Esta sexta-feira, pelas 20:45 horas, Cristiano Ronaldo e companhia sobem ao relvado do Estádio Municipal de Leiria. As bancadas vão estar cheias de adeptos que, nestes dias, não escondem o entusiasmo de ver alguns dos melhores atletas do mundo e, claro está, o orgulho de entoar A Portuguesa a plenos pulmões.
Todos esperam fintas estonteantes de Nani, jogadas selvagens do estreante Renato Sanches, grandes defesas de Rui Patrício e golos imparáveis de CR7.
No entanto, para que o espectáculo seja de primeira, houve quem tivesse cuidado de cada erva daquele tapete como se de um filho se tratasse. E dele ninguém fala.
Senhoras e senhores, apresentamo-vos Nélson Pousos. É ele o tratador do relvado do Magalhães Pessoa, onde está desde a remodelação do recinto para o Euro'2004.
Para ele não há futebolistas de primeira e de segunda, pelo que faz questão de deixar o campo nas melhores condições possíveis. É-lhe “indiferente” que seja para um jogo do distrital ou para receber os craques planetários.
Curiosamente, chegou ao ramo não de corta-relvas, mas de pára-quedas. Estava longe de imaginar que um dia iria cuidar de erva, mas como tinha gosto pelo futebol e jogado no Lisboa e Marinha e no Marinhense, encontrou logo motivação.
“Trabalhava numa empresa vidreira, mas fechou. Precisei de encontrar trabalho e como necessitavam de gente para o estádio da Marinha Grande, fui a uma entrevista e fiquei”, recorda. Já lá vão 16 anos.
Passou pela Marinha Grande, por Alcobaça, até que se fixou em Leiria. Onde quer que seja, sabe que o trabalho que faz é pouco valorizado. “As pessoas pensam que é fácil e que não se faz nada, mas não é assim. Tem de se fazer e muito, ainda para mais num campo com esta exigência”, explica Nélson Pousos, de 45 anos.
Há quem não saiba, mas o tratador da relva tem importância, inclusive, na táctica das equipas. Aconteceu na União de Leiria, sobretudo quando Paulo Duarte era o treinador.
“Geralmente, os técnicos gostam de ter a relva cortada muito curta e também molhada, para a bola rolar mais”, explica Nélson Pousos, que revelou um segredo de Jorge Jesus do tempo em que treinava o clube da cidade, há precisamente uma década.
“Quando era com os grandes, que têm jogadores mais técnicos, pedia para deixar a relva um bocadinho mais alta, mas regar bastante nas pontas, para a bola rolar rápido e não a conseguirem apanhar dentro de campo.”
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