das línguas de povos, como os celtas ou visigodos, que ocuparam o território. Perante essa herança linguística, com o passar do tempo e apegando-se à tradição e ao folclore local, as populações criaram narrativas, fabulosas bastas vezes, sobre a origem dos sítios onde vivem. 

“Terá origem romana, celta ou árabe? Alguns topónimos mantém-se até hoje, como os nomes dos rios Tejo, Mondego, Arunca e Cabrunca. Mas há aqueles que são verdadeiramente misteriosos como os rios Alcoa e Baça ou o termo Litém”, refere Saul Gomes. 

As aldeias de Outeiro das Galegas (Pombal) ou Vale Galego (Ansião) estarão intimamente ligadas à migração de pobres lavradores da Galiza que, aproveitando o facto de a língua falada de ambos os lados da fronteira ser, até hoje, praticamente a mesma, desciam para sul e sujeitavam- se aos trabalhos que os portugueses não queriam. 

Subsiste ainda a expressão “trabalhar que nem um galego”, para referir uma condição de quase  [LER_MAIS] escravo. “Há uma reprodução de vários nomes da Galiza e do Minho em todo o distrito, terra que sempre acolheu muita migração.” 

O distrito de Leiria conta com vários nomes ligados à forma como foi colonizado, desde a Reconquista. Por exemplo, a explicação para que uma aldeia se chame Casal, poderá encontrar a sua origem na existência de um “casal” de colonos que se fixou num local e, com o tempo, os filhos, seus descendentes e outros colonos foram ali construindo casas. 

Para se diferenciar aquele casal de outros casais, foram-se acrescentando características dos fundadores ou da paisagem. Aparecem assim aldeias com nomes ainda mais reduzidos, como A-do-Barbas e A-dos- Pretos, em Leiria, ou A-da-Gorda, em Óbidos. 

“Podemos pensar que a gorda se deve a características físicas. A-dos- Pretos e as barbas poderão estar ligadas à existência de um judeu ortodoxo, de vestes negras, no local”, avança o investigador de Coimbra. 

Após desaguar do IC8 no IC2, navegamos, a todo o pano, para Leiria, onde os rios Lis e Lena se abraçam num amor eterno cantado pelo poeta Rodrigues Lobo. 

O que muitos desconhecem é que terá sido a partir dos poemas do lírico cristão-novo que os cursos de água foram baptizados com os nomes actuais. 

A partir do século XVII, o Leirena, que deu nome à cidade, passou a ser o Lis e o Eirena foi renomeado como Lena. “A mudança tornou-se efectiva nos séculos XIX e XX, deixando de ser apenas uma designação erudita”, diz Saul Gomes. 

Até então, e como acontecia um pouco por todo o País, o rio que passava por Leiria era simplesmente “o rio de Leiria” e o da Batalha, “o rio da Batalha.” 

Mudar para um nome melhor
No século XX, a consciência das populações sobre si mesmas e o que as rodeava tornou-se mais viva e encontra- mos exemplos de comunidades que solicitaram ao Governo um rebaptismo por decreto.

É bem conhecido na freguesia do Arrabal (Leiria) que as gentes do Vale de Santa Margarida, tradicionalmente uma área de grande sucesso na pecuária, pediram à Administração Central a alteração do antigo nome de “Porqueira” para o actual topónimo. 

“Chiqueda, no concelho de Alcobaça, também recebeu esse nome por ligação à criação de porcos, que era muito importante no território”, revela Saul Gomes, apontando outro rebaptismo, desta feita, fora do distrito: “São João do Campo, em Coimbra, até ao início do século XX, chamava-se Lava-Rabos”. 

Antes de seguirmos para os domínios dos monges de Cister, por terras de Leirena, encontramos ainda a famosa Amor. “Pronuncia-se ‘À Môr’ e não amor, do mesmo modo que Cortes, em Leiria, também se pronuncia Córtes e não Côrtes”, sublinha Gomes. 

A língua do povo mantém viva a memória que a simplificação da grafia mata. Corre pela localidade e por Leiria a explicação mitológica de que a designação se prende com os muitos amores de D. Dinis, rei muito dado à caça e aos “namoros”. 

Na verdade, a localidade e o nome actual, segundo a documentação histórica, existia muito antes de o monarca ter nascido. “O mito confunde-se com a realidade e até há uma ligação com o nome da vizinha Segodim, ou ‘cego vim’”, numa alusão a um suposto episódio onde D. Dinis se arrepende de ter traído a rainha Santa Isabel.” 

Junto à Guimarota, arredores de Leiria, há a zona de Vale de Lobos. O vale era assaltado por alcateias de lobos, que desciam do Casal dos Matos, e tornava perigosa a estrada para as Cortes. O nome é uma advertência aos viajantes. 

Os pormenores do terreno também podem estar na origem da toponímia, embora, por vezes, já muito pouco se encontre dessas características. Carvalhal, Bidoeira/Vidoeira, nome de origem céltica, ou souto – Soutocico e Souto da Carpalhosa – encontram explicação no coberto vegetal. Os soutos eram grandes áreas onde havia castanheiros. 

Fazendo um desvio até Ourém, encontramos o Pedaço Mau, Vilar dos Prazeres, a Mulher Morta e notícias de ter ali existido também a Mulher Viva. 

Brancas… de sal 
Descendo pelo IC2, na Batalha, encontramos as Brancas. Tudo indica que o nome possa ter origem na exploração de sal-gema no lugar. “As salinas, à semelhança de Rio Maior, teriam grandes montes de sal branco que se veriam ao longe”, explica Saul Gomes. 

Na Rebolaria, há quem garanta que o nome nasceu do facto de, lá de cima, se fazerem rebolar as pedras utilizadas na construção do Mosteiro da Batalha. Aliás, o nome Batalha tem origem na Batalha de Aljubarrota, de 1385. 

Ainda neste concelho, existe a Torre. O nome ficou de uma velha torre do tempo da Reconquista que por lá existiu chamada Torre da Magueixa. Em 1211, havia ali já uma capela ao lado da fortificação. 

Em Alcobaça, encontramos Aljubarrota, topónimo que não se consegue explicar historicamente ou linguisticamente. Mas o povo encontrou a solução. A “Juba Rota” será a cabeça de um rei moçárabe ali derrotado e cujo crânio rolou pela encosta. 

Fernão de Oliveira, criador da primeira Gramática da Língua Portuguesa, refere-o já no século XVI. A Venda das Raparigas, também famosa e localizada na estrada entre Lisboa e Coimbra, terá uma explicação semelhante à da Venda da Gaita e, do outro lado do vale, no seu ninho de águia, está Alqueidão da Serra, nome que terá origem moçárabe e estará ligado à colonização medieval. 

Fica no concelho de Porto de Mós, também ele um nome que pode designar a abertura ou “porto”, na serra, ou seja nas “mós”, que permitia a passagem até Santarém. 

Já as Caldas da Rainha bebem inspiração para a designação no facto de serem o local termal das águas quentes preferidas da rainha D. Leonor, no século XV. Esse favoritismo haveria de custar a Óbidos – nome que significa, literalmente, cidadela muralhada; Oppidum – a posição de liderança daquela região. 

Se encontrar ou se souber de outros casos de nomes curiosos, diga-nos e envie as suas fotografias para redaccao.viver@jornaldeleiria.pt.

Etiquetas: Amorculturanomes de localidadesnomes de terraspichatopónimosvenda da gaitaViver
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