O Grupo Futura, com sede na Marinha Grande, está na vanguarda da inovação sustentável em Portugal com o projecto Sustainable Plastics— uma Agenda Mobilizadora que junta cinco entidades dos sectores científico, tecnológico e industrial com um objectivo comum: transformar o modo como os plásticos são produzidos, privilegiando modelos circulares e renováveis.
Iniciada em 2023, a iniciativa tem conclusão prevista para o final de2025 e procura desenvolver novas soluções à base de matérias-primas 100% livres de origem fóssil, utilizando compostos reciclados ou bio-materiais como o PLA e o Bio–PBS, ambos compostáveis.
A directora de inovação do Grupo Futura, Cristela Brito, explica que o alvo são novas formulações que incorporem não só plásticos reciclados, mas também componentes de origem orgânica, como o amido de milho.
“A nossa meta é lançar novas linhas de produtos com, pelo menos, 30% de materiais derivados da bio-refinaria do milho e 70% de plásticos reciclados ou polímeros de base biológica e biodegradável”, afirma.
O Grupo Futura será responsável por industrializar estas soluções, promovendo uma mudança de paradigma no sector.
A liderar esta iniciativa empresarial,o Grupo Futura conta com o apoio científico do CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes, sediado em Famalicão.
O consórcio integra ainda a COPAM, a YES ShopOnline e a Sirplaste, que assegura a produção dos compostos em escala industrial e contribui com o seu laboratório de investigação.
O CeNTI desenvolveu várias formulações experimentais que o Grupo Futura já testou em ambiente industrial, produzindo artigos como copos e embalagens, exclusivamente para efeitos de validação.
“Os produtos finais serão diferentes dos protótipos, e mais alinhados com o mercado e com os desafios da sustentabilidade”, adianta a directora de inovação.
Contudo, o projecto também enfrenta barreiras, sobretudo a nível regulatório. Um dos principais entraves é o uso limitado do polipropileno reciclado (PP)em contacto com alimentos, algo que, neste momento, apenas o PET reciclado está legalmente autorizado a fazer.
“Ainda não existe legislação que permita a utilização alimentar do PP reciclado, mas é uma questão de tempo”, afirma Cristela Brito.
Enquanto isso, este material é aplicado em artigos como caixotes do lixo, peças de decoração ou tabuleiros.
Na vertente alimentar, o Grupo Futura está a apostar fortemente no PLA e no Bio-PBS.
“O céu é o limite no que toca a aplicações”, reforça a directora de inovação, sublinhando, contudo, que o custo elevado destas matérias-primas exige uma análise cuidada da sua viabilidade económica.
Apesar dos desafios, o impacto ambiental é inegável: promove a redução da dependência de recursos fósseis, aposta em produtos biodegradáveis e de baixo custo, e contribui significativamente para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
Com uma visão clara e estratégica, o Grupo Futura quer ser protagonista na construção de um futuro mais sustentável para a indústria nacional dos plásticos.