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Home Opinião

História de desamor num café

Redacção por Redacção
Junho 21, 2018
em Opinião
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História de desamor num café
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I. Chegou apressado. Sentou-se à primeira mesa livre que encontrou. O empregado, habituado às urgências da clientela, abeirou-se solícito.

– Um café a três-quartos em chávena escaldada com adoçante. Seguiu atento a meia-dúzia de passos do empregado até ao balcão, vigilante para confirmar o pedido.

– Sai um café a três-quartos em chávena escaldada com adoçante.

Não havia necessidade de repetir que do balcão já se ouvia o ruído da boca de água em pressão a escaldar a chávena, seguido do bater duplo do manípulo da máquina de café para soltar as borras da bica anterior, com posterior clicar do moinho de café. Ou era cliente habitual ou atrás do balcão se teria ouvido o pedido e iniciado o serviço sem delongas.

E a chávena viajou, via bandeja, do balcão para a mesa. Averiguou a temperatura da chávena com a polpa dos dedos. Estava a escaldar, sem dúvida, que os retirou num gesto automático de defesa à dor.

Soltou a drageia de edulcorante, mexeu com a colherzinha e depois, só depois, pegou na asa da chávena e bebericou o café em sorvos pequeninos. Não esqueçamos que a chávena e o café estavam mesmo a escaldar.

Depois, algum tempo depois, se ajeitou na cadeira e olhou em volta.

Soergueu-se e reposicionou a cadeira para ter melhor ângulo de visão para o écran que debitava decibéis inaudíveis de um qualquer cantor dos anos 80. Olhando melhor era fácil reparar que mais ninguém estava a olhar para lá.

Ele de olhar fixo, perdido no vazio a ver nada. Um pé recolhido por entre as pernas da cadeira, outro num tamborilar sem som, interrupto e inquieto. Um corpo inteiro a viver na expetativa.

 [LER_MAIS] Bitola de si mesmo a tentar um desempenho que redundava em fracasso quando tentava transmitir tranquilidade. Um corpo em ânsias e por cumprir.

II. Chegou num jeito sem pressa.

Olhou em redor e escolheu uma mesa na montra do café. Pousou a carteira numa cadeira ao lado e ajeitou outra para ficar de frente para a rua. De costas para a televisão. O empregado abeirou-se tranquilo.

– Um café, por favor.

Olhos postos na rua, desinteressada do intervalo de tempo entre o pedido e a chávena pousada com delicadeza na mesa.

Interessada no movimento lá fora, das gentes que passavam. Um esboço de sorriso nos lábios que afloravam o bordo da chávena. Café sem açúcar, bebido em dois tragos, saboreado cada um num tempo e temperatura certos.

Perna traçada, costas pousadas no recosto da cadeira, braço em repouso, corpo todo expetante, sem pressa, sem pose, apenas ela como si mesma, sem demonstrações de parecer. Serena e tranquila. Exposta numa eloquência feita de silêncio. Quiçá à espera de ser encontrada.

III. Era agora uma banda que se via na televisão quase sem som. Elas e eles de cabelos compridos. Louros todos eles, confinados a roupas justas e acetinadas, em gestos bamboleantes que faziam lembrar tentáculos de polvo. Um êxito à época, sem dúvida.

Medonhos, hoje. Levantaram-se em uníssono. Caminharam os dois para a porta. Ombro com ombro. Saíram em sintonia, ele apressado para a praça em frente. Ela passeando o andar para a praça em frente. Nunca casaram.

Em comum só mesmo beberem café. Ele para se queimar por dentro. Ela para saborear por inteiro.

*Psicólogo clínico
Texto escrito de acordo com a nova ortografia

Etiquetas: João Lázaroopinião
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