A vista inconfundível do Sítio sobre a vila e sobre o mar, a qualidade dos peixes e dos mariscos servidos nos inúmeros restaurantes locais, também a animação das ruas e dos bares são as qualidades mais frequentemente apontadas pelos turistas que gostam de passear ou de estender a toalha na Praia da Nazaré.
Mas também há grandes problemas, admitem os veraneantes e os empresários. Um deles é a dificuldade em encontrar estacionamento. O outro são os altos preços que ali se praticam e que fazem da Nazaré “o Algarve” desta região.
Jorge Marques, a esposa e as duas filhas conheceram esta praia há quatro anos, por intermédio de amigos. Este ano voltaram, seduzidos pela paisagem.
“É tudo muito bonito”, considera o carpinteiro. O casal reconhece que há diversidade de cafés, bares e restaurantes, mas não é pela comida nem pela diversão nocturna que escolhe esta praia. É sobretudo pela possibilidade de fazer longas caminhadas à beira mar, pelo descanso, que elege a Nazaré.
Jorge Marques diz ter tido sorte por fazer negócio “a bom preço” com o particular que lhe alugou apartamento, e é em casa que tem feito as refeições. A maior dificuldade foi mesmo encontrar lugar para estacionar o carro, admite o carpinteiro.
Bernardete Vieira e o marido são naturais de Cabeceiras de Basto, mas vivem no Luxemburgo há 17 anos. Estão este ano pela primeira vez na Nazaré, com os seus três filhos, depois de terem ouvido falar da vila através da televisão. Confirmam que é linda a paisagem e que a temperatura da água do mar é mais convidativa do que as praias que conhecem a Norte do País. Para o seu poder de compra, os preços praticados na Nazaré “até são acessíveis”.
[LER_MAIS] Opinião bem diferente têm Susana Rodrigues e Bernardo Monteiro, dois amigos, jovens designers, que resolveram juntar dias de folga para conhecer a Nazaré, desfrutar da animação e da cultura local. Deixaram Lisboa de autocarro e preferiram instalar-se no parque de campismo. Embora considerem que a tenda fica muito longe da praia, é a forma mais razoável de fugir aos preços elevados das casas alugadas por particulares, expõem os amigos.
Quem também prefere fazer praia e regressar a casa ao fim do dia é José Fernandes e a esposa, emigrantes em França que têm habitação na zona de Santarém. É por uma questão de preço e de comodidade. “E se ficar por aqui muitos dias aborreço-me”, acrescenta José Fernandes.
Nem só os turistas falam de preços altos. Com roulote de farturas instalada há vários anos na Nazaré, Teresa Marília diz que o mês de Julho foi muito mau para o negócio, comparativamente ao ano passado. A esperança está agora no mês de Agosto e na vinda dos emigrantes. “Quem aluga as casas tem de baixar os preços. As pessoas não têm poder de compra, sobretudo os portugueses”, expõe a vendedora.
E é preciso apostar na animação permanente, acrescenta Teresa Marília, para quem “vir à Nazaré não pode ser só andar para a frente e para trás no calçadão”.
Para Carina Francisco, funcionária da Fábrica dos Doces, o problema não está na falta de animação, uma vez que se realizam concertos e sunsets várias vezes por semana. Salienta que a falta de estacionamento e os preços altos são as maiores reclamações dos clientes. “Queixam- -se que a Nazaré é mais cara do que o Algarve”, diz Carina Francisco.
Nem todos inflacionam os preços, argumenta por sua vez Maria Antonieta Bem. A gerente do negócio das tuk tuk garante que já não aumenta preços desde 2015. Reconhece, no entanto, que a falta de oferta hoteleira abriu espaço para que o aluguer de casas particulares “renda”.
Mas não faltam atractivos à Nazaré para compensar esse constrangimento, contrapõe a comerciante. A começar pela segurança, com policiamento até altas horas da madrugada, expõe Maria Antonieta.