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Entrevista | César Cardoso: “Muita gente vai porque é fixe ir a um concerto de jazz, fica giro, é chique”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Maio 17, 2018
em Entrevista
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Entrevista | César Cardoso: “Muita gente vai porque é fixe ir a um concerto de jazz, fica giro, é chique”
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Numa entrevista sobre os 70 anos do Hot Club de Portugal, o Bernardo Moreira (pai) diz que ninguém se atreve a reconhecer que acha o jazz horrível e que há tantas pessoas a gostar a sério de jazz como havia em 1948. 
Percebo o ponto de vista dele, ele fala num ponto de vista mais aprofundado, daqueles que seguem isto. Há muitos que gostam e que ouvem, mas não são entendidos na matéria. Mas as coisas evoluíram muito nos últimos anos, sem dúvida, há mais músicos, mais público. Em parte ele tem razão porque muita gente vai porque é fixe ir a um concerto de jazz, fica giro, é chique, tem um bocadinho essa coisa, ainda. Mas pronto, faz parte, é assim que vamos ganhando público, ao fim e ao cabo. 

Cresceu em Leiria, a 150 quilómetros da Praça da Alegria. O que o fez tornar- se músico de jazz? 
Não estava pré-estabelecido, não tinha pensado ser músico de jazz, nunca na vida. Fiz o conservatório aqui no Orfeão de Leiria e depois comecei a frequentar workshops, com professores do Hot, que havia na SAMP antigamente. Eu e o meu irmão, que é mais velho, somos a primeira geração de músicos na família. Quando fizemos os workshopscomeçámos uma banda de dixieland, os Desbundixie. Com esses workshops fomos tendo o bichinho pelo jazz, fui ouvindo muito este tipo de música, jazz anos 20, gostava muito. A ida para o Hot já foi mais tarde. 

Voltava a escolher o saxofone? 
Não fui eu que escolhi o saxofone. Comecei numa filarmónica, a Banda Portomosense, não havia muitos saxofones e entregaram-mo. Mas eu identifico-me muito com o instrumento. Na altura tocava saxofone alto, depois com a transição para o jazz, mudei para o saxofone tenor. 

Há grandes diferenças entre o som do seu primeiro colectivo – Desbundixie – e a música que compõe, nomeadamente no último álbum, Interchange. Com que ambiente mais se identifica? 
Tento ter muitas e variadas coisas a acontecer, o que me obriga a ser o mais versátil possível, adaptando-me ao contexto. Tenho a banda dixie, toco em orquestra, tenho o meu quarteto com música que escrevo. É difícil dizer de qual gosto mais, dão-me prazeres diferentes. 

A propósito do Interchange e de uma crítica positiva na revista norte-americana Downbeat, o Miguel Esteves Cardoso escreve que a música jazz é bem capaz de ser a coisa que mais melhorou em Portugal nos últimos tempos. Concorda? 
Sem dúvida. O jazz evoluiu mesmo muito. Basta olhar para a quantidade de escolas superiores que agora existem, cursos profissionais de jazz. No meu tempo só havia o Hot Club e uma escola superior de música, que era no Porto. Hoje em dia, a quantidade de músicos que saem, muitos miúdos, que vêm de todo o País, de repente chegam miúdos de 18 anos já a tocar incrivelmente bem, sem dúvida que o jazz se desenvolveu muito. 

Ele também dá a entender que os músicos evoluíram, mas a aceitação social do jazz continua restrita a um círculo de elites. 
É verdade. Como aumentou o número de estudantes e de músicos, naturalmente aumentou um bocadinho o público, malta que vai ver concertos, embora os estudantes devessem ir ver mais concertos e não vão muito. Mas, de qualquer das maneiras, o público ainda não presta atenção aos músicos portugueses, sobretudo o público leigo. É uma música difícil. Hoje em dia os estudantes estão a ter aulas com um professor e não fazem ideia do que ele toca, não vão ver concertos. É uma coisa que me faz alguma confusão. Quando fui estudar para o Hot Club, conhecia os professores todos. Hoje em dia há tanta informação que a malta dispersa. 

Há mais gente a tocar jazz, mas não há tanta mais gente a ouvir música jazz. 
É verdade. Hoje em dia o nível do músico português está igual ao dos outros países da Europa e dos Estados Unidos. O público se calhar não dá o devido valor aos músicos portugueses. Mas não é só na música. E temos músicos de topo. 

Como é que olha para este último álbum no percurso e no conjunto dos discos que já editou?
Cada disco marca um bocadinho a nossa época, como pensamos a música, o que é que andamos a ouvir. Influencia- nos também naturalmente, com quem tocamos. Este disco acho que foi o meu melhor momento de forma em toda a minha carreira. E ainda bem que ficou registado. Os discos acabam por ser fases da vida musical ou pessoal. Quando somos músicos ou profissionais da área o currículo é uma coisa que temos de ir construindo. Gravar discos, o facto de ter lançado agora os livros, senti-me realizado. Defino muitos objectivos e metas e tento cumprir. E, até ver, tem corrido bem. 

 [LER_MAIS] 

Diz o Bernardo Moreira que o jazz não é um negócio e quase todos os clubes comerciais acabam por fechar portas, ao contrário do Hot que mantém um espírito de clube e associação. 
Concordo com ele. Está um bocadinho na moda o Hot, são mais os turistas do que os músicos e estudantes. Já estou por lá desde 2004, para mim é como uma segunda casa e identifico-me muito com a maneira de pensar. Tanto na escola como no clube, há uma mística, um ambiente muito associado ao jazz, um ambiente mais relaxado e com boa onda, acho que isso ajuda a manter o espírito e a união entre todos. Há uma relação muito relaxada e positiva entre professores e alunos, é uma das mais-valias para manter o clube e a escola a funcionar. 

É uma linguagem que se constrói e ouve mais com o intelecto do que com o coração? 
Tem o seu quê de intelectual. Também o facto de ser uma música complexa, as pessoas que ouvem não compreendem e o facto de não compreenderem acham logo que não gostam, porque demora aprender a gostar e tentar compreender o que é que acontece. A meu ver, tem que haver sempre uma parte emotiva e uma parte de energia que temos de transmitir para o público. Falta um bocadinho de formação musical, seja jazz seja o que for, ao povo português, no geral. Mas está a melhorar, sem dúvida. 

A essência está no improviso? Ou na relação entre o ritmo, a melodia e a harmonia? 
Tudo. O que me dá mais gozo é o improviso, como é óbvio, é a parte em que temos a liberdade para fazermos o que queremos. E há sempre aquele risco de em tempo real fazer as coisas bem. E depois a melodia é importante para chegar ao público, para as pessoas gostarem, porque é mais fácil reconhecer uma melodia simples do que uma coisa muito complexa que eles não vão perceber. Mas outra coisa que gosto muito, que me dá muito gozo, numa banda de jazz, é a interacção entre os músicos, em tempo real estamos a improvisar e acontecem coisas que não vão acontecer mais. Um dá uma ideia, outro responde, vamos atrás para outra secção diferente. O improviso individual e colectivo é uma coisa muito genuína do jazz. 

Para tornar a melodia memorizável, é necessário simplificar? 
A ideia é que pareça simples para quem ouve, tem que soar simples. Quando escrevo, tento que a melodia faça sentido, tenha uma lógica. De onde vem, para onde vai, a relação com a harmonia. Quero que soe simples, não quer dizer que seja simples. O que aconteceu neste disco. Tentei complicar muito a nível de compassos, de métricas, de balanços e groovesdiferentes, mas parecendo simples ao mesmo tempo. 

O que levou à criação da Orquestra Jazz de Leiria? 
Foi a maneira de juntar os músicos de jazz de Leiria, que na altura ainda éramos menos. Toco na orquestra do Hot Clube e sempre gostei muito e depois pensei que era giro fazer uma orquestra em Leiria, porque não existia aqui nada. Tive muitos alunos no Hot que são de Leiria. O caminho que vai acontecer naturalmente é que as escolas de música na região apostem mais no jazz. A orquestra tem chamado mais gente, os workshops que tem havido também têm chamado mais gente, os festivais, que agora voltaram. Pouco a pouco a coisa está a compor-se. 

Porquê as parcerias da Orquestra com cantores de outros géneros, como David Fonseca, Áurea, Camané, Pedro Abrunhosa, Sara Tavares, entre outros? 
A ideia inicial foi de juntar estilos diferentes e tentar sair da nossa zona de conforto e fazer o mesmo aos convidados. Por norma tocamos temas de jazz e temas dos convidados fazendo arranjos específicos o que torna os espectáculos únicos e especiais. Naturalmente que ao chamar músicos de renome faz com que tenhamos mais público a ir assistir ao nossos concertos, estamos a cativar novos ouvintes de estilos diferentes e que começam a acompanhar a Orquestra, e mais tarde muitos se convertem ao jazz. É um percurso longo mas sem dúvida que temos conseguido cativar mais público com estes concertos. 

O que o motivou a publicar dois livros sobre a teoria do jazz?
Bem, foi uma grande maluqueira, na verdade. É mais complicado do que parece, demorei um ano e meio para cada livro, é uma coisa exaustiva. Dou aulas de teoria no Hot Club e não existiam manuais, a não ser livros americanos. E comecei a pensar que ia ajudar os estudantes de jazz e o público em geral a compreender melhor como funciona a parte teórica no jazz. O livro está feito para todos os níveis e pessoas, mesmo para quem nunca estudou música, o livro começa mesmo no zero: notas, pautas, etc, sendo que a meio começa a complicar. Mas a ideia era colmatar uma falha que existia no ensino do jazz em Portugal, em que já existiam cursos profissionais, superiores, e não havia um único manual teórico em português. 

O jazz é uma linguagem que está num patamar mais elaborado do que outras linguagens musicais? 
Pelo que ouvimos no dia a dia e nas rádios, sem dúvida que o jazz é muito mais interessante e complexo, a meu ver.

Tem um quotidiano bastante diversificado: é músico, compositor, professor, maestro. Onde é que se imagina dentro de 5 ou 10 anos?
Nunca penso assim a tão longo prazo. Já me sinto realizado com aquilo que faço e com o que já fiz. Mas tenho sempre objectivos. Imagino-me a dar aulas, a tocar, a fazer música. E a divulgar o jazz para o público em geral. 

Há algo que aprendeu no jazz que o ajude a perceber outras facetas da vida? 
Só se for a parte do improviso no dia a dia, mas o povo português já tem um bocadinho essa fama. 

Há um papel social do jazz, enquanto linguagem musical e arte?
Tornar mais cultas as pessoas.
 
Perfil: um disco maior e um livro pioneiro. O saxofone tenor é o instrumento de especialização de César Cardoso, que já tocou com grandes nomes nacionais e internacionais do jazz. Instrumentista, compositor, arranjador, desdobra-se em múltiplas facetas de uma abordagem à música que pretende fresca, enérgica, melódica e de fácil percepção. Interchange (2018) é o terceiro álbum de originais, com os parceiros habituais de quarteto – Bruno Santos, Demien Cabaud e André Sousa Machado – e um convidado especial, o porto-riquenho Miguel Zenón. Um disco com nota 4 em 5 na revista norte-americana Downbeat e destaque de Miguel Esteves Cardoso no Público, num artigo em que o escritor assinala a evolução do jazz português no panorama internacional. Nascido em 1982, em Leiria, César Cardoso começou na Banda Portomosense e estudou na Escola de Música do Órfeão de Leiria, na Escola de Jazz do Hot Club de Portugal e na Escola Superior de Música de Lisboa. É o mentor e director artístico da Orquestra Jazz de Leiria e está ligado à fundação do colectivo Desbundixie, com que continua a tocar e a gravar. É também autor do livro Teoria do Jazz, o primeiro manual em português. Do histórico Hot Club de Portugal, onde dá aulas desde 2008, diz que é uma espécie de segunda casa.
 
Etiquetas: césar cardosointerchangejazz
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