Nos seus cerca de 39 mil hectares, o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) alberga cerca de 740 espécies vegetais (570 de plantas vasculares e 170 briófitos – pequenas plantas sem flor nem semente) conhecidas até hoje.
Ao nível da fauna, estão também já inventariadas 245 espécies de animais (169 aves, 45 mamíferos, 19 repteis e 12 anfíbios”. Entre estas espécies, cerca de sete dezenas encontram- se abrangidas por estatutos de protecção e conservação, dada a sua raridade e vulnerabilidade.
Na área da flora, o PNSAC oferece a possibilidade de observar perto de “um quinto das espécies de plantas que ocorrem no País”, refere o site do Instituto de Conservação da Natureza e das Floresta (ICNF), que classifica como “absolutamente notável” o elenco florístico desta área protegida dada a presença de “inúmeras espécies raras e/ou ameaçadas”.
A Inula montana é um desses exemplos. Presentemente, e de acordo com a directiva habitats, a ocorrência da espécie em Portugal acontece “apenas nas zonas mais altas do PNSAC”. A Arabis sadina e a Saxifraga cintrana são outras plantas raras em Portugal que habitam no PNSAC. A primeira está classificada como “vulnerável”, encontrando-se em “estado moderado de conservação”. A segunda, é endémica de Portugal e ocorre apenas nas serras de Aire e Candeeiros e nas serras de Sintra e Montejunto.
[LER_MAIS] Ao JORNAL DE LEIRIA, o ICNF destaca ainda a existência de 27 espécies de orquídeas selvagens na área do parque (cerca de 50% das orquídeas autóctones nacionais), que estão abrangidas pelo estatuto de conservação sobre Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçada de Extinção.
Se à superfície o PNSAC mostra a beleza de espécies florísticas raras, nas suas profundezas alberga comunidades de morcegos, alguns dos quais ameaçados. É o caso do morcego-lanudo, cuja única colónia de criação desta espécie conhecida em Portugal está localizada na gruta dos Olhos de Água do Alviela.
São, de acordo com dados do ICNF, 17 as espécies de morcegos existentes no PNSAC, número que faz deste o grupo de mamíferos “com maior número de representantes e relevância em virtude do seu estatuto de conservação e dos vários abrigos de morcegos de importância nacional, não só para a hibernação como também para a reprodução, localizados na área do PNSAC”.
Além dos morcegos, o Bufo-real (Bubo bubo) e a Gralha-de-bicovermelho (Pyrrhocoraxpyrrhocorax) são as espécies “mais relevantes” existentes neste parque natural, onde esta última se apresenta com “um comportamento particular”. Tem “a curiosidade de se abrigar e nidificar em algares, contrariamente ao que sucede nas outras áreas onde ocorre em Portugal, onde procura fendas e buracos em afloramentos rochosos de difícil acesso”, especifica o ICNF.
Nas profundezas do Maciço Calcário Estremenho sobrevive também a Nesticus lusitanicus, uma espécie de aranha única daquele território e que pertence ao grupo dos troglóbios. “São organismos altamente especializados e perfeitamente adaptados ao meio subterrâneo, sendo dele exclusivos.(…) São de tal forma especializados que não sobrevivem na superfície. Por se encontrarem adaptados às condições estáveis do meio cavernícola, são altamente sensíveis a perturbações”, escreve a investigadora Sofia Reboleira, no site do Núcleo de Espeleologia da Associação Académica da Universidade de Aveiro.