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Entrevista | Octávio Ferreira: No Pinhal de Leiria “só é necessário afectar ano após ano 1 milhão de euros, nos próximos 10 anos. Tão simples como isto”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Setembro 20, 2018
em Entrevista
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Entrevista | Octávio Ferreira: No Pinhal de Leiria “só é necessário afectar ano após ano 1 milhão de euros, nos próximos 10 anos. Tão simples como isto”
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Aposentou-se em Junho do ICNF. Como é que se sente alguém que chegou à Marinha Grande em 1978, e tem um percurso de 40 anos ligado às matas nacionais, quando vê a destruição provocada pelo incêndio de 15 de Outubro no Pinhal de Leiria? 
Todos nós que conhecemos este espaço único ficamos chocados e desolados quando observamos o que aconteceu aqui no ano passado. Não é preciso sermos técnicos florestais. Todos nós temos de nos sentir incomodados e revoltados. 

Leia também: "Todos aqueles que tendo a possibilidade de afectar recursos não os afectaram são responsáveis"

Passou quase um ano. Fez-se o que era preciso fazer? 
A dimensão dos danos é de tal maneira grande que num ano não era possível repará-los. Têm de ser reparados ao longos dos próximos decénios. Porque o pinheiro bravo é uma árvore, uma planta, que demora, no caso aqui da Mata Nacional, 70 a 80 anos a ser uma árvore adulta, ou seja, durante 70 a 80 anos o pinheiro está a crescer para depois ser cortado. E a recuperação dos danos causados pelo incêndio de 2017 demora ainda muito mais, porque desde 1 a 80 anos havia árvores de todas as idades. De repente, todo este equilíbrio, que permitia que todos os anos se realizassem cortes, que fornecessem ao mercado arvoredo de várias dimensões para várias utilizações, todo este equilíbrio que é construído através de uma gestão ao longo de séculos, de distribuição por classes de idade na Mata Nacional, acabou. Demorará 150 anos para que a Mata volte a ser como era. 

Mas depois de um incêndio, há intervenções que são necessárias. 
Em cerca de dois terços do que ardeu, portanto, 6 mil hectares, grosso modo, existe regeneração natural. Você tem milhões de pinheiros aí a nascer. Nestes dois terços só é necessário daqui a três ou quatro anos começar a fazer o chamado aproveitamento da regeneração natural. Ou seja, num hectare precisa de ter duas mil plantas que dão origem a um novo povoamento e neste momento tem lá 100 mil, portanto, é ir lá com um tractor e abrir faixas, até ficar com 2 mil pinheiros. A partir dos 15 a 20 anos de idade começam os desbastes, saindo 1.700 árvores ao longo do crescimento do pinheiro, em 5 a 6 cortes culturais. E passado 80 anos cortam-se as restantes 300 árvores, as melhores, porque foram sendo seleccionadas, para aproveitamento industrial de elevada qualidade. 

Leia também:  "É o primeiro aceiro onde se podia fazer alguma coisa, com o fogo de Sul para Norte. Só que não estava limpo"

Mas há um terço onde a regeneração natural não vai ocorrer. 
Nesse terço que também ardeu havia pinhal verde que não tinha semente, muito novo. O que lá está são matos, e algumas acácias. Aí é necessário fazer uma plantação ou sementeira, o que for mais ajustado. Aliás, começou-se já no inverno passado. É isso que é prioritário. 

Há vários grupos de trabalho criados. Têm produzido ao ritmo que era desejável? 
Não faço parte desses grupos de trabalho, não sei responder a essa pergunta. Agora, isto é muito simples. No Pinhal de Leiria, os solos são areias, portanto, são solos pobres, não permitem grande diversidade em termos de espécies florestais. Por isso é que se encontra o pinheiro bravo desde a foz do rio Minho à foz do Guadiana. Porque é a única espécie florestal que conseguia sobreviver num meio tão inóspito como este. Mas mesmo assim era necessário levar para esses areais o chamado rapão, matéria orgânica dos pinhais do interior. Convém de vez em quando quebrar esta monotonia do pinheiro bravo, só que não é fácil, pelo que a solução é haver pinhal de idades muito diferentes. 

Quanto dinheiro é necessário nos próximos anos? 
O aproveitamento da regeneração natural custa por hectare 700 a 800 euros. A arborização custa-lhe 1.000 e tantos euros por hectare. E depois há o controlo das invasoras lenhosas que ainda não se pegou nele. Já temos aqui na Mata algumas centenas de hectares de acácias. Onde há muita acácia, os pinheiros morrem. E portanto em vez de ter um talhão com pinheiros tem um talhão com acácias. E essa situação ainda ninguém a agarrou aqui na Mata Nacional, ainda ninguém a estudou. Até agora nada se fez. 

E quanto ao investimento no Pinhal de Leiria?
Em primeiro lugar, tem de haver um plano de reabilitação e intervenção na área ardida. Esse plano tem de dizer o que é preciso fazer e em que anos. E tem de ter um suporte financeiro. É por aí que tem de se começar. Isto é básico. Sobre o sobreiro e outras espécies: o Pinhal de Leiria esteve aqui durante 700 anos. Agora vamos fazer o quê? São coisas tão fáceis de entender que não percebo como se perde tanto tempo. Nós, portugueses, gostamos muito de fazer relatórios, estudos, só que depois quando passamos à prática falhamos rotundamente. Tudo isto está mais do que feito e sabido. 

Não há que inventar. 
Penso que não. Há que melhorar e garantir o suporte financeiro. Não anda longe de 10 milhões de euros, pensando já também num plano para as invasoras lenhosas. Portanto, só é necessário afectar ano após ano 1 milhão de euros nos próximos 10 anos. Tão simples como isto. 

 [LER_MAIS] 

É preciso envolver os privados? 
A envolvência dos privados neste último ano foi uma situação aceitável e até louvável. Mas é uma gota de água no oceano. O Estado é que tem de ter um plano de recuperação da Mata Nacional. Arderam 9.500 hectares. Vamos fazer isto no ano 1, aquilo no ano 2, no ano 3 e por aí fora. E que haja um orçamento a acompanhar. A não ser que alguém queira descobrir a pólvora. 

A gestão pública é intocável? 
Esta é uma Mata do Estado em que durante os 100 anos do século XX cortaram- se, em cada ano, 155 mil pinheiros, com 42 mil metros cúbicos, em média. Portanto, 35 mil toneladas e 2 milhões de euros por ano. Isto só para dizer que esta Mata dava rendimento. Nas contas que se faziam antigamente, por cada 1.000 escudos investidos havia um retorno de 3.000. Em relação às madeiras, neste momento, em Portugal, não temos madeira de pinheiro bravo suficiente. E parece que ninguém se preocupa com isto. Porque temos não só os incêndios como o nemátodo. E as empresas vão fechar. Nos próximos 20 a 30 anos não se farão cortes de arvoredo verde na Mata Nacional de Leiria, só residuais, e aqueles pinheiros grandes, com 80 anos, já não há. É assim aqui e é assim no País. O pinheiro tem desaparecido e temos eucapliptos. Mas aqui na Mata Nacional há outra coisa fundamental, que é a questão ambiental. Havia aqui um espaço verde que deixou de existir. Em termos ambientais, de captação de CO2, de paisagem, de lazer. As captações de águas estão nestes solos, porque há aqui um recurso aquífero de água doce bastante rico. Não creio que os privados queiram aguardar 80 anos pelo corte final do pinheiro. Tem de ser o Estado a fazer diferente, fazendo a chamada explorabilidade social no Pinhal de Leiria e em outras matas nacionais similares da região. 

Havia também um apuramento da espécie ao longo de 700 anos. Essa herança genética perdeu-se?
Não se perdeu, levou um choque violento. O Pinhal continua através da regeneração natural. Preocupa- -me mais a continuidade que vai haver de vários hectares de pinheiro bravo da mesma idade, pois convém que haja descontinuidade etária na floresta, por questões fitossanitárias, de prevenção de incêndios e paisagísticas, entre outras.
 

Perfil: Uma vida entre cortes e peniscos
Natural de Mação, licenciado em silvicultura pelo Instituto Superior de Agronomia, Octávio Ferreira ingressa na função pública a 1 de Agosto de 1978. Primeira colocação: Marinha Grande, para trabalhar na Mata Nacional de Leiria. A aposentação chegou no passado dia 1 de Junho, ao fim de 40 anos a trabalhar em perímetros florestais do Estado. De 1978 a 1983 na Marinha Grande com a função de técnico, de 1983 a 1987 em Vila Pouca de Aguiar no cargo de administrador florestal. Regressa em 1987 à Marinha Grande e em 1992 é o responsável máximo pela antiga circunscrição florestal. Em 1993, passa a gerir a Zona Florestal do Pinhal Litoral, também com sede na Marinha Grande. Em 1996, os serviços florestais e as matas nacionais são integrados nas direcções regionais de Agricultura. Octávio Ferreira é designado chefe de divisão da gestão florestal para toda a região centro, com direcção de serviços em Coimbra e gabinete na Marinha Grande. Em 2001, passa a técnico do Ministério da Agricultura, funções que manteve até à reforma. Nos últimos anos, a trabalhar directamente nas matas nacionais do Urso e do Pedrógão, dando apoio na Mata Nacional de Leiria sempre que necessário. Era o caso nos dias do incêndio de Outubro de 2017.
Etiquetas: ICNFIncêndiospinhal de leiria
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