As crianças do 4.º ano do Jardim-Escola João de Deus, em Leiria, foram as primeiras a experimentar algumas das 30 actividades propostas pelo Manual de Introdução aos Desportos de Disco nas Escolas, escrito por José Amoroso, que se dedica há vários anos à promoção desta modalidade.
Previamente, o professor Sérgio Proença já tinha preparado os alunos e ensinado algumas das noções básicas deste desporto, para que o disco deixasse de ser um objecto estranho.
Com o apoio de Nuno Silva, responsável pelo desenvolvimento escolar na Associação Portuguesa de Ultimate e Desportos de Disco (APUDD), as crianças começaram por treinar o equilíbrio e a forma correcta de segurar o engenho. Entre lançar o disco para o ar e andar com ele equilibrado na cabeça, sem deixar cair, o entusiasmo foi imediato e as crianças mostraram-se à-vontade com aquele objecto, que ainda é raro dentro das escolas.
“O disco é um objecto que ainda não é muito conhecido. O manual pretende levar as crianças a contactar com o disco”, resume o autor deste guia, também ele presidente da Comissão de Desporto Universitário e Escolar da WFDF/Comissão da Juventude e do Desporto.
Seguiu-se a tentativa de levar o disco a passar dentro de um hula hoop, de um lado, e a derrubar um pino, do outro. Aqui, as crianças já tiveram de utilizar a técnica associada ao lançamento do disco. Não é só o braço que atira o disco, já que todo o movimento do corpo ajuda a direccionar melhor este engenho. Depois, enfrentaram o desafio de concretizar cinco passes seguidos, sem que o disco caísse no chão. Esta ‘competição’ serviu também para treinar a recepção do disco, que toma o nome de ‘jacaré’ ou ‘panqueca’.
Os benefícios do ultimate frisbee e dos desportos de disco vão além das melhorias motoras e físicas das crianças. Num momento de jogo, são obrigadas a resolver conflitos, uma vez que este desporto não tem árbitros.
“As crianças e jovens têm uma capacidade de adaptação muito grande. A forma como eles se integram e se entregam às actividades é sempre muito positiva. O ultimate tem a mais-valia de conseguirmos resolver os conflitos que vão surgindo”, destaca Nuno Silva.
As competências sócio-cognitivas também entram neste jogo, reforça o responsável, que defende a inclusão desta modalidade no currículo escolar dos jardins de infância e escolas de primeiro ciclo. “Tem sido uma luta. Os programas de educação física estão a ser revistos e esperamos que, quer esta, quer outras modalidades, possam integrar o currículo.”
O manual dá um primeiro passo para incluir também professores e educadores neste desporto. Na actividade, o professor Sérgio Proença reconheceu que “não tem sido fácil” explicar às crianças as regras de um desporto, até então, desconhecido, mas os seus benefícios a nível motor, social e do fair-play são “essenciais” para o desenvolvimento dos alunos.
O Manual de Introdução aos Desportos de Disco nas Escolas foi lançado em 2025, na versão inglesa, pela WFDF (Federação Mundial de Desportos de Disco) e, recentemente, foi traduzido para português.