Era só um protesto, a paciência a chegar ao limite, dois anos passados desde que os trabalhos para o saneamento básico deixaram em mau estado a rua por onde Henrique Cordeiro Feteira passa todos os dias.
No dia 2 de Julho, o jovem munícipe da aldeia de Malhos (Pombal) resolveu chamar a atenção das autoridades e da população para o mau estado da via, que liga as aldeias de Motes e Malhos, na freguesia de Pombal.
Partiu uns ramos de eucalipto e plantou-os nos imensos buracos da estrada. A façanha resultou. Um dia depois os serviços municipais taparam cada um dos buracos, para satisfação do autor do protesto e dos populares que, diariamente, utilizam a estrada. Henrique usou o facebook (como já fizera para mostrar a ‘plantação’) para “agradecer em nome de toda a população”.
Mas a rapidez da Câmara de Pombal não se ficou por aí. Dias depois, a GNR vai a casa do jovem. Como não estava, deixa um recado aos pais, intimando-o a dirigir-se ao posto. Quando lá chegou, havia uma surpresa para ele: um processo de contra-ordenação, com base na denúncia efectuada (por e-mail) pelo Município de Pombal.
De acordo com o auto, em causa estava “a plantação de eucaliptos na faixa de rodagem da rua principal dos Motes”, sendo que tal representa, segundo aquela força de autoridade, “uma infracção à liberdade de trânsito, prevista e punida pelo código da estrada”.
[LER_MAIS] “Se tiver que pagar pago. Mas não é com atitudes destas que a Câmara me vai calar, a mim e às pessoas que aqui moram”, disse ao JORNAL DE LEIRIA Henrique Feteira, enquanto relata um historial de reclamações que dura há dois anos.
Confrontado com a atitude, o Município de Pombal justifica que está a fazer o que lhe compete: “zelar pela salvaguarda e protecção de pessoas e bens, pelo que a colocação de obstáculos na via pública, além de delapidar o património municipal, coloca em risco a segurança da circulação rodoviária”.
Em concreto nesta estrada, que acolhe conduta de saneamento, recentemente instalada, estes actos contribuem para a insegurança da circulação rodoviária, pelo que o Município solicitou que a Guarda Nacional Republicana interviesse para a reposição e manutenção da legalidade”.
No desenvolvimento das obras os Serviços do Município apreciaram várias reclamações, que de forma atempada trataram e responderam. No que toca àquela via em concreto, e sabendo-se que se trata de uma intervenção no âmbito da construção do Emissário Carnide- Ilha-Louriçal – a maior obra do último mandato, adjudicada por €2.965.301,55 – a asfaltagem daquele troço já se encontrava calendarizada e constantes do caderno de encargos, pelo que, após os trabalhos de asfaltagem na Ilha de Baixo, em curso, o empreiteiro irá proceder à reposição do pavimento.