Na terça-feira começam os trabalhos do plantel sénior do Atlético Clube Marinhense. Neste regresso às competições nacionais, e depois do título distrital em 2018/19, o objectivo número um da equipa agora orientada por Rui Rodrigues será uma “prova calma” e a “manutenção” no terceiro escalão do futebol português, o denominado Campeonato de Portugal.
No entanto, o clube da Portela tem outro desafio em mãos, que até é auto-proposto. A Direcção encabeçada por Bruno Ferreira decidiu estabelecer o máximo de 18 jogador no plantel principal, crente que tal limite irá potenciar a aposta nos jovens talentos da formação.
“Quando convidámos o Rui Rodrigues para treinador, foi com o objectivo de apostar na juventude e sobretudo na prata da casa”, explica Bruno Ferreira, que em Abril trocou de posição com Mário Fernandes na Direcção do clube da Portela. Do plantel de sub-23, que irá ter 26 jogadores, “muitos dos quais dão garantias de futuro”, “seis treinarão diariamente com o grupo principal”.
Como “há sempre lesões e castigos, de certeza que haverá sempre sub-23 na convocatória”, diz o presidente. Já o plantel de juniores, que militará na 2.ª Divisão nacional do escalão, terá outros 25 atletas e o objectivo é que alguns também joguem na equipa hierarquicamente acima.
Menos recursos
A ideia é “claramente inovadora” e vem ao encontro da aposta feita na equipa de sub-23 que subiu de divisão e que na época que agora arranca irá disputar o principal escalão do futebol distrital de seniores, um “patamar já muito competitivo”.
“Actualmente, os recursos são menores. Os moldes já tiveram uma fase boa, mas diz-se que a partir de 2020 irão sofrer um decréscimo e é de lá que vem a maior parte dos nossos apoios”, explica o responsável. Por isso, é hora de ser cauteloso e de procurar soluções “engenhosas”.
[LER_MAIS] Dos 18 jogadores, nove continuam da temporada passada e outros tantos são reforços, alguns deles ficam no ouvido, como o guarda-redes internacional macedónio Durakovic, Bayeye, um francês formado no Troyes, ou os avançados Adelaja, nigeriano, e Bógea, brasileiro. São contratações “cirúrgicas” e que contaram com o aval do treinador”, assegura Bruno Ferreira.
Pagar certo
“O nosso plantel foi constituído por contactos e por oportunidades”, afirma o vice-presidente João Mendes. “Jogadores que em dez meses receberam quatro, outros que estavam longe de casa e também não recebiam há três ou quatro meses e outros que vieram trabalhar para a zona. O Marinhense não paga muito, mas paga certo. E valorizam-nos por isso. Damos condições, trabalhamos na relva do Estádio Municipal que parece um autêntico tapete e as pessoas sentem-se acarinhadas.”
“Há dois anos cometi um erro”, prossegue o presidente. “Tenho um grande amigo no futebol e ele dizia-me para o avisar se precisasse de alguma coisa. Nunca fui de pedir, mas este ano perdi a vergonha. Estes jogadores vêm de empresários muito fortes, que vêem um clube estável, com boas condições e que pode ser uma ponte para as competições profissionais.”
Ora, o futebol sénior terá um orçamento de 150 mil euros. “Entrar em loucuras é que não”, sublinha o presidente. “Temos muitos pseudo-investidores a querer entrar, o Marinhense está estável e não temos pressa em ceder o clube e as acções à doida. A SAD é inevitável, vai acontecer, mas não vivemos obcecados. Vamos tentar encontrar o melhor parceiro possível.”
Relativamente à parceria com o clube espanhol que se conjecturou, “as negociações continuam”. “Não queremos tomar uma decisão do pé para a mão. As coisas têm o seu timing.”