Entre 2000 e 2017, o número de mortes por acidentes de trabalho em Portugal caiu 67%. Na viragem do milénio, foram registadas no País 368 vítimas mortais, enquanto no ano passado as estatísticas da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) contabilizaram 119 óbitos.
O distrito de Leiria tem acompanhado esta tendência de queda, passando de 28 falecimentos, em 2000, para quatro ocorridos no último ano. Também ao nível do total de acidentes, os números revelam uma diminuição significativa, quer no País quer na região.
De acordo com dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no ano 2000 houve mais de 234 mil acidentes de trabalho em Portugal, número que caiu para pouco mais de 208 mil em 2015, último ano com estatísticas publicadas, registando-se, assim, uma diminuição na ordem dos 11%.
No distrito, a quebra foi ligeiramente superior, rondando os 18%, que traduzem uma redução de aproximadamente 16 mil para cerca de 13 mil sinistros laborais, entre 2000 e 2015.
As estatísticas da ACT revelam ainda que, no último ano, morrerem em Portugal 119 pessoas e 315 ficaram feridas com gravidade na sequência de acidentes de trabalho, enquanto no distrito o número de mortes totalizou quatro.
[LER_MAIS] Nos primeiros três meses deste ano, já foram contabilizadas 27 vítimas mortais, duas das quais, no distrito de Leiria. De acordo com os dados da ACT, a maior parte dos acidentes ocorridos no último ano tive lugar em micro-empresas (até nove trabalhadores), sendo que mais de 40 das vítimas tinham contrato sem termo.
A construção continua a ser o sector onde ocorrem mais acidentes mortais (35 das 119 vítimas), seguido das indústrias transformadoras e do comércio por grosso.
Em relação a este último sector, Catarina Sardinha, directora do Centro Local do Lis da ACT, explica que a sinistralidade “está essencialmente associada às operações de elevação e movimentação de cargas”, com recurso frequente a empilhadores,camiões e outros equipamentos similares.
A “falta de planeamento do trabalho e de formação, nomeadamente para condução de empilhadores, a inexistência de marcação devias de circulação para veículos e trabalhadores e a inexistência de protecção colectiva nos cais de carga/descarga” são as principais causas desses acidentes, “frequentemente com consequências fatais”.
Aprovada em 2015, a Estratégia Nacional de Segurança e Saúde põe como meta a redução do número de acidentes de trabalho em 30% até 2020, assim como os factores de risco associados às doenças profissionais.