Não é por mero acaso que o rancho folclórico de A-do-Barbas, na Freguesia da Maceira, concelho de Leiria, tem por nome “As Pinhoeiras”, repara Diana Henriques, que exerce actividade no ramo da torrefacção e comercialização de frutos secos.
Diana faz parte da segunda geração na empresa familiar Secos da Aldeia, fundada pelos seus pais em 1976. A comerciante explica que é antiga a tradição da torrefacção e venda de frutos secos nesta localidade. Inicialmente, as mulheres transformavam e vendiam sobretudo pinhões, algumas pevides e coziam tremoços. “Na minha família, já a avó da minha avó costumava vender. Era hábito fazê-lo na rua, junto à praia e em feiras anuais”, conta Diana.
Os seus pais constituíram a empresa e, aos poucos, foram [LER_MAIS]diversificando os artigos: pistácios, cajus, mais tarde sementes de chia, linhaça, bagas de goji e, agora, também gomas e outros doces. Ainda existe pinhão nacional, mas quase todos os outros frutos são importados, do Brasil, Argentina, Tunísia, Ucrânia ou China, exemplifica.
Já as exportações da Secos da Aldeia são residuais. É no mercado nacional que a empresa se afirma. Emprega actualmente 19 colaboradores e conta com um volume de negócios na ordem dos 2 milhões de euros.
Quanto ao futuro, será no sentido de “diversificar cada vez mais a gama de produtos”, conta a comerciante.
Na mesma freguesia, outra empresa do ramo foi constituída por familiares de Diana. “É uma concorrência saudável.”
Trata-se da empresa de Manuel Fernandes que, com a esposa, Maria Luísa Fernandes, gerem, desde 1981, o negócio de transformação e comercialização de frutos secos. Sob a marca Intensos Sabores (criada em 2013), vendem desde artigos torrados, quer sejam pevides, amendoins, pistácios, pinhão, passando pelos fritos, tais como amendoins, cajus, fava, grão, alguns caramelizados e de fabrico artesanal, até aqueles que não sofrem qualquer tipo de transformação, os figos secos, as tâmaras, alperces, nozes, amêndoas e os tremoços.
Também esta empresa emprega 19 pessoas, tendo alcançado, no ano passado, um volume de negócios de aproximadamente 3,7 milhões de euros. Quase todos os seus artigos são importados: do Brasil, Austrália, Chile, China, Egipto, entre outros países.
Já a venda pode ser feita a granel, embalada pelos clientes, para revenda em grandes superfícies, ou sob sua própria marca, Intensos Sabores.
É grande a concorrência, de outras empresas nacionais e também de Espanha. Mas, com grande trabalho de prospecção de mercado e investimento em inovação e tecnologia, a empresa da Maceira tem vindo a crescer, refere Manuel Fernandes.
O empresário também salienta que esta tradição de preparação e comércio de frutos secos é antiga neste lugar. “Vinham muitos pinhões de Coruche, que eram transportados de comboio até à Martingança. As mulheres iam buscá-los à estação para os trabalhar”, lembra Manuel.
Consumidor final é muito heterogéneo
De A-do-Barbas são também as empresas Frutos Secos da Lisa e BMS Coelho. A Frutos Secos da Lisa dedica-se ao comércio de frutos secos, que são “produtos transformados tradicionalmente em fornos a lenha”. Quanto à BMS Coelho, explica o proprietário, dedica-se exclusivamente à venda destes artigos. Bruno Coelho decidiu avançar com a comercialização de frutos secos, a partir do momento em que a sua avó deixou de ter condições para o fazer. “Ela torrava amendoins, pevides e cozia tremoços, que depois vendia”, recorda.
Para dar continuidade ao negócio da sua avó, Bruno criou a empresa BMS Coelho, em 2006, e desde então tem vendido nos mercados. Presentemente, vende com regularidade no Mercado Municipal da Marinha Grande.
Explica que estes são artigos com saída, com consumidores de todas as idades. A diferença, realça o comerciante, é que cada vez mais pessoas preferem frutos torrados sem sal e sem açúcar. “Há maior preocupação com a saúde”, verifica o vendedor.