Na cidade de Leiria estão identificados 13 prédios que, face à sua degradação, apresentam risco de derrocada. Os dados foram relevados pelo município na sequência do desabamento de um edifício devoluto, que, na segunda-feira, caiu para a rua em frente ao Moinho de Papel.
O incidente não provocou feridos, mas obrigou ao fecho da via que, à hora de fecho desta edição, ainda se mantinha.
Segundo informações da vereadora do Urbanismo, Rita Coutinho, o imóvel já tinha sido alvo de duas vistorias por parte dos serviços municipais, em 2014 e 2015. Na sequência dessas acções, a Câmara notificou o proprietário para fazer intervenções que “acautelassem” uma eventual derrocada.
“Algumas dessas medidas foram executadas, como o fecho de vãos. Para outras, o proprietário solicitou a prorrogação de prazo”, acrescenta a autarca, revelando que o município já tinha emitido alvará relativo ao processo de demolição do edifício.
A derrocada ocorreu por volta das 12:50 horas, num momento em que Ricardo Borges passava de carro no local, no sentido entre a rotunda junto ao Jardim de Santo Agostinho e a ponte dos Caniços.
“Apercebi-me de algumas pedras a cair. Só tive tempo de fugir para a outra faixa e acelerar”, contou o automobilista ao JORNAL DE LEIRIA, pouco depois do incidente. “Foi um grande susto. Só por sorte, não fui apanhado pela derrocada”, acrescentou.
[LER_MAIS] O desabamento do prédio na rua da Fábrica de Papel foi abordado na última reunião de Câmara, onde o vereador do PSD Álvaro Madureira quis saber se o município tem identificados os imóveis que possam apresentar risco. Um trabalho que, presidente da Câmara, está feito.
De acordo com o levantamento da autarquia, há 13 imóveis onde “pode haver derrocada”, mas, pela avaliação feita pelos serviços municipais, não se pode concluir que estejam em risco “iminente”. “Só entidades especializadas como o LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] ou o Instituto Superior Técnico poderão fazer essa análise”, acrescenta fonte do município.
Os 13 edifícios já foram alvo de vistoria “em resposta a pedidos da protecção civil ou de queixas de munícipes, quanto à queda de elementos das fachadas ou de beirados das edificações ou ao seu estado devido à antiguidade, abandono e degradação”, acrescenta a autarquia.
Segundo informação dos serviços municipais, “a situação mais grave deve ser a do edifício” existente no cruzamento da Travessa do Viana com a Rua da Beneficência (transversal à 'rua Direita').
Na sequência dessas inspecções, os proprietários são notificados a intervir. Entre as medidas impostas estão a remoção de elementos em risco de queda, a estabilização de estruturas, o fecho de vãos, a colocação de vedação em torno dos imóveis ou a demolição de telhados ou até do próprio edifício.
Ao que o JORNAL DE LEIRIA apurou, em alguns dos edifícios identificados já terão sido implementadas as medidas preconizadas. Noutros, decorrerão ainda os prazos concedidos ou prorrogados para a sua execução.
PSD pede mais ARU
Face ao número de edifícios devolutos e/ou degradados existentes na cidade, os vereadores do PSD propuseram, em reunião de executivo, o alargamento das áreas de reabilitação urbana (ARU) já existentes (centro histórico e Nossa Senhora da Encarnação e Arrabalde d’ Aquém) e a criação de novas em algumas freguesias, como Monte Real, Santa Catarina da Serra, Amor, Maceira, Milagres e nas zonas centrais de Cortes e Barreira.
“Apesar das grandes transformações ocorridas nas últimas décadas, ainda persistem alguns núcleos urbanos com interesse do ponto de vista arquitectónico e morfológico que importa preservar”, alega Ana Silveira.
A vereadora do PSD frisa ainda que a definição de novas ARU e a expansão das existentes permitirá que os proprietários dos imóveis nessas zonas possa concorrer a mecanismos de apoio financeiro, destinados à reabilitação urbana, “não só agora como em futuros avisos que possam abrir, mas também permitirá “aumentar o dinamismo económico” naquelas áreas.