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Home Sociedade

Caçadores, uma espécie em vias de extinção

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Setembro 14, 2017
em Sociedade
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Caçadores, uma espécie em vias de extinção
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Apaixonado pelo campo e pelos animais, Simão mal pode esperar pelo dia em que terá idade para caçar. Com apenas 11 anos, este pequeno mochileiro de Leiria é um dos poucos jovens seduzidos pela actividade cinegética. A despesa e a carga burocrática envolvidas, também o estigma associado ao caçador fazem dele próprio uma espécie em vias de extinção.

Jacinto Amaro, presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), explica que há 10 anos havia 200 mil pessoas a caçar. Desde então, o número de caçadores não parou de cair, ano após ano. A época de 2016-2017 foi uma excepção.

No ano passado, cerca de 117 mil tiraram licença anual de caça, mais 1700 do que em 2015-2016. Mas esta inversão prendeu-se mais com razões burocráticas do que com a vontade dos jovens de se dedicarem a esta actividade, salienta Jacinto Amaro, notando que a média de idades dos caçadores portugueses é actualmente de 60 anos.

O presidente passa a esmiuçar. Todos aqueles que têm licença de uso e porte de arma de caça e que têm carta de caçador ficam habilitados a ser caçador. Nestas condições encontram-se mais de 250 mil portugueses. Mas, para exercer efectivamente, cada caçador tem de tirar a licença anual de caça.

Ora, na época passada, foram 117 mil os que o fizeram. Mas este número só foi ligeiramente superior em relação ao ano anterior, por uma questão burocrática. Se ao longo de uma década o caçador não tiver solicitado a licença anual de caça, quando for à PSP renovar a licença de uso e porte de arma, fica obrigado a frequentar um curso para reciclagem de formação, que é pago.

Terá sido por isso, acredita Jacinto Amaro, que mais gente foi tratar da licença anual de caça. Só para não se sujeitarem à formação, aponta o presidente. Além da papelada necessária, e dos custos inerentes, o responsável pela Fencaça enumera outras razões pelas quais a caça tem perdido entusiastas.

Por um lado, os estudos e a entrada no mercado profissional ocupam cada vez mais tempo na vida dos jovens. Depois, a crise económica dissuadiu muitos de ir à caça, quando esta acaba por ser uma actividade lúdica cara (uma despesa média de mil euros por época engloba gastos com veterinários e alimentação para os cães, deslocações, roupas, cartuchos, quotas, entre outras despesas).

Finalmente, no caso do coelho bravo, observou-se também uma diminuição substancial de peças de caça, fruto da doença que afectou a espécie, o que desmotivou alguns caçadores, aponta Jacinto Amaro.

Mais mulheres num mundo de homens

Apesar de a caça ser, por norma, uma actividade mais popular entre os homens, tem vindo a crescer o número de senhoras caçadoras. Elas serão hoje cerca de 5% no conjunto total de caçadores portugueses, estima a Fencaça.

Jacinto Amaro reconhece que até 1986, no que à caça diz respeito, o País estava completamente “desordenado”, “em anarquia”. Caçava-se de tudo e em todo o lado e, volta e meia, entre as multidões que se concentravam a caçar, havia gente que se agredia.

Depois dessa data “criou-se um clima social mais propício à presença também das senhoras”, salienta o presidente da Fencaça. A partir de meados dos anos 80, depois de uma intensa intervenção da Federação, foram constituídas diferentes zonas de caça, que são hoje cerca de 6 mil.

Estas subdividem-se em Zonas de Caça Associativa (dirigidas por clubes ou associações, a quem os sócios pagam quota); Zonas de Caça Turística (onde o empresário comercializa as caçadas e o caçador paga determinado valor por peça); Zonas de Caça Municipal (detidas por municípios, juntas de freguesia, associações florestais e de caçadores, onde se pode caçar a preços mais acessíveis); e Zonas de Caça Nacionais (cuja finalidade passa pelo estudo e pela preservação de espécies emblemáticas).

Instaurado este clima mais “respeitoso”, as senhoras passaram a acompanhar os maridos nas caçadas e a lavar também os seus filhos. Agora, há mulheres que caçam tão bem quanto eles, repara Jacinto Amaro. Não só caça migratória (tordo, pato, rola, etc.), como também caça maior (javali, corso, veado, gambo, etc.), “que exige mais paciência”, ou até a denominada caça menor (coelho, lebre, perdiz, etc.), que implica grande agilidade física, nota o responsável pela Fencaça.

Além disso, salienta Jacinto Amaro, a caça é muito mais do que matar um animal. São as amizades que se fazem em torno da caçada, são o petisco e as noites culturais que muitas vezes se seguem, com programas de fados, exemplifica o presidente. Em tudo isto também as senhoras gostam de participar, nota o dirigente da Fencaça.

Quatro gerações partilham o mesmo hobby

 [LER_MAIS] Na família de Hugo Patrocínio, dos Marrazes, a tradição ainda é o que era e são já quatro as gerações que se juntam em torno deste gosto comum. Hugo tem 31 anos e já caça desde os 16 anos, assim que a lei o permitiu, ainda que com a devida autorização do encarregado de educação.

Começou por acompanhar o pai e o avô quando era pequeno. Era mochileiro, ou seja, ajudava os caçadores a transportar a bagagem e a localizar a presa. Hoje em dia, ir à caça é uma forma de poder passar mais tempo com a família sem a interferência dos telemóveis.

O pai continua a ir, o avô também, aos 82 anos, e a eles juntou-se entretanto um jovem elemento, o Simão, enteado de Hugo, que acompanha os homens de barba rija há “quatro ou cinco anos”. “Pode parecer um contra-senso, mas gosto da caça porque gosto muito da natureza, de estar ao ar livre”, justifica Hugo.

A caminho da caçada, o grupo fala de tudo, incluindo futebol e esposas, que ficam em casa, muitas vezes a reclamar das ausências deles ao domingo. No regresso, todos chegam entusiasmados com a caçada, que toma conta de todas as conversas. “Ir à caça é muito mais do que caçar o animal”, realça Hugo Patrocínio.

“Também é o tempo que se passa a treinar o cão, a preparar o material, a tratar da burocracia. E é também a patuscada, que se faz na mata ou em casa com toda a família”, explica Hugo.

E é também conhecer o País de Norte a Sul, seja a caçar nos campos da Carreira, perto de casa, seja em Castelo Branco ou no Algarve, dependendo do voo dos tordos, exemplifica o caçador.

Além da crise económica, que tem afastado muita gente das caçadas, Hugo reconhece que as gerações mais jovens têm hoje uma cultura que não se coaduna com a caça. “Existe mais tendência para não querer ferir os animais”, observa Hugo Patrocínio. “Mas eu também respeito os animais, não sou a favor de que se maltratem os touros, nem maltrato o meu cão, que aliás mora connosco no apartamento”, demonstra o caçador.

Quem também diz gostar muito de andar pelo campo e pelos pinhais, e de contactar com os animais é Simão Nascimento, o enteado de Hugo Patrocínio, que com apenas 11 é uma raridade no grupo de caçadores. Isto porque não há crianças desta idade a acompanhar os mais velhos nas caçadas, repara Simão. No máximo, o rapaz já viu um ou outro adolescente nessas lides.

Enquanto não tem idade para disparar, Simão ajuda a carregar as mochilas dos crescidos. E quando a ave cai e não está morta, o rapaz também gosta de ajudar. Sem rodeios, torce-lhe o pescoço. “Já experimentei ir às codornizes, aos tordos e aos patos”, enumera Simão, que se revela também um bom garfo na hora de provar as peças.

Nas zonas urbanas, ser caçador é um estigma

Gonçalo Rodrigues, da Marinha Grande, tem 35 anos e já é caçador desde os 18. Tomou-lhe o gosto por influência do avô, a quem seguia pelas matas quando ainda tinha uns 7 ou 8 anos. A caça é o seu mundo.

Não fosse a despesa associada, e as ausências de casa, que sempre acabam por penalizar um pouco a esposa e as filhas, e iria mais vezes para a mata.

Gosta de fazer caça maior e caça menor. Mas de todas as actividades a que mais gosto lhe dá é a espera nocturna ao javali. Em aglomerados como a Marinha Grande, onde o rural e o urbano ainda se misturam, a caça é uma actividade com a qual a comunidade convive relativamente bem.

Mas quanto mais urbana é a população mais estigmatizada é esta prática, reconhece Gonçalo. “Há muita gente que não compreende, porque implica matar animais”, observa o caçador. Ora, a caça é bem mais do que isso, defende o jovem que gosta de ir caçar, independentemente de conseguir matar ou não um animal.

“Para mim, a caça não é um desporto, é uma forma de ligação do homem às origens, à natureza”, frisa Gonçalo Rodrigues, lembrando que há formas bem piores de agredir o meio ambiente e os animais.

Refere-se, por exemplo, aos “comportamentos de exploração massificada do planeta, à agricultura intensiva, ao uso e abuso dos automóveis e ao impacto dessa poluição” na fauna e na flora. Tudo isso é bem mais lesivo do que o acto ancestral de caçar, aponta Gonçalo Rodrigues.

Sobre a diminuição do número de caçadores em Portugal, o jovem tem várias justificações. Por um lado, o desinvestimento na agricultura, que degradou as condições para a caça; por outro, a “incompreensível” carga burocrática associada à actividade cinegética. “Parece que os caçadores é que são os criminosos do País”, reclama Gonçalo Rodrigues.

Sandro Lopes, 42 anos, apresenta um motivo adicional para a diminuição do número de caçadores. “O pessoal mais novo está a ter outro género de infância, que passa por estar mais agarrado aos computadores, em casa. E a caça implica gostar de campo e de animais”, sublinha o caçador de Leiria.

“No meu caso, sempre gostei de andar no campo com os colegas e de ir acompanhar os mais velhos na caça”, contrapõe Sandro Lopes que, mal teve oportunidade, se tornou também ele caçador.

Os locais que se conhecem e as amizades que se travam por todo o País são de resto os pontos mais valorizados por Sandro Lopes. O maior problema é mesmo o gasto que esta prática requer. Sem contar a alimentação dos seus oito cães, Sandro diz gastar cerca de 500 euros por época só para obter licenças, pagar seguros, quotas e despesa de veterinário.

“O meu filho ainda é novo, mas não vou tentar incutir-lhe o vício. Não vou proibi-lo, mas também não o vou encorajar. Isto porque além de ficar cara, a caça exige tempo e trabalho e os empregos de hoje em dia não se coadunam com isto”, expõe o caçador.

Em meios mais rurais, como Pombal, ainda existem diversas associações de caçadores e a prática é bem aceite pela comunidade.

Paulo Silva, da Freguesia da Guia, caçador há 17 anos, explica que nesta zona ainda há jovens a tirar carta de caçador por influência dos pais. Sucede que, quando crescem, tendem a afastar-se por causa dos namoros. A reaproximação da caça dá-se anos depois, quando já encontraram par e têm relações mais sólidas, nota Paulo Silva.

No seu caso particular, a actividade cinegética chegou por acaso. Emigrante e com habitação construída num local um pouco isolado, Paulo Silva queria ter licença de uso e porte de arma para poder ter alguma coisa em casa que o deixasse “seguro”, só para o caso de ter de “assustar alguém”.

A caça, que à partida era apenas a forma de chegar até à arma, acabou por se tornar num passatempo pelo qual se apaixonou. As montarias e as esperas nocturnas aos javalis são as suas actividades preferidas. Até à data, Paulo Silva nunca precisou de usar a arma para assustar ninguém.

Etiquetas: animaisCaçacaçadoresnaturezasociedade
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