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Não foi necessário um milagre para que o CD Fátima vencesse, em casa, o Arronches e Benfica pela margem mínima.
A população não faltou com o apoio nas bancadas, onde se viram dezenas de pessoas em pé, naquele que foi considerado o jogo decisivo para esta equipa que, na época passada, militava nos campeonatos distritais.
Esta temporada, na série C do Campeonato de Portugal, estão a fazer um brilharete e, no último domingo, o jogo foi decisivo. O CD Fátima estava em 3.º lugar, a dois pontos do Arronches e Benfica, e precisavam de uma vitória para subir à segunda posição, classificação que dá acesso à fase de apuramento de campeão e de subida de divisão.
Apesar de ter sido a penúltima jornada, o duelo com este adversário directo foi determinante para as contas do Fátima. Separados agora por um ponto, com os fatimenses na frente, a equipa liderada por Gonçalo Carvalho depende de si própria para segurar o segundo lugar e, no próximo domingo, enfrenta o sexto classificado, o Mortágua, enquanto o Arronches e Benfica termina a fase regular a enfrentar o Elvas, a quem já ninguém tira o 1.º lugar.
“Comecei por dizer que este jogo era o nosso jogo da época. Se corresse bem, íamos transitar o jogo da época para o jogo seguinte e foi isso que aconteceu”, adiantou Gonçalo Carvalho, ciente de que o grupo ainda tem mais 90 minutos pela frente.
Ambas as equipas tinham de ganhar para poderem continuar a sonhar e, mesmo apesar da pressão que o jogo acarretava, viu-se uma partida onde o respeito entre atletas imperou, disputada até ao fim, onde só o CD Fátima conseguiu converter em golo os remates enquadrados.
Os recém-chegados ao Campeonato de Portugal confessaram que não esperavam estar a terminar a fase regular no pódio.
“Pusemos objectivos claros à equipa. O primeiro seria alcançar a manutenção, o segundo seria estar mais tranquilos, ou seja, não estar até à última para garantirmos a manutenção. Um terceiro objectivo seria valorizar o clube e os jogadores, com muita malta nova, muita gente de Fátima, com a nossa formação a trabalhar aqui muito. Tínhamos tudo a ganhar em valorizar estes nossos miúdos, que fazem um treino por semana porque estudam em Coimbra ou em Aveiro, onde for, alguns trabalham e vêm à noite treinar. Estes objectivos foram amplamente alcançados”, explicou o técnico.
No próximo domingo, o Fátima desloca-se até Mortágua para disputar a jornada 26, última da fase regular e, na preparação desta partida, a equipa trabalha “de forma tranquila”.
“Vamos tentar aprender com este nervosismo de hoje [passado domingo] para, no domingo, não estarmos tão nervosos. Vamos procurar vencer. Depois, ou vencemos e vamos ficar felizes, ou não vencemos e ficamos felizes na mesma. O clube fez uma publicação na semana passada com a qual me identifico: não há resultado nenhum que estrague a nossa festa. Quando digo festa, não andamos aí aos saltos, mas o sentimento de dever cumprido e qualidade de trabalho está cá e não há nada que possa beliscar isso”, realçou Gonçalo Carvalho.
No rescaldo do último encontro, e já com o som, ao fundo, do Fátima dentro do balneário a celebrar a vitória, Diogo Oliveira transmitiu as emoções sentidas pelo conjunto. “É sempre bom estar nestes lugares de cima porque sentimos o nosso trabalho recompensado. Não é fácil, em dias de chuva, vir treinar. Na nossa equipa, muita gente trabalha e estuda e, vir ao fim de um dia de trabalho ou de estudo, treinar quatro vezes por semana, vir ao domingo, com viagens longas, para não estar nestes lugares de cima, não fazia sentido.”
O jogador refere que a equipa está a passar um momento feliz e vai continuar a fazer o seu trabalho para chegar o mais longe possível. “É sempre melhor estar na luta até ao fim do que agora estar no meio da tabela sem lutar por nada.”
Grupo “merece” subir
Face aos bons resultados, é impossível não falar da hipótese da subida. “Podemos ter esse sonho, este grupo merece, são uns miúdos incansáveis”, admite Nuno Laranjeiro, director desportivo do clube, com uma larga carreira no futebol profissional.
No entanto, o responsável afirma que o grupo não vai “cair em ilusões” e não há pressão para a subida. “Se calhar, isso favoreceu-nos”, admite. Ainda assim, colocando esta hipótese em cima da mesa, Laranjeiro considera: “Não estou a ver o Fátima a subir desportivamente e a abdicar disso”.
O orgulho no grupo que representa é notório. “Quem andou a ver o Fátima desde o início, acho que não há dúvidas que somos uma grande equipa, muito unida, jovem e com muita qualidade. Sabíamos que ia ser um jogo difícil, contra um adversário directo, que ainda o está a ser porque falta um jogo. Estivemos bem, o grupo está de parabéns e falta mais uma final, porque este grupo merece, mais que ninguém, ir à outra fase pelo que fez este ano”, refere o antigo jogador.
