“Cresci em ensaios”, diz a actriz, encenadora e dramaturga Ana Lázaro. “A minha relação com o teatro começou com o meu pai”. Ela, criança, ele, “um jovem activista”. Mais tarde, acolheu-a no Te-Ato. Foi encenador e primeiro tutor nas artes de palco. Amanhecer em Berlim – com estreia esta sexta-feira, 7 de Março – é, por isso, “um gesto de afecto” e “de homenagem”.
João Lázaro, o pai, não esconde o orgulho: “Neste momento, a Ana é a dramaturga portuguesa viva mais solicitada”. Daí, a responsabilidade. “Se calhar, o maior desafio com que, como actor, tive de me comprometer”, diz ao JORNAL DE LEIRIA. “O texto é imenso e é muito difícil”. A filha concede: “É denso, é palavroso, mas ele de certeza que o vai fazer muito bem”.
A pedido dele, Ana Lázaro escreveu Amanhecer em Berlim para o pai, já lá vão uns anos. “Achei que podia ser interessante brincar com algumas memórias”, explica. “É uma história inventada”, em que se evidencia a Europa dos anos 80 e 90, marcada pela utopia e por visões do mundo a preto e branco. E também lá está a relação de um homem com a filha.
“Aquele personagem, na verdade, sou eu”, comenta João Lázaro. “Como a minha filha me vê”.
A oportunidade de levar o monólogo a palco, com encenação e interpretação de João Lázaro, chega agora, na 12.ª edição do festival Sinopse, que o Te-Ato organiza. A sessão tem início às 21:30 horas na Black Box de Leiria.
“Não é uma peça de teatro”, é “um exercício de experimentação teatral”, adianta João Lázaro. Em alguns momentos, o método insinua que “as personagens não pertencem aos actores”. Tal como “os filhos não pertencem aos pais”. São “tomados por empréstimo”.
Teatro; Texto de Ana Lázaro, encenação e interpretação de João Lázaro; Sexta, 7; 21h30; Black Box, Leiria
Performance e exposição; João Soares; 12.º Festival Sinopse; Sábado, 8; 18h; Livraria Arquivo, Leiria
Concerto; Domingo, 9; 15h30; Mosteiro da Batalha