Depois de ter fechado os espaços que tinha em Leiria e Marinha Grande, quando a cotação do ouro caiu para montantes “críticos”, a Valores regressou à região, com a abertura de novos espaços nestas duas cidades.
Primeiro instalou-se na cidade vidreira, em Junho, e há cerca de duas semanas abriu em Leiria. Com a cotação do ouro de novo a subir, Lúcia Pimenta, administradora da empresa, acredita que a região “tem potencial” para suportar estas lojas.
“Acreditamos que tanto uma cidade como a outra têm grande potenc ial de mercado”, aponta a administradora da empresa com sede em Braga, que explica que depois do boom no negócio, com a cotação do ouro a atingir os 45 euros/grama, em 2011 e 2012, se assistiu a uma descida, tendo os valores chegado a um ponto “crítico”, de 29 euros/grama, entre 2013 e 2015. De então para cá tem-se assistido a uma valorização, com a cotação a situar-se agora na casa dos 40 euros, o que está a fazer mexer o mercado.
“Achámos que estava na altura de nos reposicionarmos na região de Leiria”, afirma Lúcia Pimenta, reconhecendo que “o negócio do ouro está novamente a viver um bom momento”. Este metal “continua a ser um bom investimento” e as lojas Valores são procuradas por pessoas que “querem trocar artigos que não usam por novos, e por outras que precisam de vender para fazer dinheiro”.
Desde 2008 em Leiria, a Loja do Ouro, que detém o estatuto de avaliador oficial, tem espaços também em Tomar, Entroncamento, Santarém, Cartaxo, Abrantes, Torres Novas e Figueira da Foz.
Paulo Jorge Cordeiro revela que a empresa actua em três vertentes: venda de artigos de ourivesaria, compra de ouro usado e penhores (ver caixa).
O responsável pela empresa explica que a última crise levou muita gente a vender o ouro que tinha, e que depois desse período se registou uma estabilização no negócio. A subida da cotação do ouro até aos cerca de 40 euros actuais voltou a imprimir alguma dinâmica no mercado.
Estes não são, no entanto, os valores que estas empresas [LER_MAIS] pagam àqueles que pretendem vender o seu ouro usado.
Os preços variam consoante a quantidade e a qualidade das peças, mas segundo foi possível apurar situam-se, na maioria dos casos, entre os 25 e os 40 euros. “A conjuntura muda e muda também a dinâmica do negócio”, frisa o responsável da Milénio Gold, presente há vários anos em Leiria.
“Antigamente notava-se que as pessoas tinham alguma vergonha, mas agora não é tabu recorrer a estes espaços. Tanto vêm pessoas que querem vender ouro que não usam ou que está estragado como pessoas que têm realmente necessidade de fazer dinheiro”.
“Este é um negócio muito irregular. Cada ano é diferente do outro”, garante Pedro Traveira, responsável pela Galeão do Ouro, em Leiria.
O responsável frisa que estas casas “ajudam as pessoas”, que nem sempre conseguem ter acesso a empréstimos bancários. “Quem vende é porque precisa do dinheiro, porque surgem despesas inesperadas”. Mas, frisa, “há cada vez menos ouro”.
Opinião partilhada por Antero Faria, da Ourivesaria Antero. “Na altura da crise foram vendidas toneladas, mas depois as pessoas não voltaram a comprar”.
Por isso, hoje quem tem ouro são algumas pessoas de mais idade, de famílias onde era tradição possuir ouro. “Passamos semanas sem comprar ouro”, diz o responsável, adiantando que também a venda de ouro novo está em queda.
Casa de Crédito Popular reforça presença
Tendo por base o ouro, há empresas que têm como actividade principal os empréstimos. É disso exemplo a Casa de Crédito Popular, que se apresenta como “especialista em empréstimos sobre ouro, prata e jóias”, mas que também compra ouro usado.
A empresa, que não foi possível ouvir até ao fecho desta edição, já tem um espaço em Leiria e prepara-se para abrir um segundo, em data ainda a definir.
No total, segundo informação disponível no seu site, tem mais de 20 agências espalhadas pelo País. Também a Loja do Ouro actua na vertente dos empréstimos sobre ouro. “É uma alternativa ao banco e até ao cartão de crédito, já que temos de praticar juros mais baixos, porque a lei a isso obriga”, garante Paulo Jorge Cordeiro.
O presidente da empresa sediada em Leiria diz que tem notado este ano um “ligeiro aumento” de pedidos de empréstimo sobre ouro. “Antigamente havia a ideia de que este era um negócio de vão de escada. Mas isso foi desmistificado, o que é bom, porque é de facto uma alternativa aos empréstimos bancários, já que é mais rápido e mais barato”, explica o empresário.