Docente no Instituto Politécnico de Leiria, Maria Guarino é uma das investigadoras responsáveis pela descoberta de um método que pode controlar a diabetes tipo 2 através de um dispositivo bioeletrónico.
O avanço aparece agora publicado na Diabetologia, a revista oficial da Sociedade Europeia para o Estudo da Diabetes. Desde 2009 que Maria Guarino tem vindo a trabalhar com Sílvia Conde, investigadora principal do projecto, na hipótese de o corpo carotídeo – um pequeno órgão localizado no pescoço – poder estar envolvido no aparecimento da diabetes mellitus, tipo 2.
Em 2013, a investigação provou em animais de laboratório que, “se impedirmos os corpos carotídeos de enviar mensagens ao cérebro, conseguimos prevenir o aparecimento de diabetes em ratos”.
Nessa fase do projecto entrou em cena a farmacêutica Glaxo Smith Kline (GSK), que “estava a desenvolver um medicamento bioelectrónico, que poderia ter aplicação na disfunção do corpo carotídeo”, conta Maria Guarino.
A parceria com a farmacêutica conduziu a um novo progresso na investigação. “O que fizemos foi implantar eléctrodos nos corpos carotídeos de ratos, com um interruptor que liga ou desliga o eléctrodo. Verificámos que conseguimos tratar a doença quando ligamos o dispositivo médico e fazer a doença regressar quando o desligamos”, explica a investigadora.
[LER_MAIS] O artigo agora publicado “mostra que é possível utilizar um equipamento bioeletrónico para corrigir a disfunção dos corpos carotídeos que surge na diabetes e, desta forma, tratar esta doença em modelos animais”.
O passo seguinte tem a ver com a parte tecnológica. A Galvani Bioelectronics (empresa que resultou da fusão da GSK com a Verily Life Sciences) comprou a patente da investigação e, segundo Maria Guarino,“está fortemente interessada em perceber se o que vimos em animais de laboratório também se verifica no humano e em implementar ensaios clínicos para lançar no mercado um medicamento bioelectrónico para a diabetes mellitus”.
Em declarações à revista Visão, Sílvia Conde revelou que a farmacêutica se encontra já “a desenvolver um micro-eléctrodo que possa ser implantado, recarregável e controlado por wireless", permitindo o controlo da doença a longo prazo.
"Uma vez que estamos a falar de algo que é implantado cirurgicamente, a adesão à terapêutica será mais fácil porque os doentes não precisam de se lembrar de tomar comprimidos ou de injectar fármacos”, frisa Sílvia Conde.
Doutorada em Fisiologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, Maria Guarino é, desde 2013, professora na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria. A docente mantém-se, no entanto, como investigadora no Centro de Doenças Crónicas da Universidade Nova de Lisboa. Com investigação na área da diabetes, Maria Guarino tem vindo, desde 2009, a estudar com Sílvia Conde, doutorada em Farmacologia, na área do corpo carotídeo, a possibilidade de este pequeno órgão localizado no pescoço estar relacionado com o aparecimento da diabetes tipo 2. Essa relação encontra-se já demonstrada em animais de laboratórios. O passo seguinte é perceber se também “se verifica no humano e implementar ensaios clínicos para lançar no mercado um medicamento bioelectrónico para a diabetes mellitus”, explica a docente. Maria Guarino é também investigadora e membro do Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Leiria.