Nos últimos três meses, no concelho de Leiria, em média, o valor do metro quadrado da habitação nova fixou-se nos 2.300 euros. Há 12 meses, o custo era de 2.000 euros. Nas Caldas da Rainha, segunda maior cidade do distrito, o preço atingiu, neste momento, 1.967 euros, mas há um ano o preço da mesma unidade de medição era de cerca de 1.500 euros, segundo uma análise realizada pelas plataformas Idealista e Properstar, nos últimos seis meses.
Leiria começa a ter mais construção nova em resposta às necessidades do mercado. De facto, como ainda não há um parque imobiliário novo com dimensão, até as casas usadas disponíveis são raras, já que, na impossibilidade de reinvestir as eventuais mais -valias decorrentes da alienação de imóveis antigos, muitos proprietários preferem manter-se a viver nas suas casas e não as libertam para o mercado.
“Adiam a decisão de mudar de casa porque não há novas. Há muitos projectos de edificação para Leiria em curso, porque, há quatro anos, este foi um dos municípios com mais obras atribuídas”, explica Diamantino Caçador. Porém, o mediador imobiliário a operar nos concelhos de Leiria e Marinha Grande, para a ERA, alerta para o facto de os preços serem agora muito superiores, já que, para optimizar recursos e investimentos, os promotores estão a investir maioritariamente em habitação de gama alta. “E assim chegamos a cerca de quatro mil euros por metro quadrado.”
No concelho da Marinha Grande, a ausência de construção nova mantém-se. Diamantino Caçador afirma que, segundo o que tem conseguido saber junto dos promotores e construtores, tal sucede por dificuldades nos licenciamentos. “E porque, como não há muitas empresas de construção no mercado, os promotores preferem apostar primeiro em locais como Leiria, onde sabem que existe ‘muito mais liquidez’.” Tradicionalmente, os imóveis são dos investimentos mais seguros que existem.
Mesmo com flutuações no mercado, a habitação tende sempre a valorizar e, como tal, não é expectável que o valor médio do metro quadrado desça. Os promotores imobiliários ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA explicam que, nos últimos 50 anos, as casas aumentaram de valor, sobretudo, as bem localizadas e podem ser arrendadas e rentabilizadas ou vendidas para realizar mais-valias.
Metro quadrado rentabiliza mais de 25%
Nas Caldas Nas Caldas da Rainha, o preço do metro quadrado da habitação sofreu um aumento de 26,67%, que é, percentualmente, superior ao vivido na capital de distrito. Também aqui tudo indica que a tendência se irá manter e que os valores não irão estabilizar tão cedo. O cenário é semelhante no Bombarral. Norberto Isidro, da agência Century 21 Westcoast, cuja área de actuação é a zona Oeste, explica que continua a assistir-se a uma procura constante por imóveis na coroa mais afastada de Lisboa. “Em Torres Vedras, a valorização dos imóveis novos é ainda superior ao que se verifica em Caldas da Rainha”, garante.
Perante os preços proibitivos de aquisição e dos valores das rendas na capital e na coroa suburbana, há cada vez mais pessoas a preferir trabalhar em Lisboa, mas a habitar em áreas mais distantes, como a zona Oeste, com boas vias de comunicação, com boa qualidade de vida e boas infra-estruturas de ensino e comércio.
Também na zona Oeste, as promessas do Governo do incentivo na construção de novas casas, com um forte apoio do PRR, não se concretizaram e, segundo Norberto Isidro, o que se tem assistido é ao aparecimento de “muitas intenções de construção”, “muitos projectos” e à aquisição quase imediata ainda em fase de planta.
“Calculo que metade da construção nova é vendida antes ou ainda durante a fase de construção. É um sinal que permite ver a grande procura que há. O que é construído é quase tudo habitação para a gama alta.” A impelir ainda mais os valores coloca-se o problema da escassez de mão-de-obra que tem estado a impedir, não apenas a concretização dos grandes projectos públicos PRR e que resultará na perda irrecuperável destes milhões, mas, igualmente a puxar para cima o preço da construção de habitação nova.