Estabelecer as regras e rotinas da manhã e da noite, gerir as emoções e lidar com as explosões de raiva e frustração das crianças mais novas ou controlar o número de horas que os pré-adolescentes e adolescentes passam em contacto com o telemóvel e redes sociais são alguns dos pedidos mais frequentes dos pais que participam nos Grupos de Apoio à Parentalidade (GAP) de Pombal.
Esta iniciativa é uma das respostas desenvolvidas pelo Gabinete de Apoio à Família e à Parentalidade (GAFP) criado pelo município, em Março de 2024.
Nos GAP, os pais e mães de crianças e jovens dos três aos 18 anos, treinam e aperfeiçoam competências parentais.
“Temos um grupo no programa Mais Família, Mais Criança, para os pais de crianças dos três aos nove, e outro para os pais de jovens, dos dez aos 18. São semelhantes, mas com estratégias ajustadas às idades”, explica a psicóloga clínica e da saúde na Unidade de Projectos Educativos e Gestão Escolar, Mariana Meiavia, que é também a coordenadora do GAFP.
O trabalho desenvolvido nas sessões coordenadas pelos técnicos do município segue uma metodologia cooperativa, com grupos limitados a 12 pais e mães, que se reunem e partilham experiências durante 11 semanas.
Ao todo, desde o início da iniciativa passaram pelos grupos de apoio à parentalidade 70 famílias.
“A temática é sequencial, todas as sessões estão interligadas e os pais levam desafios para fazer de uma semana para a outra e depois partilham as suas experiências”, conta Mariana Meiavia.
A dificuldade de os pais serem assertivos nas regras levam a que, bastas vezes, cedam à vontade dos filhos, promovendo nestes maus hábitos e contestação, fragilizando a relação entre ambas as partes.
“O acesso ao telefone e às redes sociais acontece cada vez mais cedo. Ainda hoje, uma mãe se queixava que, embora consiga gerir o acesso ao telefone, a filha, de 11 anos, quer ter Instagram. A mãe acredita que ainda é muito cedo, mas todas as amigas dela têm Instagram. Gerir as influências dos pares e da sociedade torna muito difícil aos pais dizer não”, explica a psicóloga, salientando que até as diferenças de perfil entre o pai e a mãe levam a confusões nos jovens e no seio familiar.
“O pai pode permitir certos comportamentos, enquanto a mãe impõe regras. É óbvio que os filhos se vão dirigir mais ao pai e isto tem o potencial de gerar conflitos entre o próprio casal.”
Os GAP também auxiliam no estabelecimento de uma comunicação mais assertiva e positiva.
“Por vezes, não temos noção de que, se falamos de forma mais agressiva a um filho, ele responderá de forma agressiva. Se calhar, quando pedimos algo, estamos na cozinha e ele está na sala. Repetimos 30 vezes e, mesmo assim, ele não faz o que pedimos.”
Muitas vezes, aconselha, basta aproximar-nos e olhar nos olhos, quando se pede algo.
“Não é preciso gritar, porque a comunicação não será eficaz. E o reforço também é muito importante, pois o elogio serve de GPS. O elogio diz-nos o caminho. Neste desafio da parentalidade, os pais esquecem-se muito do elogio e do reforço pela positiva, pois estão, tal como a sociedade, centrados na crítica”, faz notar.