Rede Mulher Líder e é uma associação empresarial constituída por executivas de empresas de elevado desempenho. Quando continua a ser raro encontrar mulheres nas lideranças das empresas, o JORNAL DE LEIRIA foi ouvir algumas daquelas que, em conjunto, partilham conhecimentos, problemas e soluções para os seus negócios.
Claúdia Novo, administradora e directora financeira do Grupo Erofio, da Batalha, integra a actual direcção da Rede Mulher Líder (RML). Explica que a Rede começou por ser um projecto do IAPMEI, lançado em 2017, formada para juntar mulheres no board de empresas de elevado desempenho, com preferência por empresas industriais. A administradora veio a tornar-se membro, desde 2018, e foi sócia-fundadora da associação, quando esta se constituiu em Julho passado, fazendo parte da actual direcção, eleita em Setembro, no Edifício Nerlei, em Leiria.
“A RML é uma rede de conhecimento e de procura/partilha de inovação, também de procura[LER_MAIS] em comum de respostas para desafios e problemas partilhados, bem como oferta de capacitação e formação de alto nível. As actividades em que participei ao longo destes anos foram desse tipo. Ainda no ano passado, recebemos na Erofio três dezenas de mulheres para mostrar fabricação aditiva, que é como se sabe o futuro (já presente) da indústria. Visitei também uma série de empresas, debati temas de interesse estratégico para o meu negócio e usufruí de capacitação e formação de alto nível a preços competitivos, entre outros”, salienta Cláudia Novo.
Do seu ponto de vista, são várias as oportunidades geradas por esta estrutura: “a primeira vantagem é o acesso a um leque muito variado de administradoras e directoras gerais de diferentes sectores industriais que habitualmente não se cruzam, mas que partilham muitas situações idênticas e, por vezes, com respostas diferenciadas”.
Além disso, “a visita a chão de fábrica em fábricas de diferentes dimensões, sectores, com diferentes tipos de organização, etc, faz a diferença para ajudar a pensar fora da caixa. Também a possibilidade de procurar um novo fornecedor, ou novos colaboradores, ou aferir comportamentos de mercado, como por exemplo, aumentos salariais ou regalias… são tudo situações em que pertencer a uma rede deste tipo ajuda”, entende a directora financeira. Continua a não ser comum encontrar mulheres na liderança das empresas. Para Cláudia Novo, trata-se de algo “cultural e talvez também um pouco geracional. Tradicionalmente, educa-se os filhos para serem os herdeiros, mas não as filhas. Actualmente vai sendo menos assim, mas ainda é comum. É estranho, porque as famílias têm os dois géneros e as mulheres até são, muitas vezes, as mais qualificadas”, repara.
“As mulheres fazem menos networking do que os homens, por isso pode dizer-se que a RML responde a esse desafio cultural. Mas falamos muito poucas vezes de género na rede. Falamos de negócios, ou não fosse esta uma rede empresarial”, acrescenta.
Co-fundadora e CEO da LSI Stone, de Porto de Mós, Regina Vitório é também membro da RML, através da qual participa em “actividades que promovem a liderança feminina e o empreendedorismo”. A empresária exemplifica com a sua presença em podcasts e entrevistas, onde tem “contribuído para a partilha de experiências, insights e conhecimentos, incentivando outras mulheres a assumirem posições de liderança no mundo empresarial”.
Quanto ao papel desta Rede, “oferece diversas vantagens e oportunidades para mulheres no mundo dos negócios, ajudando -as a superar desafios, expandir horizontes e alcançar posições de destaque; ampliação da rede de contactos, partilha de experiências, conhecimento e boas práticas, apoio ao desenvolvimento de novas competências, visibilidade, equilíbrio trabalho vida, entre outras”, expõe a CEO.
Para ultrapassar a escassez de mulheres em cargos de topo nas empresas, resultado de factores “históricos, culturais, sociais e até institucionais”, é “essencial promover políticas de igualdade dentro das empresas, como programas de mentoria, metas para representação feminina em cargos de liderança e maior flexibilidade no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal”, defende Regina Vitório.
“Além disso, a mudança cultural, com homens e mulheres partilhando responsabilidades familiares de forma mais equitativa, é crucial para garantir que as mulheres possam atingir todo o seu potencial no mercado de trabalho”, acrescenta. “Redes como esta são fundamentais, porque promovem o apoio mútuo, o acesso a oportunidades e o desenvolvimento de competências que ajudam as mulheres a superar os obstáculos estruturais e culturais que frequentemente limitam a sua ascensão em posições de liderança.”
A RML é um espaço de confiança, reflexão, partilha de conhecimento e valorização de negócios, em contexto de grupo e contactos bilaterais. Os seus membros são executivas de empresas de elevado desempenho, muitas das quais PME Líder ou PME Excelência, em sectores de bens transaccionáveis”, explica o site da RML. Trata-se de uma Rede de acesso por convite e tem como vocação a ligação a redes internacionais de facilitação de negócios. A Rede integra 57% de empresas industriais; 58% são exportadoras e exportam, em média, cerca de 51% do total do seu volume de negócios; e 66% são empresas maduras, isto é, com mais de 20 anos.