A procura por geradores aumentou no dia em que Portugal permaneceu às escuras durante horas. No dia seguinte ao apagão da semana passada, já havia quem pretendesse devolver o material adquirido.
É o que conta Graça Carvalho, da Agriloja de Pombal. “Um senhor devolveu o gerador que comprou no dia do apagão”, diz, adiantando que o estabelecimento comercial foi procurado por bastantes pessoas em busca deste artigo.
No dia 28 de Maio, às 11:33 horas Portugal ficou às escuras e o restabelecimento da rede eléctrica em todo o País, estendeu-se até à madrugada do dia 29. O apagão cujaorigem terá sido em Espanha, afectou Portugal e algumas localidades no sul de França, sendo o motivo da falha desconhecido até à data.
Jorge Migueis, gerente da Migueis Lda., de Leiria, afirma também ter conhecimento de situações de restituição de geradores. “Sei de pessoas que já tentaram devolver os equipamentos nas lojas dos meus colegas”.
O empresário conta que, no seu estabelecimento, todas as unidades de geradores foram vendidas, “tinha só meia-dúzia, mas vendi todos. Soube por colegas, com lojas no mesmo ramo, que houve uma grande corrida aos equipamentos”.
O medo e a incerteza relativamente à duração do corte de luz, terá aumentado, igualmente, as vendas também de materiais de campismo, como explica Catarina Reis, da Reisgas Lda..
Na empresa, situada em Leiria, foi notório o aumento “significativo” nas vendas de material de campismo, como candeeiros, vidros de substituição, botijas, recargas, mangueiras, “trampos” e cartuchos de gás, entre outros artigos.
Com receio de que a situação volte a afectar Portugal, há quem prefira prevenir-se contra possíveis recorrências. “Temos encomendas de materiais para um eventual novo apagão”, revela Catarina Reis.
Na região, não foi a primeira vez que, nos últimos anos, aconteceram cortes de energia de longa duração. A tempestade de Janeiro de 2013 e Leslie, em 2018, deixaram várias localidades de luzes apagadas durante períodos superiores a 48 horas.
Recordações do Leslie
À semelhança do ocorrido nestes fenómenos meteorológicos, Filipa Moreira, da Luís Moreira – Máquinas e Acessórios, afirma que o recente apagão teve um efeito semelhante na mentalidade da população, daí o aumento na procura por geradores. “Nas tempestades, além dos geradores, as pessoas também procuravam moto-serras para cortar as árvores caídas”, recorda.
Apesar das diferenças, a Reisgas Lda. registou um número de vendas muito superior no apagão de 28 de Maio, do que nos temporais dos anos anteriores. “Foi muito pior, vendemos tudo o que tínhamos”, revela Catarina Reis.
Vários municípios da região activaram o plano de emergência e foram detectados também condicionamentos no abastecimento da água relacionados com a falta de electricidade. A falha na comunicação e incerteza quanto ao motivo da falha e ao momento em que a normalidade seria reposta, despertaram receios na população em várias localidades do distrito, registando-se também alvoroço em áreas do comércio alimentar.