Leiria é o segundo município da região Centro com maior volume de despesa na área do ambiente, com a gestão de resíduos e de águas residuais a representarem as fatias maiores. Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, em 2023, a autarquia leiriense aplicou quase 11,3 milhões de euros (ME) em despesas relacionadas com ambiente, sendo apenas superada por Viseu (16,4 ME) entre 100 municípios (77 da região Centro, 12 da sub-região do Oeste e 11 do Médio Tejo).
Olhando para os dados em função do número de habitantes, tanto Leiria como Viseu caem no ranking, liderado na região Centro por Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, com 272 euros/por residente, contra os 85 euros/habitante em Leiria. Neste indicador, Pedrógão Grande surge como o concelho do distrito mais bem posicionado neste território.
A análise aos dados permite também concluir que, nos últimos dez anos, as despesas com ambiente dos 17 municípios da região (distrito de Leiria e concelho de Ourém) subiram quase 16%, passando de um total de 33,2 ME, em 2013, para cerca de 38,6 ME, em 2023. O aumento mais expressivo aconteceu no Município de Leiria, onde, em dez anos, este tipo de gastos cresceu de 85% (de 6ME para 11,3 ME).
Segundo Luís Lopes, vereador do Ambiente neste concelho, o incremento das despesas com ambiente justifica-se, em parte, com o investimento na área dos resíduos, com a implementação de projectos e de circuitos dedicados à recolha selectiva, nomeadamente dos biorresíduos, à compostagem comunitária e à valorização de têxteis.
O aumento deve-se também à subida dos custos com a recolha de resíduos, que “vai continuar a disparar”, adverte Luís Lopes, lembrando que se mantém o diferendo entre os municípios e a Valorlis, com a perspectiva de, em 2027, “o valor ser o dobro do actual”. “O investimento é, de facto, muito elevado, para garantirmos um serviço de qualidade e para resolvermos alguns problemas do passado”, acrescenta.
Os dados do INE indicam que, depois de Leiria, Alcobaça é o segundo município do distrito e da região Oeste que, em 2023, mais investiu na área do ambiente, com uma despesa superior a seis milhões de euros. “Representa 23% de todo investimento feito pelos 12 municípios da Comunidade Intermunicipal do Oeste (26, 4 ME)”, assinala a Câmara de Alcobaça numa nota de imprensa.
Citado nesse comunicado, Hermínio Rodrigues, presidente do município de Alcobaça, frisa que “são valores significativos e demonstram de, uma forma muito clara, a preocupação [da Câmara] com a sustentabilidade ambiental e a preservação do património natural do concelho”.
“Este é um trabalho de continuidade e de persistência que iremos manter. A comprová-lo está o concurso recentemente aberto para serviços de recolha de resíduos e biorresíduos e limpeza das praias do concelho, na ordem dos 26 milhões de euros”, acrescenta o autarca.