P.A.R.A. O Projeto de Apoio e Recursos para o Autismo abriu portas há cerca de um mês em Pombal para dar resposta a crianças que sofrem desta doença, disponibilizando uma terapia comportamental inovadora, pouco divulgada em Portugal. Patrick Mendes e Viviane Mendes descobriram que o pequeno Rafael, agora com 7 anos, sofria do espectro do autismo quando este tinha cerca de dois anos.
“Desde que tivemos o diagnóstico procurámos respostas e pesquisámos que soluções existiam para um desenvolvimento saudável da criança. Ele começou a ter 45 minutos de terapia fala semanalmente, o que era manifestamente insuficiente”, conta o mentor do P.A.R.A.
Mais tarde descobriram uma terapia comportamental com resultados cientificamente comprovados, que era “muito usada em alguns países da Europa e nos Estados Unidos”. Em Portugal, era praticamente desconhecida. [LER_MAIS] Só Lisboa, Porto e Condeixa tinham disponível e no sector privado, com custos para a família.
Quando surgiu o Orçamento Participativo de Pombal, Patrick Mendes e Viviana Mendes decidiram concorrer com um projecto, que permitisse aos pais de meninos com autismo o acesso a esta terapia, de forma gratuita.
A proposta vencedora permitiu o investimento de 100 mil euros para criar o centro de apoio. “Julgo que a Câmara terá mesmo disponibilizado mais verba para garantir o P.A.R.A. A formação das três técnicas não é barata, nem os materiais que é preciso adquirir”, admite este pai.
“A nossa ideia, enquanto pais, era possibilitar a outras famílias o acesso gratuito a esta terapia, que noutros países está integrada na escola e que aqui nem existe no serviço nacional de saúde público.”
Oito crianças estão a ser seguidas, desde Setembro, no centro de apoio. “Trata-se de uma terapia comportamental que tem de ser trabalhada individualmente, porque cada caso é um caso.”
O ABA, siglas de Applied Behavior Analysis, permite uma intervenção precoce que contribui para as crianças “conseguirem ter comportamentos eficazes para melhorarem as aprendizagens escolares, sociais e a nível de linguagem”.
“É um treino intensivo, que pode ser aplicado em casa.” Nesse sentido, Patrick Mendes adianta que irá promover uma acção de formação para pais, para que o trabalho possa “ter continuidade em casa”.
Protocolos visam acordos futuros
O P.A.R.A Pombal tem financiamento para um ano, mas Patrick Mendes já desenvolveu vários contactos para estabelecer protocolos com diferentes entidades, entre as quais a Segurança Social, no sentido do centro de apoio não fechar portas 365 dias depois. “Este é um projecto que precisa de cerca de 60 a 70 mil euros por ano. Vamos criar uma associação e queremos ser uma IPSS [Instituição Particular de Solidariedade Social] para termos acesso a outros apoios.”
O mentor do centro pretende conseguir dar apoio a 30 crianças e não apenas ao pré-escolar. “Para isso precisamos de contratar mais técnicos”, assegura. Patrick Mendes espera que a sua iniciativa leva outros pais a avançarem com centros idênticos, em candidaturas ao Orçamento Participativo dos seus concelhos. “Já tivemos vários contactos, mas não conseguimos dar resposta além do concelho de Pombal.”