Mais de 50% do chorão que cobria a ilha da Berlenga já foi removido no âmbito do projecto Life Berlengas. De acordo com um comunicado da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que lidera a equipa multifacetada que desenvolve o projecto, até ao momento registou-se a retirada de uma área de chorão equivalente a “quase dois campos de futebol”.
Uma acção que tem permitido uma “recuperação de várias espécies nativas, como a erva-vaqueira-ibérica ou escrofulária”. A retirada do chorão, espécie introduzida pelo homem e que cobria as encostas da ilha, é uma das acções desenvolvidas no âmbito do Life Berlengas, que leva já três anos de trabalho.
Num balanço do projecto feito a propósito do Dia Nacional da Conservação da Natureza, que se assinalou no passado dia 28, a SPEA manifesta-se convicta que as Berlengas estão hoje “a caminho da sustentabilidade”, com a “melhoria das condições de habitat para as espécies mais vulneráveis”.
Além da remoção do chorão, aquela sociedade destaca o trabalho de eliminação do rato-preto, outra invasora com “impacto nas espécies nativas e no desequilíbrio do ecossistema”.
Outra das acções do Life Berlengas envolve a cooperação com pescadores locais, que levou à colocação de painéis de contraste nas redes de emalhar em quatro barcos, com o objectivo de reduzir a captura acidental de aves marinhas, que “é comum nesta área”.
[LER_MAIS] O projecto contempla também a produção em laboratório de plantas endémicas da ilha para as ajudar a proliferar. “A mais visível e carismática – a arménia-dasberlengas – revelou altas taxas de contaminação e mostra taxas de germinação muito baixas, o que significa que o futuro da espécie está em risco. Com as duas outras espécies endémicas, os resultados são mais encorajadores”, revela a SPEA, que se manifesta preocupada com a carga de visitantes da ilha.
“Em alguns dias do Verão são contabilizadas mais de mil pessoas na ilha, o que pode trazer não só problemas de segurança devido à elevada com concentração em alguns locais, mas também dificuldades na gestão de resíduos e saneamento”, pode ler-se naquele comunicado.
Com mais um ano de duração, o Life Berlengas é liderado pela SPEA, que tem como parceiros o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Câmara de Peniche, a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Politécnico de Leiria.