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Entrevista| Carlos Valente: “Não se pode cometer o erro de querer poupar quando a segurança está em causa”

Redacção por Redacção
Julho 13, 2018
em Entrevista
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Entrevista| Carlos Valente: “Não se pode cometer o erro de querer poupar quando a segurança está em causa”
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Consegue perceber por que razão o estádio é tão mal amado?

No tempo da Leirisport olhou-se para a empresa com o objectivo do lucro. Parecia que havia um perímetro que não se podia passar. Com tantos obstáculos, é natural que se tenha dito mal, porque o estádio foi pago por todos e tinha de ser para todos. Entretanto, quebrou-se essa barreira. Se o GRAP ou o Leiria e Marrazes querem ir lá treinar e há disponibilidade, qual é o problema? Uma escola que quisesse visitar o estádio tinha de pagar? É impensável. Temos é de ter gente para abrir as portas e mostrar o espaço.

Custa-lhe ouvir tanta crítica?

Custa muito. Especialmente porque foi utilizado como saco de boxe para alimentar discussões. Ouvi os maiores disparates, quando se dizia que nada se passava no estádio e nós tínhamos as salas de aula cheias, quando ninguém sabia que havia aulas. Não havia jogos de futebol, mas havia muito atletismo e muitas outras modalidades. Estão sempre coisas a acontecer. Agora, não há grandes eventos, e isso é o que é preciso. Termos uma equipa na 1.ª Liga de futebol, com grandes jogos associados, é importantíssimo para dinamizarmos o espaço. Mas, comparativamente aos outros estádios do Euro'2004, estamos muito bem. No ano passado tivemos 280 mil utilizadores entre concertos, futebol, atletismo e tudo o resto que se passa no estádio. Quem diria?

Sente-as pessoalmente?

Tenho a minha opinião. Se recuarmos no tempo e entrarmos naquela discussão que houve em 2000, se se avançava com a construção, o estádio tinha acabado de ser alvo de uma remodelação. Acredito que foi aí que nasceu o problema. Sentiu-se que se gastou dinheiro para, passados uns meses, se destruir. Assumiu-se, teve muita discussão, todos participaram na discussão, e fez-se. Bem ou mal, fez-se.

Mas teve uma derrapagem gigante.

Por que não utilizaram os instrumentos de fiscalização? Uma coisa é certa, está feito.

Acredita que a questão estética teve influência na opinião dos leirienses?

Costumo dizer que quando projectou o estádio Tomás Taveira não veio a Leiria e, por isso, desenhou-o ao contrário. Ninguém lhe explicou que num dos topos havia uma avenida. Por que não puseram o topo virado para a 25 de Abril? Teria outra importância, outro aproveitamento e já estava vendido há muito tempo.

Quais são as melhores recordações que guarda destes 15 anos?

O Euro'2004 foi um momento único, sem dúvida alguma. A subida da União de Leiria, no tempo do Manuel Fernandes, também foi um episódio marcante. A equipa subiu em Aveiro, num jogo com o Beira-Mar, e foram fazer a festa ao estádio. Também não posso esquecer as vezes em que o Leiria e Marrazes fez daquele estádio sua casa.

E o pior?

Sem qualquer dúvida, a morte do adepto do Benfica no topo Sul, em Janeiro de 2005. Foi um momento que marca sempre. Apesar de não termos tido culpa, como se veio a provar, há sempre coisas que se põem em causa de forma injusta, nomeadamente as questões de segurança, que nada tinham que ver com o sucedido.

Foram dias sem dormir?

Sim. Especialmente essa semana de inquérito. E depois todo o aproveitamento político da situação.

Houve mais sustos?

Recordo-me do célebre jogo da final da Taça da Liga. Foi realizada em situações extremas, porque estava a decorrer a Feira de Maio. A organização, onde se incluía a Polícia, assumiu realizar o jogo numa altura em que estava acentuada a rivalidade entre as claques do Benfica e do FC Porto, com os Super Dragões a infiltrarem-se na claque do Rio Ave. Foi terrível. Aliás, no fim de um jogo que tenha as claques do FC Porto, do Benfica ou do Sporting, a nossa preocupação é contar as cadeiras partidas. Em vêm para estragar.

Portugal jogou em Leiria com a Bélgica, após o atentado de Bruxelas, e com os Estados Unidos, numa fase de tensão global.

No Euro'2004 e no jogo com os Estados Unidos do ano passado, todas as condutas foram verificadas e seladas pela Polícia. Tudo é vistoriado pelas brigadas anti-explosivos. Todas essas acções, que demoram imenso tempo, ninguém vê. Quando começa o jogo ninguém imagina o trabalho de segurança que foi feito.

Houve outros momentos marcantes?

No jogo da França com a Croácia do Euro'2004, por exemplo, estávamos num momento em que a utilização da burqa tinha acabado de ser proibida em França. Como se sabe, há comunidades árabes aqui perto. Estivemos rodeados de altíssimas medidas de segurança, com todas as especialidades da Polícia presentes, desde os snipers, aos anti-snipers. Estavam nas zonas das coberturas, no topo dos prédios da Avenida 25 de Abril, em todo o lado…

A adrenalina sobe?

Não. Sentimos é o peso da responsabilidade. E tira o sono poder imaginar que está tudo bem e que pode acontecer alguma tragédia. Ainda assim, o adepto tem de assistir ao jogo como se nada fosse. Para ele, tem de ser uma festa. Por isso, a parte melhor é quando todos se vão embora e estamos a fazer o off da iluminação. Quando tudo corre bem, esse momento é indescritível.

Deve ter histórias incríveis.

Com o Kuwait, na inauguração o estádio, nem havia bancos de suplentes. Chegaram do Porto e tive de pedir à Polícia para fazer escolta aos bancos. Na primeira parte, os suplentes estiveram em bancos ao ar livre e só no intervalo é que os colocámos. Pouco tempo depois, em Novembro de 2003, as obras ainda estavam atrasadas e lembrei-me que tinha de testar a segurança da infra-estrutura. Convidei as escolas para servirem de público, o regimento de artilharia como sendo os adeptos mais irreverentes e a polícia e os bombeiros para fazerem o seu papel. Eram dois mil figurantes e só havia problemas. Os torniquetes não funcionaram. Foi o primeiro simulacro e correu as televisões da Europa.

Passados estes 15 anos ainda estamos seguros debaixo daquelas coberturas gigantescas e pesadíssimas?

Sim, mas tem de haver investimento. Tem de ser planeado e não se pode cometer o erro de querer poupar quando a segurança está em causa. A manutenção é fundamental e não é possível abandoná-la. O que interessa poupar cinco hoje se amanhã vou ter de gastar vinte? Há que manter esse procedimento. É uma casa que de um momento para o outro pode ter 20 mil pessoas.

Pelo Magalhães Pessoa passaram muitos dos melhores futebolistas no mundo. Houve algum pedido de estrela de rock?

O mais exigente era o Jorge Jesus, enquanto treinador da União de Leiria. Ele era o homem do detalhe. Era o primeiro defensor da estabilidade do futebolista. O facto de o jogador poder colocar o carro no parque de estacionamento do estádio tinha tanta importância quanto uma boa movimentação dentro de campo, porque contribuía para o bem-estar do atleta. Também não esqueço o Sá Pinto, que achava um rufia, mas afinal é exactamente o contrário.

Qual foi o melhor jogo a que assistiu?

Não tinha tempo para ver jogos. Só apreciava os bruás.

O que acha da política desportiva do concelho?

Houve uma fase muito boa, de diálogo com as instituições. Na verdade, a actividade desportiva não se compadece com burocracias. O movimento associativo avança com pessoas que trabalham e não precisam de quem lhes complique a vida. Querem resolver as coisas, querem dar resposta aos pais, que actualmente pagam para ver os filhos a praticar actividade física. Os apoios têm de continuar a ser dados de forma equitativa, mas a Câmara tem de sentir os verdadeiros problemas dos clubes e não se pode sentar atrás das secretárias. [LER_MAIS]  Temos de ter sempre alguém para ajudar, não para complicar. Há determinados eventos que foram feitos e bem feitos e não se pode andar para trás. Tem de se manter o padrão e, até, superá-lo.

Quem manda realmente no estádio? A Câmara de Leiria ou a Juventude Vidigalense?

No estádio manda sempre a Câmara. Depois, jogam as influências. A Juventude Vidigalense tem trabalho feito e o seu peso, como tem a SAD da União de Leiria.

Mas a SAD paga.

É verdade. Paga e paga bem, sou testemunha disso. Tive o privilégio de trabalhar com as duas SAD. O João Bartolomeu é um romântico e nos negócios é uma fera. Não é tão má pessoa como o pintam. Tinha alguma instabilidade emocional quando as coisas não corriam como queria, mas consegui sempre que ele entendesse a mensagem. Era obediente nas questões que me diziam respeito. Esta SAD tem cumprido e nota-se que existe muito respeito. O Alexander Tolstikov é obstinado e vai conseguir o que quer.

Há funcionários a menos no estádio?

Provámos que não é preciso muita gente. Muita gente chama-se planeamento. Temos a vantagem de conhecer os cantos da casa. O estádio não é um bicho-papão. As pessoas que passaram por aqui são boas, têm valor, cada um com o seu feitio. Quem está na liderança tem de espremer o melhor de cada um. Por exemplo, temos em Leiria o melhor tratador de relva do mundo. O Magalhães Pessoa tem o único relvado do Euro'2004 que ainda não foi substituído. Já levou porrada, porque era mal utilizado, lá está, a Leirisport queria rentabilizar o espaço ao máximo, pelo que quanto mais treinos houvesse, mais recebia. Agora temos uma situação de diálogo. Se o técnico diz que não se pode utilizar a relva, não se utiliza.

Afinal de contas, saiu porquê?

Acima de tudo, para dar oportunidade a outras ideias. E depois, pessoalmente, haverá outros projectos interessantes. Também quero ir à procura de algum tempo perdido.

Do que vai sentir mais falta?

Já noto, é do ritmo de trabalho. Não estava a pensar no evento actual, mas no que estava a seguir. Mas todo o ser humano tem direito a um período sabático. Agora vou fazer os Caminhos de Santiago, mas não vou em redenção. Vou em reflexão. Nesta período sabático temos de ir ao encontro de novas ideias, até porque há novos projectos e coisas que se podem fazer.

Está triste?

Se podia ficar, podia. Mas não era a mesma coisa. Mas atenção, nunca fecho as portas. Por ter saído não quer dizer que não possa voltar. O meu ciclo terminou, mas serei sempre leal aos meus princípios. Daquilo que precisarem de mim, estão à-vontade. Sou um indivíduo de soluções e não de problemas. Tive grandes mestres. Uma das coisas que gostava na equipa do estádio é que tinha muito disso. Se o pau da esfregona se partisse, a senhora da limpeza conseguia arranjar uma solução, nem que fosse com a bandeirola de canto.

 

Perfil

Associativismo e segurança

Estas são palavras omnipresentes na vida de Carlos Valente. Foi formador da Escola Nacional de Bombeiros e integrou o Gabinete de Planeamento Técnico Operacional dos Bombeiros Municipais de Leiria. Em 2003 foi nomeado Director de Segurança do Magalhães Pessoa para o Euro'2004 e a partir de 2005 assumiu essas funções em todas as instalações desportivas da Leirisport. Com a extinção da empresa municipal, em 2014, acumulou essas as funções com a gestão do estádio. Até agora.

Nestas funções destaca a ligação que manteve a várias especialidades da Polícia de Segurança Pública. Considera que bebeu muitos dos princípios de organização a três “dedicados” e “muito profissionais” dirigentes desta força: os subintendentes Diamantino Jordão e Abel Batalha, e o actual comandante do GOE, Rafael Marques.

Foi presidente da Direcção e da Mesa da Assembleia Geral do Leiria e Marrazes, clube que levou a jogar no Magalhães Pessoa quando os problemas na Aldeia do Desporto pareciam não ter fim. Foi ainda sócio-fundador do Clube de Orientação do Centro e da União de Ciclismo de Leiria. Enquanto futebolista passou pela União de Leiria, Leiria e Marrazes, União da Serra, CD Fátima, Santo Amaro e CARP.

Etiquetas: carlosvalenteestádioLeiriamagalhaespessoasegurança
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