O quadro dos árbitros da Associação de Futebol de Leiria (AFL) pinta-se, actualmente, com cores diferentes das de há dez anos. Em 2015, estavam inscritas 750 equipas e 150 árbitros e, este ano, as equipas são cerca de 900, para um universo de 205 árbitros.
Carlos Amado, presidente do Conselho de Arbitragem da AFL, que há uma década manifestava a sua preocupação relativamente aos jogos de futsal e dos escalões de formação, onde a falta de juízes era mais gritante, hoje afirma que tem sido possível “cobrir todos os jogos com arbitragem”, com excepção do futebol de 7.
O dirigente refere que a AFL não tem tido problemas em recrutar árbitros, contudo, a maior dificuldade é mesmo mantê-los nos quadros e, por isso, dar o devido acompanhamento aos novos profissionais.
Se, no pós-pandemia, a AFL está a registar um crescimento recorde no número de jogadores – já chegou aos 13 mil inscritos -, a arbitragem seguiu uma tendência contrária e não acompanhou este crescimento. “Demoramos três a quatro anos a ter um árbitro formado e são eles que fazem o acolhimento dos mais jovens. Aqueles cerca de 50 jovens que perdemos [na pandemia] seriam os que, agora, nos estariam a dar suporte aos novos”, explica Carlos Amado.
Parece contraditório, mas mesmo perante esta perda, o distrito não sofre com a falta de árbitros, graças a uma gestão cuidada destes activos que, ao fim-de-semana, chegam a fazer quatro jogos.
Segundo Carlos Amado, para garantir o devido descanso, o ideal seria cada árbitro fazer dois jogos por fim-de-semana. No entanto, toda a estrutura está ciente de que esta área é também uma fonte de rendimento para a maioria dos juízes e alguns até preferem ter uma agenda sobrecarregada.
A dificuldade encontra-se na formação contínua dos jovens árbitros. Não basta frequentar as aulas, mas, nos primeiros tempos, cada aprendiz também necessita de acompanhamento em campo e, muitas vezes, os jovens não têm como se deslocar para os jogos. “Se tivéssemos mais dez ou 15 árbitros já preparados, tínhamos o problema mais ou menos resolvido”, considera o responsável pela arbitragem distrital.
Nos últimos anos, além do crescimento no número de mulheres a frequentar o curso, também se regista o aumento de emigrantes a ingressar na área.
Outro dos factores que leva muitos árbitros a desistir da carreira prende-se com as expectativas que, por vezes, saem frustradas, quando chegam aos quadros nacionais. Alcançam as competições nacionais, contudo, acabam por descer de categoria e ficam desanimados.
Por isso, Carlos Amado refere que tem integrado grupos de trabalho que, em conjunto com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), estão a definir medidas para dar “mais estabilidade” aos árbitros, à medida que sobem de patamar. Os quadros estão a ser reformulados e as novas propostas deverão ser implementadas na próxima época, com o propósito de diminuir a taxa de abandono.
De um único árbitro internacional em 2015, Olegário Benquerença, a AFL já conta com sete a exibir as insígnias da FIFA, entre futebol, futebol de praia e futsal. Os árbitros nacionais também aumentaram de 26 para 44. “Ainda não temos o número ideal de árbitros, mas não tem nada a ver com a realidade de há dez anos”, reflete ainda.
Andebol foca-se na fidelização
A Associação de Andebol de Leiria também encontra dificuldades na permanência dos árbitros que forma. Na época passada, foram promovidos três cursos de árbitros que permitiram colmatar as necessidades e, este ano, o foco é na continuação destes novos juízes. Segundo Patrícia Dinis, presidente da instituição, ainda é “uma grande luta fazer as nomeações para todos os jogos”, e a associação procura garantir árbitros até no escalão de sub-14, onde a presença destes elementos não é obrigatória.
Estão, actualmente, 30 árbitros no activo, quando em 2015 eram somente oito.
O calendário, actualmente, também é mais exigente e, em coordenação com outras associações distritais, tem sido possível garantir os mediadores em jogo.
Patrícia Dinis refere que, esta época, ainda não se realizou nenhum curso de árbitros, precisamente para a associação estar focada no acompanhamento aos mais recentes formandos, para que “a formação dê frutos mais tarde”.
Dos 30 árbitros de andebol do distrito, sete deles são internacionais, com três a arbitrar na modalidade em cadeira de rodas.