Até há uns meses atrás quase que parecia que estávamos no País das Maravilhas e mesmo depois da tragédia de Junho, com incidência particular no nosso distrito, onde o Governo até encomendou um estudo de opinião, ainda houve muitos que pensavam que a questão estaria resolvida.
De facto, nestes dois últimos anos, e apesar do desempenho da governação, os portugueses parece que estão um pouco anestesiados, pois de repente, sabe-se lá porquê, adquiriram uma grande dose de compreensão para tantas coisas, pasme-se, até para aumentos de pensões de míseros euros!
Ou ainda para ninguém se importar muito com a gravidade da situação de Tancos, com o material desaparecido e agora com a paródia do material encontrado ainda ser em maior quantidade, portanto, até pode ter sido uma boa coisa! Mas mais recentemente, a história do jantar do Panteão Nacional no âmbito do “show” da Web Summit.
E se venho a este tema, nem será tanto para questionar como é que é possível num espaço como o Panteão ocorrerem determinados eventos ou realizações, veja-se o que se passou no Convento de Cristo em Tomar, mas sim para me indignar com a indignação do primeiro-ministro de Portugal!
Como é que é possível, e com que desfaçatez, o primeiro-ministro António Costa, líder do Governo de Portugal, fazer uma publicação com o teor que fez, quando ele é o responsável máximo de um Governo que tutela a matéria em questão?
Até podia ter compreensão para que se viesse retratar e apresentar uma justificação ou, mesmo, como fez o líder da Web Summit, o irlandês Paddy Cosgrave, um pedido de desculpas pelo sucedido, agora vir indignar-se… caro Dr. António Costa, olhe para o espelho!
[LER_MAIS] Com tudo isto vão passando os meses e depois da tragédia de Junho veio a catástrofe de Outubro, no que aos incêndios florestais diz respeito, e foi precisa a intervenção do Presidente da Republica para que, pelo menos, passado tanto tempo, houvesse responsabilidade política com a demissão da ministra da Administração Interna, de quem pessoalmente nada tenho a dizer, mas que esteve tempo a mais no Governo, hoje também se sabe, pela própria, mais tempo de que pretendia, pois o primeiro-ministro entendia que continuava a reunir todas as condições para exercer o cargo, ou digo eu, para descarregar em alguém as responsabilidades e a atenção do espaço mediático.
Sim, porque foi pela postura de insensibilidade e frieza extrema na intervenção de António Costa no comentário aos fogos de Outubro que o caldo se entornou! Ter a ousadia de afirmar que isto dos incêndios, com esta dimensão, era algo a que nos teríamos que habituar, e por isso os populares tinham era que se preparar para apagar fogos, quando falamos do registo de mais de 100 mortes nos incêndios florestais de 2017, fica quase tudo dito.
Aliás, tem ainda que ser denunciado o atraso no reparar de tantas questões que foram prometidas e que nunca mais chegam, ou das grandes dúvidas na aplicação dos fundos e donativos, retardando, inexplicavelmente, a imperiosa necessidade de colmatar o mais que possível as situações dramáticas a que assistimos e que não vemos resolvidas.
E por fim, ainda a legionella e mais mortes de pessoas, sem que se perceba muito bem como é que é possível que em pleno século XXI estejamos tão desprotegidos, ainda por cima num Governo suportado pela esquerda e extrema-esquerda, altamente defensor do Estado Social!
Ou tudo isto será reflexo da política de cativações, para apresentar resultados, mas não permitindo o investimento? Ou também dará jeito para nos desviar da discussão do Orçamento de Estado de 2018? De facto, vamos ficar atentos para observar para onde vai este Governo, esperando que não nos leve para o cenário de 2011!
*Economista