Bebidas desportivas, multi-vitaminas, magnésio e bicarbonato de sódio são alguns dos suplementos energéticos mais utilizados por jovens desportistas, que acreditam que esses ingredientes ajudam a melhorar o seu rendimento físico. Mas o resultado pode ser, precisamente, o contrário.
O alerta foi deixado por Mónica Sousa, docente da Escola Superior de Saúde de Leiria, onde é responsável pela disciplina de nutrição desportiva, durante o último encontro de enfermagem promovido pelo Centro Hospitalar de Leiria.
“Os suplementos energéticos não são recomendados em idade pediátrica [até aos 18 anos]”, defende a investigadora que, quando estava ligada à Universidade do Porto, integrou um estudo que envolveu quase três centenas de jovens atletas, segundo o qual, 66% dos inquiridos assumiram que tinham usado esse tipo de suplementos nos 12 meses anteriores.
Já com cerca de oito anos, o estudo, que “é o mais recente em Portugal” sobre o assunto, revelava ainda que 40% dos adolescentes inquiridos, admitia o consumo dessas substancias e alegava fazêlo por acreditar que tinham efeitos no rendimento desportivo.
[LER_MAIS] “O uso de suplementos em idades precoces pode provocar alterações metabólicas, que podem ter efeitos na adaptação ao treino e até retardar o a entrada na puberdade”, adverte Mónica Sousa, que na intervenção que fez durante o encontro de enfermagem sublinhou a importância de as crianças e jovens desportistas terem uma alimentação “adequada”, que lhe garanta “um balanço energético equilibrado”.
“Se esse balanço for negativo, compromete-se a saúde óssea e, eventualmente, atrasa-se a chegada à puberdade. Aumenta-se ainda o risco de lesão e o rendimento desportivo será menor”, explica a investigadora. Pelo contrário, se o balanço energético “for positivo”, há maiores probabilidades de “excesso de peso e de hipertensão e de contracção de lesões e menor rendimento” a nível desportivo.
Não se referindo especificamente àqueles que praticam desporto, Teresa Santos psicóloga, abordou algumas estratégias que podem ser adoptadas pelas crianças e jovens, de modo a resistirem à tentação de comer doces e fast-food, segundo o programa Tempest, um projecto que tentou perceber, sobretudo, como é que a auto-regulação se associa a comportamentos mais saudáveis em termos de escolhas alimentares.
“A auto-regulação é uma competência para a vida e é generalizável para um estilo de vida mais saudável”, afirmou Teresa Santos, que se mostrou ainda preocupada com o facto de apenas 10% das crianças e adolescentes com excesso de peso procurarem tratamento. “Isto começa a ser algo verdadeiramente preocupante para a saúde”, acrescentou, realçando que devem existir incentivos à alimentação saudável.
E exemplificou: “Retirar os chocolates da zona das caixas dos supermercados, subsídios para o consumo de certos alimentos ou cartões de bónus, em que, quando a pessoa compra determinados alimentos saudáveis, tem direito a uma outra coisa”.