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Home Viver

Ai! Flores do Verde Pino

admin por admin
Outubro 26, 2017
em Viver
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Nos dias 15 e 16 de Outubro, o Pinhal de Leiria, também conhecido como Pinhal do Rei, e a maior parte das matas nacionais do Urso e do Pedrógão, desapareceram em menos de 24 horas.

Da “catedral verde”, como lhe chamou o poeta Afonso Lopes Vieira, velha de sete séculos de história, inspiradores de mitos e lendas, sobrou pouco mais do que um extenso manto cinza e negro, no local onde os viçosos pinheiros beijavam o oceano e escreviam versos no vento.

No mundo das letras conseguimos encontrar várias referências ao grande pinhal que, em tempos, se estendeu, continuamente, da zona saloia de Lisboa à foz do Mondego. Destacamos aqui algumas peças e autores. na construção das naus dos Descobrimentos.

E, séculos antes, Camões só se “esqueceu” de ligar o pinhal ao rei-poeta e à expansão que deu novos mundos ao Mundo, porque o mito associado a estas ideias só seria criado no final do século XIX, quando brotaram histórias fabulosas, destinadas a engrandecer as figuras da construção de Portugal.

Naturalmente, o poeta do século XVI, que tanto vangloriou a epopeia das gentes da Ocidental praia Lusitana, não o podia conhecer. Historiadores e botânicos como Jorge Paiva, revelam que as naus dos Descobrimentos foram construídas com outra matéria-prima da região de Leiria, principalmente com as florestas de carvalho, castanho e sobro das Serras de Aire e Candeeiros e da zona que agora dá pelo nome de Pinhal Interior.

 [LER_MAIS] O poeta Afonso Lopes Vieira, que nasceu em Leiria, mas que elegeu a praia de São Pedro de Moel (Marinha Grande) como refúgio, tendo lá construído a sua “casa-nau”, inspirou-se no azul profundo do mar e no verde ditoso que é, simultaneamente, cor na bandeira nacional e na paisagem da Estremadura, para descrever o pinhal como uma “catedral verde e sussurrante, aonde a luz se ameiga e se esconde e onde ecoando a cantar se alonga e se prolonga a longa voz do mar (…)”.

Nos anos 80, do século passado, o crítico literário, ensaísta e professor universitário, Jacinto do Prado Coelho escreveu acerca da língua da “ditosa pátria amada” de Camões, escreveu que o Português é um idioma criado por canções de amor “sussurradas nos pinhais à beira-mar”, numa clara alusão às matas viçosas que cobrem o litoral português, e, sem dúvida, o Pinhal de Leiria/Pinhal do Rei.

Recentemente, na sequência dos incêndios que destruíram o pinhal da região e dos fogos que assolaram a zona de Pedrógão Grande, o músico de Leiria, XL, criou um tema de hip hop, com rimas e versos sobre as memórias de infância e a saudade e o sentimento de perda irreparável do Pinhal.

Ai Flores do Verde Pino 
O rei D. Dinis escreveu cerca de 134 trovas entre elas 51 cantigas de amigo, 73 cantigas de amor e dez cantigas de escárnio e maldizer, entre elas a cantiga Ai Flores do Verde Pino, a mais conhecida das suas obras.

Nela, D. Dinis toma o lugar de uma donzela que tem saudades do amigo que se demora. Interpela as “flores do verde pino” sobre o seu paradeiro – “Ai Deus, e u é?” – e delas recebe a resposta que ele “é sano e vivo, e será vosco ante o prazo saído”. Mas com que voz lhe falam as flores? Num “rumor dos pinhais”, “um silêncio múrmuro consigo”, como descreve Pessoa, na primeira metade do século XX.

Este é também o rumor de que Jacinto do Prado Coelho nos falará, décadas mais tarde, quando fizer o estudo da origem da língua galaico-portuguesa. Sobre a plantação do pinhal, o silêncio n’Os Lusíadas é total. Não há sequer uma referência vaga nas três estrofes que o seu autor dedica ao “rei Plantador”.

“Camões não poderia nunca aludir a um facto desconhecido na sua época. Na verdade, como todos os historiadores recentes atestam, a plantação do Pinhal de Leiria por D. Dinis é uma lenda mais tardia e sem qualquer consistência documental, a não ser, o notável papel do rei, na organização do reino”, refere a investigadora da Universidade Nova de Lisboa, Graça Videira Lopes.

Porém isto não impediu que, nos anos 30, D. Dinis fosse associado a três actos criativos, o de trovador, o de lavrador e o de plantador. Fernando Pessoa na estrofe do poema D. Dinis, na sua Mensagem, obra basilar para o seu “Quinto Império”, realça-os.

No primeiro verso, o escritor desenha uma imagem do rei a escrever uma das suas cantigas d'amigo, sonhador da expansão que daí a cerca de dois séculos se iniciaria com a conquista de Ceuta.

O monarca é, então, “trovador” ao produzir e escrever trovas e cantigas, onde a donzela escreve e descreve o seu amor pelo amigo, longe em guerras ou no mar. É “lavrador”, porque, após gerações de soberanos que se dedicaram à conquista de terras, ele é o rei que se dedica à agricultura e à regulação do plantio das terras. E é o mítico “plantador” que ordenou a plantação do Pinhal de Leiria, que iria ser “usada para construir as naus utilizadas nos Descobrimentos”.

Graça Videira Lopes vê uma ligação ao Pinhal de Leiria e a Pessoa, quando este chama ao “rei poeta” e “o plantador das naus a haver”, alusão ao pinhal de Leiria. “Poeta do mar futuro, da escrita e da acção precursora, na estrutura épica e marítima do livro [Mensagem].”

Naqueles anos 30, também o poeta Afonso Lopes Vieira fez uma viagem ao passado, ao apropriar-se dos versos de D. Dinis para realçar a importância do pinhal na árdua tarefa de dar novos mundos ao Mundo. Isso mesmo se interpreta na estrofe de Pinhal do Rei: “Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,/que vedes no mar?/Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,/são as caravelas, teu corpo cortado,/ é lo verde pino no mar a boiar”.

Como refere a investigadora e professora de literatura, Cristina Nobre, o mar e o pinhal, cantados por Afonso Lopes Vieira constituem símbolos identificativos regionais. “Ele foi o pai de uma certa identidade regional, de onde a terra se acaba e o mar começa”. Já no poema Num tronco dum pinheiro da floresta (1908), a docente do Politécnico de Leiria sublinha que Vieira realça a bondade da natureza e vê uma ligação inquebrantável entre o mar e o pinhal na sua obra literária.

XL homenageia Pinhal Real
Na passada semana, o artista de Leiria XL compôs Pinhal Real, uma música em homenagem à mata nacional e ao fim abrupto de 700 anos de história, nos dias 15 e 16. “Este é o segundo tema com que intervenho nas tragédias deste ano. A 17 de Junho senti a calamidade no distrito de Leiria, em Pedrógão Grande.

Desloquei-me lá quatro vezes e dessa acção resultou o tema Portugal de Luto”, recorda XL. Este mês, sentiu o flagelo às portas da cidade de Leiria, “no pulmão histórico que foi o Pinhal de Leiria”. “Como outros cidadãos, guardo dele recordações da infância à idade adulta.” O músico diz que se sentiu constrangido ao ver o “passado de séculos ser desfeito em menos de 24 horas”.

Pinhal Real foi, explica, “escrita com o ‘coração na boca’”. “Pretendo manter a esperança de, um dia, ainda poder ver o Pinhal de Leiria reflorestado e de poder ter contribuído para preservar a sua história. O videoclipe está disponível na página Xpressivo Lírico, no Facebook.

 

D. DINIS
Ai flores do Verde Pino

Ai Flores do Verde Pino
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do qui mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
Vós me perguntardes polo voss'amigo,
e eu bem vos digo que é san'vivo.
Ai Deus, e u é?
Vós me perguntardes polo voss'amado,
e eu bem vos digo que é viv'e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san'vivo
e seera vosc'ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é viv' e sano
e seera vosc'ant'o prazo passado
Ai Deus, e u é?

AFONSO LOPES VIEIRA
Pinhal do Rei

Catedral verde e sussurrante, aonde
a luz se ameiga e se esconde
e onde ecoando a cantar
se alonga e se prolonga a longa voz do mar,
ditoso o Lavrador que a seu contento
por suas mãos semeou este jardim;
ditoso o Poeta que lançou ao vento
esta canção sem fim…
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
são as caravelas, teu corpo cortado,
é lo verde pino no mar a boiar,
Pinhal de heróicas árvores tão belas
foi teu corpo e da tua alma também
que nasceram as nossas caravelas
ansiosas de todo o Além;
foste tu que lhes deste a tua carne em flor
e sobre os mares andaste navegando,
rodeando a Terra e olhando os novos astros,
oh gótico Pinhal navegando,
em naus erguida levando
tua alma em flor na ponta alta dos mastros! (…)

FERNANDO PESSOA
D. Dinis (Mensagem)

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.

XL
Pinhal Real
Oh you can´t hear me cry, see my dreams all die,
From where you standing, on your own.
It´s so quiet here, and I feel so cold,
This house no longer, feels like home.

Histórico Pinhal, semeado no Litoral,
Por D. Afonso III, Monarca de Portugal,
De uma fauna, flora, natureza sem igual,
Com D. Dinis alcançaste a tua extensão actual.
Coelhos, lebres, lontras, ouriços e raposas,
Texugos, corvos, gralhas, melros e felosas,
Pinheiro bravo, manso, urze e rosmaninho,
Por aceiros e arrifes, percorremos o teu caminho.
Protegeste o Castelo e a Cidade, das areias,
Como se fosses uma muralha, com as tuas ameias,
Emanaste poesia, ergueste estátuas a poetas,
Da madeira do teu pinheiro, construíste caravelas.
Para uma Marinha, que se tornou muito Grande,
Preservada com o teu Pez, ela navegou distante,
Foste construção naval, vidreira e metalurgia. (…)

 

Etiquetas: culturapinhal de leiriapoesiaViver
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