Uma escola virtual, onde existem salas de aula completas, biblioteca, ginásio ou refeitório vai permitir a alunos e a professores entrarem, sentarem-se e aprender. Tudo à distância de um clique.
Leonardo Pimenta, estudante do 11.º ano do curso profissional de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos, desenhou um espaço virtual através de modelagem 3D, beneficiando da tecnologia da sala LED – Laboratórios de Educação Digital atribuída pelo Ministério da Educação.
“Foi criado um mapa inspirado nas plantas de emergência, com todos os detalhes, criando um retrato fiel da escola em 3D”, explica Gil Ribeiro. O director do curso acrescenta que o próximo passo será transportar todo este espaço virtual para um software da unity, criando uma espécie de jogo, onde alunos e professores entram com os seus avatares.
Dentro deste espaço é possível a realização de aulas, mas também conversar ou entrar numa festa. “Teria sido ideal na Covid-19”, assume. O funcionamento é simples. Cada turma tem uma sala, os alunos sentam-se na sua secretária e participam na aula.
“Há várias funcionalidades, como ver a reprodução de uma apresentação, partilhar powerpoints e existe uma base de dados. É mais fácil para tirar apontamentos e guardar toda a informação”, adianta Leonardo Pimenta.
Kit sala LED
Gil Ribeiro confessa que a sala LED permitiu obter um kit com material robótico, de programação e até uma impressora 3D. “Neste momento, estamos muito virados para a parte da modelagem 3D”, precisa Marisa Matias, coordenadora do LED, destacando o projecto de Leonardo Pimenta, que permitirá ainda apresentar a escola através de visitas guiadas online.
Mas este não é o único projecto que resulta da sala LED. Um robot com programação scratch (por blocos) e python (de raiz) segue a pista pintada num papel.
As câmaras incorporadas permitem detectar obstáculos, idêntico ao funcionamento dos novos aspiradores robot. Jogar pedra, papel e tesoura é outra programação desenvolvida. O LED é mais utilizado pelo curso profissional, mas está acessível a toda a comunidade escolar e em diferentes disciplinas.
Marisa Matias exemplifica que a impressora 3D pode ser usada a nível da Biologia, se quisermos programar e representar o ADN ou a reprodução de células. “Na cozinha criámos cortadores de bolachas. Mas também dá para fazer a nível da História, através de pequenos elementos gráficos”, afirma.
José Santos admite que o objectivo seria cada professor passar pela sala LED, pelo menos, uma hora por semana, para implementar práticas pedagógicas diferenciadas e inovadoras e centradas no aluno.
No entanto, isso não tem acontecido, porque cada turma tem uma sala sua para “ganhar identidade e ter um espaço próprio”. Para o director do agrupamento, a aposta nas tecnologias “é mais uma forma de dar sentido às aprendizagens, de tornar uma aula mais dinâmica, aprender a lidar com situações problemáticas do quotidiano e desenvolver o pensamento computacional”.
Se pensa que numa escola tecnológica os telemóveis têm permissão para ser usados de forma indiscriminada, desengane-se. A hora do intervalo é para ser desfrutada sem aparelhos digitais. “Os próprios alunos sentiram necessidade de não terem acesso ao telemóvel, para terem mais tempo para socializar. Já ouvi dizer: ‘a escola agora tem vida’.”
Nesta escola existe ainda uma sala chroma key, que tal como o LED está integrada na biblioteca, que deixou de ser um repositório de livros. “Damos muito valor à leitura e à escrita. Mas temos de cativar os alunos a ir à biblioteca e eles não vão a um depósito de livros. Vão a um centro de recursos”, diz José Santos.