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Foi no meio de cinzas que fiz esta imagem. No rasto do caos que os incêndios devastadores do outubro quente de 2017 deixaram no pinhal de Leiria. O cenário transmitia a sensação de terminus; visão apocalíptica daquilo que fora o nosso pulmão verdejante, saudável, inspirador.
Em janeiro deste ano, participei num evento fotográfico que pretendeu chamar a atenção para o problema da sobrevivência do pinhal de D.Dinis e da urgência de pôr “mãos à obra”, fazendo renascer das cinzas a dorida tristeza que avassalara todos nós. Com recurso a modelos que tão bem encarnaram o espírito da esperança, como o caso da Helena, nesta minha foto, produziu-se todo um espólio de imagens que voltou a agitar a consciência coletiva, três meses após o desastre ecológico.
E assim ficou o grito de raiva, mas acima de tudo o registo da esperança de voltar a ver os verdes intensos, de resgatar a alma e o corpo intenso do nosso pinhal.
Modelo: Helena Ferreira
