“(…) Sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. João José Almeida, professor e coordenador da Secundária de Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, socorre- se da poesia de António Gedeão, para descrever o historial do ginásio desta escola, que, após 34 anos de espera, começa a ver a luz do dia.
Cansada de promessas adidas, a comunidade escolar, com do apoio da população e de entidades locais, pôs mãos à obra. Os trabalhos começaram no último ano lectivo e têm envolvido funcionários, professores e “amigos” da escola.
O objectivo, explica João José Almeida, é dar aos alunos um espaço “condigno” para a prática da actividade desportiva, sobretudo durante o Inverno. “Até 2014, usávamos o pavilhão da vila. O transporte era assegurado por uma carrinha da União Recreativa Mirense que, por limite de idade, ficou impedida de o fazer. Os alunos passaram a utilizar unicamente os espaços da escola, independentemente das condições atmosféricas.”
Com o apoio da Câmara, que “suportou os custos dos materiais necessários”, da Junta de Freguesia, que “cedeu a escavadora que presta serviço no cemitério da vila”, e da Direcção do Agrupamento, que custeou a mão-de-obra especializada contratada, executaram-se as fundações.
[LER_MAIS] Foi com trabalho feito que bateram, de novo, à porta da Direcção Regional de Educação do Centro. “Perante as evidências, conseguimos a promessa de 60 mil euros, para parte da cobertura, sendo que nos comprometemos a angariar o remanescente [faltavam cerca de 7.500 euros]”, conta João José Almeida.
A Câmara associou-se, mais uma vez, e assumiu o valor em falta, através de um protocolo com a tutela, e contribuiu com mais material para finalizar esta fase dos trabalhos.
E agora? Agora, é necessário um piso em cimento, paredes, portas, portões, iluminação, equipamento… “Temos de continuar. Não vai ser fácil, mas nós não desistimos. Já não é um sonho. É uma realidade. Contamos com todos, para levarmos a cabo esta tarefa que é de e para toda a uma comunidade educativa, que tão carenciada estava desta infra-estrutura”, frisa o professor.
Com os trabalhos da cobertura em fase de conclusão, João José Almeida acredita que, com a “ajuda de todos”, a obra, que define como “uma obra de carolice”, será concluída no curto prazo e que não será necessário esperar mais 34 anos para que os alunos de Mira de Aire “tenham as mesmas condições de que outros” para fazer Educação Física.