Vai chamar-se Veggies4myHeart e contará com cinco super-heróis de serviço- uma cenoura, um tomate, um pepino, uma alface e uma couve roxa -, que terão como missão pôr os alunos do pré-escolar do concelho de Leiria a comer ou consumir mais vegetais.
Para alcançar esse objectivo, a tecnologia será um aliado de força, com o desenvolvimento de um jogo digital, que pretende promover a ingestão de hortícolas junto dos mais novos.
O projecto, vencedor do prémio Challenges Accelerator, é desenvolvido por docentes e investigadoras do Instituto Politécnico de Leiria e chegará às pré-escolas da rede pública de Leiria no próximo ano lectivo, no âmbito de uma parceria com o Município.
“Aos quatro anos, apenas 45% das crianças consome hortícolas no prato, ou seja, além das que ingerem na sopa”, nota Cátia Pontes, nutricionista e professora na Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLei), que lidera o projecto.
Segundo explica, esta é uma idade “crítica”, com as crianças a revelarem “receio” de experimentar alimentos novas, a “designada neofobia alimentar”, pelo que é necessário encontrar estratégias para “transpor essa barreira” e fazer com que comam mais vegetais.
[LER_MAIS] Partindo de dados recolhidos por investigações na ESSELei, segundo os quais os educadores de infância privilegiam a roda dos alimentos, a leitura de histórias e músicas para fazer educação alimentar, metodologias que, “embora úteis, não conseguem reflectir- se no aumento do consumo de hortícolas”, o projecto avançou para uma estratégia assente na “gamificação”.
Ou seja, educar através de um jogo, “com informações correctas e concretas sobre os alimentos”, que, ao mesmo tempo “entretenha e seja divertido”.
No Veggies4myHeart a criança escolhe “uma das cinco personagem do jogo e, à medida que vai consumindo ou apanhando mais hortícolas, ganha mais força e poderes reforçados para fazer mais actividades”, revela Cátia Pontes, adiantando que antes será feito um estudo aos hábitos de consumo de hortícolas dos alunos. No final do jogo, as crianças serão também convidadas a comer alguns dos vegetais.
Em paralelo com o jogo, a equipa do projecto, da qual fazem parte Madalena Lages, Sara Dias, Eduarda Abrantes e Maria Guarino, todas investigadoras do Instituto Politécnico de Leiria, pretende fazer chegar informação aos pais, incluindo a disponibilização de receitas com diferentes formas de preparação de hortícolas.
“O truque principal é a persistência, pondo sempre vegetais no prato. Depois, os adultos têm de dar o exemplo e variar, não apresentando os alimentos sempre da mesma forma”, aconselha Cátia Pontes, que defende que o envolvimento das crianças, quer na compra quer na confecção dos vegetais, também ajuda.