A componente mais prática das aulas, a especificidade dos cursos e a decisão de entrar mais cedo na área que se quer seguir são algumas das razões que mais pesam na escolha dos alunos de ingressarem no ensino profissional, onde muitos já entram a pensar no ensino superior.
É esse o caso de Francisco Pinto e de Eduardo Santos, que estão a concluir o curso de mecatrónica automóvel na Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal e que, no próximo ano, seguirão para a Universidade de Coventry, em Inglaterra.
“Queria seguir a área automóvel. A opção era a área de ciências no ensino regular ou vir para o profissional e dedicar-me logo àquilo que gostava mais”, justifica Francisco Pinto, de 18 anos.
Também Eduardo Santos escolheu a via profissional para poder seguir “mais cedo a área que queria”, acrescentando uma outra razão: a componente prática do curso.
Para o jovem, a oportunidade de “trabalhar mesmo” nas matérias ligadas à área automóvel, torna a formação “muito mais estimulante”.
A terminar o curso de técnico de produção agrícola na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister, em Alcobaça, João Pereira, de 19 anos, escolheu este tipo de ensino também à procura de aulas “mais práticas”.
Numa primeira fase, ingressou em multimédia, mas percebeu que não era aquilo que queria e, [LER_MAIS] no final do primeiro ano, mudou de curso e de escola. Com família ligada ao sector da agricultura, João Pereira, experimentou esta área e aí, sim, sentiu-se como peixe na água.
Hoje, confessa-se satisfeito com a opção que fez. “Para quem gosta da prática, é muito bom. Temos a oportunidade de aprender coisas que nos poderão ser muito úteis no dia a dia e na actividade profissional que queremos seguir”.
No caso de Patrícia Alves, a opção pelo ensino profissional prendeu-se com a especificidade da área que pretende seguir. “Sempre quis fazer algo relacionado com fotografia e vídeo e no ensino regular não havia oferta a esse nível e não queria esperar mais três anos, até porque não me enquadrava bem noutro tipo de curso”, explica a jovem, que está a terminar o curso de técnico de audiovisual na Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, em Leiria, e que pretende continuar a estudar nesta área, “aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso”.
O profissional não foi a primeira escolha de Rafael Lourenço, que no fim do 9.º ano ingressou no ensino regular. “A notas não estavam a ser o que esperava e decidi mudar de curso, pensando que era mais fácil. Mas, afinal, não era tão fácil”, conta o jovem, que está a frequentar o curso profissional de gestão na Escola Secundária Domingos Sequeira, em Leiria.
A completar o primeiro ano, lamenta, no entanto, que a componente prática não seja tanta como ambicionava “Talvez o tipo de curso – gestão – não se proporcione muito a isso”, admite.
Bom aluno, com notas entre o quatro e o cinco, Tomé Pereira surpreendeu os pais e os professores quando decidiu seguir o ensino profissional. Mas a surpresa não significou falta de apoio à decisão. Pelo contrário, assegura.
“Não me interessava ir para o ensino regular. Procurava algo o mais parecido possível com a área que gostava e que quero seguir, a electrónica”, explica o jovem, que frequenta agora o curso de engenharia electrónica e de computadores na ESTG, em Leiria.
Sobre a experiência no profissional, Tomás Pereira destaca a componente prática do curso , que fez também na Secundária Domingos Sequeira, mas defende que deveria ser “reforçada”.
Na vertente teórica, admite que lhe fizeram falta algumas “bases”, que lhe dificultaram a vida quer no exame para o acesso ao ensino superior quer no curso que já está a frequentar.