Embora o Presidente da República tenha promulgado a reforma da floresta esta terça-feira, a lei, que entre outras medidas proíbe novas áreas de eucalipto, poderá entrar em vigor só em Fevereiro.
Até lá, explica Domingos Patacho, ambientalista da Quercus, são muitos os que estão a plantar esta espécie, nalguns casos sem a devida autorização, procurando antecipar-se à implementação de uma lei que se prevê mais dura com os prevaricadores.
O JORNAL DE LEIRIA teve conhecimento de três zonas onde foram recentemente plantados eucaliptos: junto à Estrada Atlântica, próximo da Praia da Légua e do Vale Furado, no concelho de Alcobaça, e também na Quinta da Várzea, no concelho da Batalha.
[LER_MAIS] Domingos Patacho diz que a Quercus tem notado esta tendência de plantação em regiões como a de Leiria, onde o eucalipto cresce bem. “Desde que houve notícia de que iriam proibir novas áreas de eucalipto, criou-se a dinâmica de plantar já, antes da lei entrar em vigor.
Algumas pessoas pediram permissão para plantar eucalipto ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, outras nem pediram porque sabiam que a probabilidade de serem fiscalizados era pequena”, expõe o ambientalista. Embora tenha sido promulgada a alteração ao regime jurídico aplicável às acções de arborização e rearborização, Domingos Patacho teme que a lei só entre em vigor “em Fevereiro de 2018”.
O ambientalista lembra que na proposta do Governo – quando se encontrava em fase de consulta pública – constava que a legislação entraria em vigor seis meses depois da aprovação. “É falta de coragem política”, acusa o ambientalista, que lamenta que se “empurre para a frente” a aplicação da lei.
“Entretanto as celuloses já estão a pedir a revogação de uma lei que nem sequer está em vigor”, observa Domingos Patacho.
Na sequência da notícia que dava conta do interesse da Câmara da Batalha na aquisição da casa onde nasceu Joaquim Mouzinho de Albuquerque, que faz parte integrante da Quinta da Várzea, houve vários munícipes do concelho a expressar preocupação, quer nas redes sociais quer junto do JORNAL DE LEIRIA, pela proliferação de eucalipto no local.
As faias, principal povoamento arbóreo existente na quinta, têm vindo a ser abatidas e substituídas por eucaliptos, alguns plantados recentemente.
O JORNAL DE LEIRIA enviou um pedido de esclarecimentos ao gabinete do bispo de Leiria-Fátima, que remeteu o assunto para os representantes do Seminário Diocesano de Leiria, entidade proprietária da Quinta da Várzea, mas, até ao fecho de edição, não foi possível obter resposta do reitor do seminário