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A estreia de Flávio Seixas no Campeonato Nacional de Culturismo e Fitness não podia ter sido melhor. Desde Dezembro que está 100% focado no concurso, com um plano regrado na alimentação e exercício físico, e o esforço compensou. Na categoria de men’s physique, o atleta da Marinha Grande alcançou um 3.º lugar e a experiência, mesmo antes de pisar o palco, já estava a ser inesquecível.
Momentos antes de exibir o seu corpo musculado em frente a um júri, o culturista confessou estar ansioso, mas entusiasmado para colocar à prova os últimos meses de treino, onde todas as opções alimentares e planos de treino foram planeados ao detalhe.
Há vários anos que Flávio Seixas dedicava horas da sua semana ao ginásio para se “sentir bem” na pele que veste. Criou-se a vontade de experimentar o culturismo e, após meses de muito esforço, sabe que “há-de ser para continuar”.
Nesta primeira prova, o marinhense não teve de ir longe para competir, uma vez que o Campeonato Nacional de Culturismo e Fitness realizou-se no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, no último dia 26 de Abril. Durante a tarde, os talentos internacionais também subiram ao palco para o Campeonato Internacional Europa Sul.
Flávio Seixas competiu na categoria men’s physique, destinada a homens que estão em forma e seguem uma alimentação saudável e equilibrada, mas que preferem desenvolver um físico menos volumoso, mantendo-se atléticos e esteticamente agradáveis.
O atleta destaca a aprendizagem que retirou deste processo. “Aprendi a conhecer-me a mim mesmo. Às vezes pensamos que conhecemos o nosso físico, mas não. O nosso corpo reage de maneiras totalmente diferentes.”
Enquanto exercitava os músculos com bandas elásticas, o treinador Fábio Barros falava também do seu percurso, que iniciou em 2015, impulsionado pelo pai, que já praticava. Destaca a “disciplina e a rotina” como elementos-chave para pertencer a este mundo. “Penso assim: ‘se consigo controlar tudo o que como, consigo controlar qualquer coisa na minha vida’”.
Há duas fases cruciais durante a preparação: a off-season, onde a prioridade é ganhar massa muscular e aumentar o consumo calórico, para depois iniciar a fase do cut, que “limpa o físico para ver o que sobrou da off-season”, ou seja, ajuda a secar o corpo, com um défice calórico calculado.
A balança de cozinha torna-se a melhor amiga destes atletas. “A parte do treino é a mais fácil. O sono regrado, a alimentação onde tudo tem de ser pesado, a água e o sódio têm de ser controlados… Nada passa em vão”, reforça o agora treinador, de Leiria, a quem um problema de saúde, entretanto ultrapassado, levou a colocar a carreira em pausa, entretanto ultrapassado.
Fome e cardio
Isabel Santos também conhece o sabor dos pódios. Hoje afastada da competição, chegou a participar em provas na categoria bikini fitness, após anos de indecisão e de curiosidade para experimentar. Formada em desporto, sempre esteve ligada ao fitness e, quando decidiu participar, seguiram-se sete longos meses de esforço e persistência.
Na sua categoria, as concorrentes têm de manter o aspecto feminino, com a musculatura pouco volumosa, contudo, os sacrifícios existiram. “Durante um dia, em fase de competição, comia cinco morangos, três ou quatro bolachas de arroz ou milho, cinco litros de água e podia beber café”, exemplifica.
Os planos alimentares e de treino foram muitos para chegar ao dia da competição e ter tudo no sítio. “Foi a experiência da minha vida”, repete a personal trainer, das Cortes, que, naquele ano, arrecadou o 1.º lugar em masters e o 3.º na categoria por alturas, até 1,63 metros.
O bichinho do culturismo ainda existe e Isabel Santos, que fala de forma apaixonada sobre a modalidade, não recusa repetir a experiência. Durante a preparação, deixou de ter vida social, fazia cardio às 5 da manhã e, a determinadas alturas, deitava-se com fome, sacrifícios que valeram a pena. “Tudo superou as minhas expectativas, foi a experiência da minha vida.”
Anabolizantes são realidade
O culturismo mergulha no mundo dos suplementos, vitaminas e anabolizantes, elementos que ajudam a chegar aos objectivos, mas que, no caso dos últimos, prejudicam a saúde. Isabel Santos participou numa categoria onde o corpo natural é valorizado e apenas reforçou a alimentação com proteína e vitaminas. Contudo, viu – “infelizmente” – o incremento do uso de esteróides anabolizantes para ganhar massa muscular. “Há consequências e as pessoas têm de saber disso”, alerta.
Esta atleta lembra que a mentalidade é o mais importante para aguentar todo o processo e fala também nos gastos financeiros. Em sete meses, investiu cerca de três mil euros, com inscrições, hotel, viagens, suplementação e honorários ao treinador. “É preciso gostar, meter na cabeça e ir. Se não experimentarmos, também não vamos saber o nosso limite e o limite é o céu.”
